"O gigante cai no samba" – artigo de Rodrigo Constantino (hoje no GLOBO)
O gigante cai no samba – artigo de hoje no GLOBO
Caro leitor, sei que hoje é terça de carnaval, e a última coisa que quero é azedar o seu clima de folião. Tampouco acho que a situação caótica de nossa economia deveria impedir sua diversão. O ser humano tem direito às fugas da dura realidade de vez em quando, e talvez elas fiquem mais prementes à medida que a situação piore. Mas gostaria de trocar dois dedos de prosa com você.
Só o fato de estar lendo esse texto num dia desses demonstra que faz parte da turma preocupada com os rumos de nosso país, buscando mais informação ou reflexão sobre política e economia. Infelizmente, sinto lhe informar que faz parte de uma minoria. Ao menos é o que percebo olhando em volta. A maioria parece estar tranquila, preocupada mais com a sua escola de samba do que com o futuro do Brasil.
Acha que exagero? Nem tanto, nem tanto. Senão, vejamos: nossa economia está prestes a entrar em recessão, a inflação passou de 7% ao ano e não deve cair tão cedo, corremos o risco de apagão mesmo com a conta de luz subindo sem parar, falta água, as empresas pararam de investir e começam a demitir, a gasolina sobe justo quando o petróleo desaba lá fora, os brasileiros estão muito endividados e a taxa de juros só sobe, o dólar se valorizou bastante e não há a menor perspectiva de melhora à frente. E isso foi apenas a parte econômica.
Peço sua vênia para passarmos para a política agora. O “petrolão” já fez o “mensalão” entrar para o rol de crimes de pequenas causas, com suas cifras bilionárias. Nunca antes na história deste país se viu tanta corrupção, e os militantes petistas ainda tentam nos convencer de que isso se deve ao governo que agora investiga mais, como se quem investigasse não fossem as instituições de estado, com o governo criando obstáculos (tentando impedir a CPI, por exemplo).
Leia mais aqui.
Tags: carnaval, impeachment
Aposta no aperfeiçoamento das instituições? Então Cardozo precisa sair!
Sei que todos estão em clima carnavalesco, mais atentos ao “fogo” da Mocidade do que aos rumos de nossa política. Faz parte essa fuga. O que me preocupa não é a alienação voluntária desses cinco dias, mas a dos demais 360 dias do ano. E sabe quem mais adora o carnaval para jogar para baixo do tapete a política? Os políticos no poder!
Vejam o caso do ministro da Justiça, por exemplo. José Eduardo Cardozo recebeu em audiência os advogados da empreiteira Odebrecht, citada nas investigações da Operação Lava-Jato (ainda lembra dela?). Trata-se de um caso claro e espantoso de perigosa mistura entre estado e governo. O ministro está ali para defender os interesses nacionais, não partidários. A confusão entre estado, governo e partido é grande no Brasil, e o PT é o mestre dela.
O ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, encontrou tempo para comentar o caso, deixando de lado a folia e se mostrando mais preocupado com o país a longo prazo. Em seu Twitter, Barbosa pediu a demissão de Cardozo. “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a Presidente Dilma demita imediatamente o Ministro da Justiça. Reflita: você defende alguém num processo judicial. Ao invés de usar argumentos/métodos jurídicos perante o juiz, você vai recorrer à Política?”, questionou Barbosa.
A revista Veja desta semana mostrou as conversas impróprias de Cardozo, que se reuniu também com Sérgio Renault, sócio de um escritório que defende a UTC Engenharia. Cardozo disse que o encontro com Renault foi apenas na antessala de seu gabinete, sem uma reunião de fato. O ministro negou também ter tranquilizado as empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras. A UTC limitou-se a dizer que Renault não é advogado da empresa, apesar do sócio dele, Sebastião Tojal, defender a construtora. Diz a reportagem:
Procurados por VEJA, Cardozo, Renault e Sigmaringa tropeçaram nas próprias contradições ao tentar esclarecer a reunião no Ministério da Justiça, classificada por eles como um mero bate-papo entre amigos sobre assuntos banais. Cardozo disse inicialmente que não se reuniu com Renault. Depois, admitiu o encontro. A primeira reação de Sigmaringa também foi negar a audiência com Renault no gabinete do ministro, para, em seguida, recuar. Os amigos compartilham, como se vê, do mesmo problema de memória. Na versão de Cardozo, a reunião teria sido obra do acaso. Sigmaringa, um “amigo de longa data”, teria ido visitá-lo. Renault, que estava em Brasília e tinha um almoço marcado com o ex-deputado, decidiu se encontrar com Sigmaringa também no ministério. Pimba! Por uma conjunção cósmica, o advogado da UTC, empresa investigada pela Polícia Federal, acabou no gabinete de José Eduardo Cardozo.
Não é preciso ter lido o Nobel de Economia Douglass North (mas ajuda) para saber do peso das instituições no progresso de um país. Países desenvolvidos são aqueles que conseguiram criar instituições sólidas e republicanas, ou seja, blindadas contra a invasão politiqueira. Paulo Guedes tem dedicado várias de suas colunas no GLOBO para tocar nesse ponto, defendendo a migração do Antigo Regime para a Nova República brasileira. Chegou a questionar se estávamos observando atos isolados de alguns heróis, como o próprio Barbosa e Sergio Moro, ou se era uma mudança institucional importante em curso.
Na coluna de hoje, tende a uma resposta mais otimista, citando inclusive a maior independência do Congresso sob o comando de Eduardo Cunha, desafeto da presidente Dilma. E procura demonstrar alguma esperança em nosso futuro:
Apostar no aperfeiçoamento das instituições é o único caminho seguro para a prosperidade. Para reequilibrar a economia e regenerar a política, teremos de apostar nas instituições. A “independência” do Banco Central, inaugurada no Plano Real e institucionalizada no sistema de metas de inflação, trouxe aos brasileiros uma moeda decente. Do mesmo modo, a independência do Poder Judiciário exibida nas admiráveis atuações de Joaquim Barbosa e Sergio Moro aumentou as chances de que nossos filhos e netos possam viver num país melhor.
Essa aposta no aperfeiçoamento institucional também se aplica aos primeiros movimentos da Câmara de Deputados sob a presidência de Eduardo Cunha. No momento em que se revela à Justiça um mercado político “paralelo”, onde se compra governabilidade “por fora” dos fóruns republicanos e dos orçamentos públicos, a declaração de independência do Legislativo por Cunha e sua proposta de levar adiante uma reforma política são bastante desejáveis. Seriam portanto precipitadas as críticas de que o PMDB estaria apenas renegociando novos termos de adesão à “velha política”, aumentando o preço de fisiológica sustentação parlamentar ou vendendo caro um seguro presidencial contra o Impeachment .
Amém! É o que todos os brasileiros decentes esperam. Mas para que possa haver alguma esperança de fato, será preciso que o povo faça sua parte. E isso inclui abandonar um pouco a euforia carnavalesca para se dedicar aos rumos de nossa política, inclusive fazendo coro ao ex-ministro do STF e pedindo a demissão do ministro José Eduardo Cardozo. Uma Nova República não comporta esse tipo de atitude daquele que deveria zelar pela Justiça imparcial e isonômica do país.
Rodrigo Constantino
Costa, Cardozo e a sem-vergonhice institucionalizada (por Reinaldo Azevedo)
Paulo Roberto Costa disse em depoimento que não foi o único diretor da Petrobras a receber propina. Taí uma coisa em que acredito. De resto, isso já está dado, não é? Todos sabemos que há outros. E eu vou mais longe, e é este o ponto que me interessa: que razão haveria para o esquema vigorar apenas na Petrobras? Não se está diante de um desvio, mas de um método.
O que me incomoda na tese do Ministério Público Federal, que sustenta a formação de cartel de empreiteiras? A suposição de que elas decidiram se unir para fraudar contratos com a Petrobras. Não! O que se viu na estatal é um modelo de relação do estado com o setor privado. E quem dá as cartas e tem o monopólio da aplicação da lei é esse estado.
Isso tem história e até resquícios de teoria política. Não duvidem de que existem alguns “magos” do pensamento que acham que é assim mesmo que se faz: eles estariam apenas usando de algumas fissuras morais do “sistema” para poder implementar a sua nova ética. Coisa, em suma, de canalhas. E, claro, em meio aos ladrões que se ancoram numa, vá lá, ideologia, há os batedores de carteira de sempre, já que a bandidagem sabe reconhecer os seus iguais, ainda que estes aleguem outros propósitos.
Reportagem da mais recente edição da VEJA, que já está nas bancas (leia post anterior), demonstra que José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, começou a se mexer nos bastidores para garantir às empreiteiras que tudo se acalma a partir do Carnaval. E essa garantia foi dada muito especialmente ao advogado Sérgio Renault, defensor da UTC.
O dono da UTC é Ricardo Pessoa, acusado de ser o coordenador de um certo “Clube das Empreiteiras”. É amigo pessoal de Lula e considera que foi jogado às cobras. Num manuscrito, deixou claro que a natureza do jogo é mesmo a política e sugeriu que as empreiteiras investigadas foram francas colaboradoras da campanha de reeleição de Dilma.
A promessa de paz
Nos bastidores, corredores e porões de Brasília, afirma-se que, depois do Carnaval, sai a lista dos políticos. Segundo essa versão, passada adiante também por Cardozo (como é que ele sabe?), alguns nomes graúdos da oposição apareceriam envolvidos na lambança. Isso criaria a união necessária para que todos tentem se salvar, não fazendo virar o barco. Na conversa com Renault, Cardozo entendeu que Pessoa não está disposto a servir de boi de piranha.
O ministro da Justiça também saiu agora a botar sob suspeição a investigação, indagando por que ela não abarca os anos FHC, já que pelo menos um delator premiado, Pedro Barusco, afirma ter começado a receber propina em 1997. Bem, é possível que sim. Mas vamos ver: Barusco era um quadro técnico. Em boa parte dos países, quando as empresas decidem comprar almas, procuraram esses cargos intermediários. Parece que foi o que aconteceu com o tal gerente, lá nas priscas eras. No Brasil, em razão do modelo — essa estrovenga que chamam “presidencialismo de coalizão” —, os políticos é que têm a primazia.
Notem: não serei eu a criminalizar a política. Cardozo tem todo o direito de achar que a presidente é inocente ou que defensores do impeachment padecem de “problema psicológico”. Articular, no entanto, uma linha de defesa, envolvendo os réus, bem, aí já é a esculhambação completa.
Mas eu não esperava dele nada diferente. Ninguém recebe o carinhoso apelido de um dos “Três Porquinhos”, como Dilma o chamou (os outros eram Antonio Palocci e José Eduardo Dutra), porque goste, vamos dizer, de ambientes assépticos.
Por Reinaldo Azevedo
Precisamos falar sobre o impeachment
Por Flavio Morgenstern, publicado no Instituto Liberal
Há um muxoxo recente sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, devido sobretudo aos desmandos na Petrobras, no que já é chamado de “petrolão”.
Será que é algo sério, ou apenas modismo que esqueceremos em alguns dias? Procurando no Google Trends pelas pesquisas recentes feitas no Brasil através do Google pela palavra “impeachment”, deparamo-nos com o seguinte quadro:
Quando ao menos 10% das buscas feitas no Google envolvem uma palavra, como “pizza”, o quadro do Google Trends considera esta palavra como de valor 100. Seria aquela palavra de ouro para se determinar o que está interessando as pessoas. Um publicitário que tenha uma campanha envolvendo uma palavra dessas já pode ir adiantando a compra de um Porsche.
No quadro, vemos que o primeiro pico de pesquisa da palavra é no auge do escândalo do mensalão, em 2005, aquele ano que o PT “pulou” quando fez um retrospecto de seus 10 anos no poder.
Lula, ainda encarado como “o presidente dos pobres”, resolveu se distanciar de seu então futuro sucessor, José Dirceu, garantiu que havia sido traído e pediu desculpas à nação em agosto. Ou seja: afirmou que o dinheiro que favoreceu o PT foi posto em seu bolso sem o seu conhecimento.
Já fora do governo, Lula garantiria que iria provar que o mensalão foi uma ”farsa” inventada pela “mídia”. Essa mídia, chamada de “golpista” por Marilena Chaui, eternizando o termo, nunca cobrou de Lula se ele crê que Dirceu na verdade é inocente, e se deveria mesmo ser nosso presidente no lugar de Dilma Rousseff.
Outro pico da palavra “impeachment” sendo pesquisada acontece em junho de 2013. Ali, não se trata apenas de pedidos de impeachment, mas de dúvidas da população. O país passava por um momento que não foi compreendido por quase nenhum analista palpiteiro no país, com “diagnósticos” que acertavam cada vez mais para longe do alvo. Livros ainda precisam ser lançados sobre o tema. Contudo, Como se vê, o interesse não durou um mês.
Mas o primeiro grande momento de busca pelo termo impeachment aparece em outubro de 2014. Em plena reta final das eleições, vêm à tona o escândalo do petrolão, para quem ainda não tinha percebido que a Petrobras conseguiu ser a única petrolífera do globo a conseguir dar prejuízo e valer menos ainda em 2010.
Dilma Rousseff, quando ministra, cuidava justamente dessa área. E deu aval para a desastrosa compra da refinaria de Pasadena, numa negociata feita para tirar dinheiro do pagador de impostos brasileiro “legalmente” e mandar para a Bélgica. E o doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, ou seja, tendo a pena diminuída a cada vez que conta uma verdade sobre os crimes que possa ser posteriormente comprovada, diz que Lula e Dilma sabiam de tudo.
O escândalo piorou justamente na última semana antes do pleito, o que fez com que o PT invadisse a sede da editora Abril e vandalizasse o prédio, num ato ditatorial comparável à queima de livros pela Inquisição ou pelos comunistas e nazistas. As chances de reeleição de Dilma diminuíam dia após dia. Com uma contagem secreta, Dilma Rousseff foi reeleita com uma vantagem tão ínfima que é comparável ao pequeno colégio eleitoral de Pernambuco, do ex-governador Eduardo Campos, morto antes do primeiro turno.
Apesar do aumento de menções ao impeachment, naquele mês, apenas notícias buscadas por especialistas e pessoas que consomem o noticiário e as análises políticas cicladianamente estavam interessadas no processo de impeachment que se avizinhava com cada vez mais clareza. Não era um tema a adquirir clamor popular. Os petistas, que hoje forçam isso para fora de suas memórias, tentavam encontrar honradez e lisura em Graça Foster e Nestor Cerveró. Hoje, lulamente, dilmamente, fingem que não têm nada a ver com isso.
Mas o surpreendente vem na parte final do gráfico. Com Dilma já reeleita, o interesse pela palavra cai de 68 em outubro para 26 em novembro e apenas 7 em dezembro. A nota aumenta um ponto em janeiro e… de 8, passa para 100 em fevereiro. Quase uma ascensão vertical.
100. Um décimo das pesquisas feitas envolve tal palavra. Textos que tratem de impeachment pontuam melhor no Google. Pessoas que entendem nada de ciência política (apesar de trabalharem com isso), mas muito de comunicação, como a blogosfera progressista ou as crianças de Antonio Negri do Fora do Eixo, já cuidam de falar de impeachment e tentar proteger a presidente antes do assunto ser dominado por alguém que não eles, que dominaram o vocabulário e a narrativa histórica em sua inteireza nas últimas décadas.
A busca por impeachment diz respeito mesmo a Dilma, não a pesquisas históricas sobre Collor – na maior parte das vezes, simplesmente colocado em contrapelo ao caso atual. Temas relativos, como a busca por Michel Temer, o vice-presidente que só foi assunto quando o país foi apresentado à sua bela esposa na posse de Dilma, também crescem.
Para se ter uma idéia olhando para o globo, no cômputo total de 2014, a palavra “impeachment” só foi mais buscada nas Filipinas, onde o presidente Benigno Aquino III sobreviveu a um impeachment, e na Nigéria, atormentada pelo segundo pior grupo terrorista atual, o Boko Haram (desconfia-se que ajudado pelo próprio governo). Em terceiro lugar, aparece o Brasil.
Como podemos interpretar tais dados?
Em primeiro lugar, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do sempre inquieto PMDB, mas que foi aliado fiel do PT até agora, foi um claro recado do “meião” para o PT: o Partido vermelho não possui mais base aliada. Agora, terá de encarar um neopentecostal como presidente da Câmara: e primeiro na sucessão caso um impeachment que envolva o processo eleitoral aconteça, derrubando também o vice – o que as investigações da Operação Lava-Jato da Polícia Federal cada vez mais se aproximam de comprovar. O PMDB já mira se livrar do esgoto de política que é o PT – esgoto que agora veio a público.
Todavia, Cunha deixou claro que não é a favor de impeachment. Claro que Eduardo Cunha não está declarando do posto de um filósofo político delimitando suas mais profundas convicções, mas sim agindo como um político: se até agora não se viu nas ruas muitas manifestações favoráveis a um impeachment, por que ele as defenderia sozinho?
O recado também precisa ser decifrado: assim como Aécio disse reconhecer o resultado das urnas, para não protestar sozinho, Cunha quer o apoio da população. Impeachment é um procedimento político, em que se recusa os desmandos de um político no poder com uma nova votação. Não se inicia tal votação sem apoio popular, ao contrário da cassação do mandato (que também mandaria o vice Temer para o brejo junto), outra realidade que Dilma pode ter de encarar, conforme avança a Lava-Jato.
Entretanto, as próprias pesquisas no Google, os professores de humanidades petistas desesperados em explicar para seus alunos que Temer é pior do que Dilma (ora, quem votou em Temer foi quem votou na Dilma, até aparecia a fotinho dele para se confirmar) e que a oposição é canalha e tudo é culpa de FHC e dos militares (não se culpa Sarney e Collor, por serem apaniguados petistas), que “impeachment é golpe”, que a “democracia” não se sustenta tirando políticos ruins do poder – tudo isto mostra que o clamor pelo impeachment agora existe.
Link – https://www.facebook.com/AlexandreBorrges/photos/a.569508766440272.1073741831.542868939104255/833448656712947/
Falta agora transformar em ação. Assim como o impeachment parecia uma realidade próxima em junho de 2013, mesmo sem alguma concretude, agora ele pode aparecer de forma clara para quem não entende o subterrâneo da política (como o fato de o mensalão significar totalitarismo, e não apenas corrupção), e a substancialidade dos motivos para o impeachment são deslindados ao povo e aos incultos que escrevem sobre política sem entender seu próprio objeto de estudo.
Além da base rachada e das denúncias virem à tona, há algo pior para Dilma: sua popularidade foi caindo continuamente. Pode-se dizer que Aécio apenas não estava disparado em primeiro lugar já no primeiro turno graças à população conhecê-lo pouco e a campanha de difamações e calúnias que os petistas, dominantes na mídia e nas escolas, fizeram à sua imagem, sem ninguém responder por ele (mas mesmo assim, as mentiras não pegaram bem, nem mesmo na camada da população menos informada). Mas tão logo se conhecia melhor Aécio e o PT, a popularidade deste último minou.
Ora, Dilma se sustentou com base em mentiras, embora sua popularidade foi se evaporando. Com ela, os votos do próprio PT. Foi de 61,27% em 2002 para 60,83% em 2006, caindo para 56,05% em 2010 e 51,64% em 2014. Os números ainda são bem enganosos: em nenhum momento Dilma se elegeu com a maioria dos votos: foram 38% dos votos totais.
Para coroar o bolo cerejosamente, há o golpe fatal: o PT sempre soube fazer política de ruas, com “movimentos sociais” como MST e CUT quebrando tudo com os velhos “Fora FHC e o FMI” para fazer propaganda de massa voltada ao povo.
Seu poder de mobilização popular simplesmente SUMIU. Isto não é uma opinião, é um fato. Um ato de rua a favor da presidente reeleita Dilma Rousseff em São Paulo, em pleno MASP na Avenida Paulista com o seu “protestódromo” que sempre pára a avenida, reuniu apenas70 pessoas, contando membros da direção do PT.
Vivemos numa era de informação em rede, não apenas de mídia de difusão em massa. O PT soube cooptar bem as duas mídias, não tendo mais nenhum risco de haver uma grande “infiltração” de jornalistas e opinantes anti-progressistas nos grandes jornais por muitos e muitos anos.
Contudo, a mídia social é inquieta. E não consegue encobrir rapidamente todas as notícias com as mentiras oficiais do partido (por isso Dilma, quando em crise, chama o marqueteiro João Santana, e não alguém para punir ladrões – do contrário, Dilma correria o risco de praticar uma auto-punição).
Trabalhar os ânimos do povo em rede, sem um canal de direção geral, nem sempre favorece o PT. E não há mais chance de ignorar que “a palavra I” entrou na discussão nacional. Com agravantes: a população inculta e sem contato com a realidade, que é a base eleitoral petista par excellence, fica alheia a tais debates, deixando o grosso da questão diante de pessoas que estudam mais o assunto e… não são engabelados pelas mentiras do PT, como a maioria da população.
Os tempos nunca foram tão negros (e não apenas por causa do petrolão) para o PT. É hora de tomar as ruas, mostrar aos deputados que a população, sim, quer o impeachment e que eles, que querem nos representar em nome da reeleição, devem ouvir tal clamor. O PT continuará tendo os seus fiéis acólitos bem alimentados com verbas públicas (é “publicidade” da Petrobras! da Caixa! do Banco do Brasil! do BNDES! é Lei Rouanet!) e serão apenas os fanáticos radicais que sempre foram.
Para retomar a racionalidade no país, antes é preciso mobilizar textos, artigos, campanhas virtuais, Trending Topics do Twitter, posts no Facebook, fazer manifestações ruas e falar a palavra que os controladores das palavras brasileiros não querem que nós falemos. É a palavra I. Precisamos ter uma conversa séria. O impeachment é uma realidade próxima.
por Flavio Morgenstern (Instituto Liberal)
O golpe do PT contra a Operação Lava Jato para salvar Lula, Dilma e os ladrões da Petrobras
Interrompo a folia para fazer, com auxílio do ex-ministro Joaquim Barbosa, um resuminho do carnaval petista e suas alegorias de sempre:
I. JUNHO/JULHO DE 2012:
Manobra: Petistas mandam seus comparsas do Tribunal de Contas da União (TCU) considerar os milhões de reais desviados do Banco do Brasil, por meio da Visanet, um dinheiro “privado”, e não público.
Objetivo: liquidar a maior prova do uso de dinheiro público no esquema do mensalão.
Motivo: a prova destruía a propaganda do PT segundo a qual os recursos utilizados pelo partido para comprar apoio no Congresso Nacional eram provenientes de caixa-dois.
Resultado: Felizmente, o Ministério Público Federal conteve a tempo a manobra.
II. CARNAVAL DE 2015:
Manobra: Enquanto o Brasil se distrai com a folia carnavalesca, os comparsas do PT no TCU aprovam em tempo recorde uma Instrução Normativa redigida no Palácio do Planalto e levada ao tribunal pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
Objetivo: Impedir que os acordos de leniência feitos no âmbito da Controladoria-Geral da União (CGU) sejam anulados pelo TCU que, muito embora controlado por PT e PMDB, ainda era visto como um risco para as empreiteiras enroladas com a Operação Lava Jato.
Motivos:
- Contornar o juiz Sérgio Moro.
- Garantir que as empresas não sejam consideradas inidôneas e possam continuar a negociar contratos com o governo.
- Persuadir empreiteiros presos a não partir para a delação premiada, já que não há perigo de falência das empresas e eles ainda poderão levar um vidão ao sair da cadeia.
- Evitar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, tornando inviável imputar-lhe o crime de responsabilidade.
- Salvar Luiz Inácio Lula da Silva, enrolado até a barba no Petrolão.
Resultado: Se o povo brasileiro não for às ruas no dia 15 de março em defesa da Operação Lava Jato, como aliás eram em defesa das investigações as primeiras manifestações anti-PT de novembro de 2014, o PT a engavetará e varrerá tudo para debaixo do tapete, exatamente como em campanha acusava o PSDB de ter feito no governo Fernando Henrique Cardoso.
[* Mais na TVeja – AQUI.]
* Sobre a interferência política do justiceiro do PT, José Eduardo Cardozo, do qual obviamente também exijo a demissão, ver meu artigo: Governo também quer “impeachment”… da Lava Jato. Cardozo tem “problema psicológico” com a operação.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
FARSA: Padilha turbina SUS para parto da filha! Petista dispensou plantonistas e chamou médicos de sua confiança
Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e candidato derrotado do PT ao governo de São Paulo, disse durante a campanha eleitoral que sua esposa, então grávida, faria o parto na rede pública do Sistema Único de Saúde (SUS), defendido pelo casal.
Hoje, os portais chapa-branca dizem que o petista cumpriu a promessa, em razão do nascimento na quinta-feira (12), no Hospital Municipal Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte paulistana, de sua filha com a jornalista Thássia Alves, Melissa.
Mas o SUS de Padilha está longe de ser o SUS disponível à população pobre do Brasil. Na verdade, está bem mais próximo do Sírio Libanês de Lula e Dilma.
“É um SUS plus. Só o endereço é igual. O resto é tudo diferente”, disse indignado a este blog um médico intensivista que acompanhou os acontecimentos de perto. O parto humanizado estava programado para março, mas Thássia foi internada na terça-feira e precisou passar por uma cesárea de urgência devido a um quadro de pré-eclâmpsia, doença que se caracteriza por alterações de pressão arterial que podem levar a gestante a crises convulsivas e até à morte.
Os mortais comuns do SUS costumam dispor de um obstetra e um pediatra e, quando o parto se complica um pouco, geralmente são dois obstetras e um pediatra. Já Padilha contou com o dobro de médicos na sala: três obstetras e três pediatras. Entre os primeiros, o próprio diretor do hospital que raramente vai à linha de frente. E os outros cinco eram todos do Hospital das Clínicas, da USP, em força-tarefa especial para o parto.
Isso mesmo: o petista chamou os médicos de sua confiança para fazer o que tinha de ser feito dentro de um hospital público, cuja equipe de plantonistas e residentes foi dispensada. A recém-nascida foi levada à UTI Neonatal, onde os plantonistas também tiveram de ceder lugar a uma médica do Hospital das Clínicas, profissional do Instituto da Criança da USP.
“Os médicos locais ficaram ofendidos, revoltados. Se você trabalha num lugar e cai uma estrela que chama alguém de fora, estão falando que ‘eu sou um bosta, que eu não tenho qualidade para atender o cidadão estrelado’”, disse o intensivista. “Mas a prefeitura está nas mãos do PT. Se alguém falar, vai sofrer retaliação”, completou, explicando que é da prefeitura a maternidade onde Thássia ficou em quarto individual com ar-condicionado – outro luxo exclusivo.
Para piorar, a opção pela cesárea imediata em caso de pré-eclâmpsia, embora recomendada em outros países, é relativizada pelo Ministério de Saúde, cujo manual sugere que ainda se poderia tentar a via normal de parto se o bebê tiver condições de nascer. Ou seja: pode ter sido devidamente ignorada a própria sugestão do MS, rechaçada por muita gente da área.
“[O ministro da Saúde, Arthur] Chioro faz política para combater cesárea, dizendo que pode matar, mas o que mata é a politização de um assunto técnico como a Medicina. Quando isso é feito, o resultado é o massacre que a gente vê na saúde pública brasileira”, comentou a fonte.
O jogo de cena montado para validar a propaganda política do PT e a suposta coerência de Padilha, a quem o prefeito Fernando Haddad garantiu um emprego, também foi denunciado em nota da página Mais Médicos Fail no Facebook, segundo a qual o casal pretendia fazer a transferência do bebê para um hospital particular: Einstein ou São Luiz Morumbi.
Uma blogueira da Folha de S. Paulo, que deu a notícia do parto como um cumprimento da promessa eleitoral de Padilha, escreveu a respeito: “O post mostra ainda um bate-papo de whatsapp de algum funcionário da unidade passando informações privilegiadas sobre a paciente e seu bebê, o que fere o Código de Ética Médica.”
A informação sobre o bebê, na verdade, está no post e foi devidamente reproduzida pela blogueira. A imagem do whatsapp mostra apenas informações básicas sobre os procedimentos incomuns e privilegiados adotados dentro de um hospital da rede pública por um político defensor do SUS na hora em que sua família precisou de seus serviços. Desmentir em atitudes o próprio discurso político embusteiro, sim, fere o Código de Ética humana – e é dever moral de qualquer cidadão de bem denunciar a farsa.
De resto, desejo toda a saúde do mundo a Thássia e Melissa. Lamento apenas que o SUS turbinado – ou plus, ou VIP, ou cinco estrelas – de Padilha seja, ainda, um privilégio de poucos.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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