Estoques de soja em Santos já são insuficientes para exportações, diz Abiove
Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - Grandes empresas exportadoras de soja que operam na margem direita do porto de Santos não têm mais estoques suficientes para manter o ritmo habitual de embarques, após a restrição de acesso para caminhões devido a um incêndio na entrada do porto, disse nesta terça-feira a Abiove, entidade que reúne as grandes indústrias e tradings do setor.
"Os estoques do porto não seguram mais os embarques na margem direita", disse à Reuters o gerente de economia da Abiove, Daniel Furlan Amaral.
A soja foi, em março, o principal produto de exportação do Brasil. Com o escoamento da safra, a tendência é de que o grão ganhe ainda importância para a balança comercial brasileira.
O porto de Santos, que sofre há seis dias os impactos de incêndio em terminal de armazenagem de combustíveis no distrito da Alemoa, é o principal canal de exportação da oleaginosa do Brasil.
Desde segunda-feira as autoridades proibiram a entrada de caminhões na margem direita do porto, para evitar congestionamentos na cidade e colaborar com o trabalho do Corpo de Bombeiros.
O acesso de caminhões aos terminais da margem esquerda, no município de Guarujá, assim como o fluxo de trens nas duas margens, não foi interrompido.
Em conversa com empresas associadas da Abiove, Amaral ouviu relatos de atrasos nos embarques de navios e formação de filas de embarcações, com risco de pagamento de multas.
"Tem empresas que não estão recebendo mercadorias há três ou quatro dias... Algumas empresas estão recebendo apenas 20 por cento do volume total (que costumam receber)", disse o executivo.
O Brasil está entrando na principal fase das exportações de soja, após a colheita de uma safra recorde na temporada 2014/15.
A proibição de acesso de caminhões também está represando a cadeia logística no interior do país, disse o representante da Abiove.
"Uma empresa falou para mim que tem mais de mil caminhões parados no caminho (até Santos). Toda a parte de originação de mercadorias foi parada porque não adianta carregar caminhão e ficar com ele parado na estrada", afirmou ele, evitando revelar os nomes das empresas.
Alguns terminais da margem direita do porto contam com recebimento por meio de ferrovia, mas outros dependem quase que exclusivamente dos caminhões.
Empresas também relataram à Abiove que a velocidade dos trens na região está abaixo do normal, ampliando as dificuldades no abastecimento dos terminais graneleiros.
A linha férrea de acesso à margem direita passa a poucas dezenas de metros do local onde ocorre o incêndio.
As autoridades de Santos determinaram que a restrição aos caminhões ocorra até sexta-feira. A situação, no entanto, é reavaliada a cada 12 horas e uma liberação antecipada pode ocorrer caso o quadro na região melhore.
Segundo a Abiove, os embarques de grãos na margem direita só começarão a voltar ao normal no domingo, após uma liberação do tráfego de caminhões na sexta-feira.
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