Greve dos Caminhoneiros: RS deve sentir impactos no fluxo dos principais produtos da agroeconomia do estado
A greve dos caminhoneiros ganhou força no RS e a produção agropecuária pode ficar comprometida nos próximos dias. Para Antônio da Luz, economista da FARSUL (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), ainda não é possível dimensionar os prejuízos das manifestações para os produtores porque o movimento é recente no estado.
A maior preocupação é com a produção do leite, que já atravessava uma crise por conta de adulterações realizadas por transportadoras no ano passado. Segundo Luz, foi então que o Ministério Público realizou uma operação que trouxe enormes prejuízos para o produtor rural. “Com isso o consumidor diminuiu seu consumo, o preço do leite despencou, muitas empresas quebraram e não remuneram os produtores, e agora a greve traz o problema de escoar o produto”, explica Luz.
A revisão de impostos, que motivou a greve na última semana, não é um assunto recente. O setor de agronegócio tem uma das maiores cargas tributárias do país. De acordo com o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) na soja mais de 1,4% do custo de produção são impostos. “Há essa preocupação com o aumento nos custos de produção, alta no PIS/Cofins, dólar, diesel e, medidas como essas - que atrapalham a entrada e saída de produtos - em um ano que teremos um PIB (Produto Interno Bruto) negativo, é muito ruim para a econômica brasileira”, afirma o economista.
No Brasil, além da alta carga tributária, existe a falta de planejamento para o escoamento da produção agrícola. “Os Estados Unidos colheu a mais 20 milhões de soja e colocou o produto no mercado porque tem logística. Eles conseguem chegar ao porto rápido, embarca rápido e despachar rápido, já nós mandamos devagar, caminhão por caminhão”, conta.
Crise Econômica
Para Antônio da Luz, a nova equipe econômica do país vem tomando as decisões corretas para controlar a economia, porém para alcançar patamares desejáveis é necessário fazer algumas correções que no momento não agradam. “No entanto, se perde eficácia nas políticas públicas restritivas, como essas que foram adotadas, a partir do momento que se tem 39 ministérios e governantes legislando em causa própria”, comenta.
Além disso, devemos ter a maior inflação em 11 anos, um PIB negativo, aumento da energia elétrica e a valorização do dólar. Todo esse cenário pode ter um impacto significativo nos custos de produção agrícola e no mercado como um todo. “É um ano onde nossa economia está muito mal - pela quantidade de decisões equivocadas que foram tomadas pelo país durante muitos anos - e agora com o fluxo de comércio interrompido, por conta da greve, a situação piora. E um PIB negativo gera milhões de desempregos”, comenta Luz.
Para o economista, mesmo a população não sendo favorável as políticas públicas implantadas, elas são necessárias para que o país saia da recessão. Caso contrário, encontremos problemas mais sérios no futuro, como é o caso da Argentina – que deve fechar o ano com um PIB negativo de 1,2%, e a Venezuela, com uma queda significativa de 4%.
De acordo com Luz, a expectativa é que as novas ações econômicas comecem a fazer efeito na metade de 2016.
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