Que fase, Brasil…, por CARLOS BRICKMANN
BRICKMANN: Que fase, Brasil…
Notas da coluna de Carlos Brickmann publicadas neste domingo em diversos jornais
Que fase!
Às vezes, política é como futebol. Conforme a fase, a bola bate na canela e entra; ou não entra de jeito nenhum. O governo brasileiro precisava pedir a extradição de Henrique Pizzolato, ex-gerente do Marketing do Banco do Brasil, aqui condenado a pouco menos de 13 anos de prisão e que fugiu para a Itália com documentos falsos em nome de seu falecido irmão.
Precisava, mas não queria: a última coisa de que o governo precisava era de mais um cavalheiro bem informado que eventualmente possa contar coisas ainda secretas.
Pois não é que ganhou a parada, e a Justiça italiana, em ultima instância, decidiu pela extradição? Pizzolato (e o governo brasileiro) ainda têm uma chance: o ministro da Justiça da Itália pode legalmente decidir que não confirmará a ordem de extradição.
Mas é Carnaval
E, para que ninguém diga que esta coluna esqueceu a Grande Festa, a Beija-Flor de Nilópolis, tantas vezes campeã do Carnaval carioca, desfila neste ano com patrocínio de Teodoro Obiang, há 36 anos ditador da Guiné Equatorial; e, segundo a revista Forbes, o oitavo governante mais rico do mundo.
Seu país não vai tão bem: numa lista de 187, ocupa o 136º lugar em Índice de Desenvolvimento Humano.
Obiang paga R$ 10 milhões para a Beija-Flor mostrar como, embora seja uma ditadura, embora a população viva mal, o país (e ele) são maravilhosos.
Um país que vai do apocalipse ao Carnaval. Qual será?
“A vida em meu país transita do apocalipse ao carnaval — e às vezes mistura ambas as categorias”.
Quem disse isso foi um escritor.
Adivinhe de que país.
Antes, veja as duas fotos abaixo:
Que escritor brasileiro disse a frase lá de cima?
Nenhum. A frase é do escritor mexicano Juan Villoro (foto abaixo). E sobre seu país.
Tags: apocalipse, Carnaval, Escritor, favela, frase, poluição, trânsito
Post do leitor: o destino do segundo governo Dilma já estava previsto em 2008
Post do leitor do blog Winston
Se perguntar não ofende, que dirá tão-somente imaginar?!
Imagine, então, a seguinte situação.
Dilma encontra-se, acidentalmente, dentro da sala VIP do aeroporto de Brasília, com a ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira.
Cruzam os olhares.
Próximo das duas, observando-as, um dos repórteres de VEJA – por exemplo, Alexandre Oltramari, que, segundo matéria da revista, viu e leu a agenda de Lina com a anotação da data do encontro (de outubro de 2008) e a observação a respeito do pedido da então chefe da Casa Civil de Lula, Dilma, de “agilizar” fiscalização que a Receita realizava sobre o empresário Fernando Sarney, filho do então senador e ex-presidente da República José Sarney. [Lina entendeu o recado como se fosse uma determinação de encerrar as diligências.]
Quem das duas desviaria o olhar… ou baixaria a vista?
Vale o preço de uma ação ordinária da Petrobras no final do próximo pregão, pago a quem errar a resposta.
Qual dos olhares tornar-se-ia furtivo, compungido ou cínico?
O epílogo do segundo mandato fracassado da presidenta já estava contido naquele dia em que a ministra da Casa Civil negou de pés juntos o pedido nada republicano e seu encontro com Lina Vieira, em 9 de outubro de 2008.
Uma coisa está na outra, diria Ferreira Gullar no seu Poema Sujo.
Hoje, no governo Dilma, o secretário da Receita é aquele ao qual Lina substituiu, e que havia sido demitido por Guido Mantega, entre outras coisas, porque fizera parte da equipe que quebrou o sigilo do caseiro Francenildo, a pedido do então ministro da Fazenda de Lula, Antonio Palocci, o ministro que virou consultor milionário.
(PARA LER UM RESUMO DO CASO LINA VEIRA, CLICAR AQUI)
SARDENBERG: O PT acha que seu governo “deixa” que as instituições apurem bandalheiras, como o petrolão. Mas investigar é cumprir a lei, é obrigação de qualquer governo
MEIO MÉRITO
Artigo de Carlos Alberto Sardenberg publicado no jornal O Globo
Teoria do PT: roubalheira, sempre houve; só que antes era escondida pelos governos e, agora, desde a presidência de Lula, é investigada às claras.
Sendo isso verdade, o mensalão e a Lava-Jato devem ser incluídos no rol de realizações da era petista. Sem nenhum exagero, esse tremendo flagra na corrupção pode até aparecer na lista do “nunca na história deste país…”
Ocorre que o PT, pelo que dizem seus militantes, do mais ilustre até a base, não aceita esse mérito. Mensalão? Nunca existiu. Os condenados e presos? Vítimas da mídia e das elites. Lava-Jato? Não tem nada provado, só denúncias de criminosos-delatores. Milionárias doações de campanha feitas por empresas suspeitas? Absolutamente legais.
De maneira que ficamos assim: o governo do PT não esconde, nem engaveta nada, mas manda investigar e punir, dando independência e condições de trabalho a Justiça, promotoria e Polícia Federal. Era o que dizia a presidente Dilma durante sua campanha, foi o que repetiu paraO Globo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ainda nesta semana. Mas o resultado da investigação, segue a teoria petista, está sendo manipulado com o fim de derrubar o próprio PT.
Mesmo com a ajuda dos marqueteiros e com o talento de Lula para driblar as questões delicadas, fica meio esquisito. Se os governos petistas tiveram tanto poder para colocar Justiça e polícia na investigação, como poderiam ter sido tão ludibriados a ponto de tudo virar uma “manobra para criminalizar o PT”? Fica difícil explicar, inclusive nos tribunais, que a investigação foi uma boa, mas os resultados, não.
Tudo considerado, o PT quer meio-mérito.
Por isso, soam tão esquisitas declarações como as do ministro da Justiça (GLOBO, 10 de fevereiro). Por exemplo: “O governo (Dilma) não cede um milímetro na sua orientação de que tudo deve ser apurado… e punido com máximo rigor… Agora se dá garantias para que se faça…”
Apurar e dar garantia aos poderes independentes é obrigação de qualquer governo. Mas , vamos lá, aceitemos provisoriamente a tese de que este governo e o de Lula têm esse mérito porque os outros seriam de roubalheira sem apuração. E, por isso, completa o ministro: “É um dever da Polícia Federal apurar se (a corrupção) é no governo A, B ou C”.
Quer dizer, então, que a Polícia Federal e o Ministério Público só vão atrás dos malfeitos dos governos petistas? Reparem: a Polícia Federal está no organograma do Ministério da Justiça. O ministro não pode, pela lei, e não deve, pela ética, interferir nas investigações e selecionar os fatos que serão ou não objeto de investigação.
Mas o ministro nomeia e demite os chefes da PF — e, vamos convir, seria um motivo de demissão se a polícia não estivesse cumprindo seu dever de “apurar se é no governo A, B ou C”.
Mais diretamente: o ministro não pode ou não deve chamar o chefe da PF e mandar parar a investigação que apanha petistas. Mas pode cobrar: e os outros? E demitir se a apuração for enviesada.
Não faz isso — e aqui vai o outro lado — porque as descobertas da PF, do Ministério Público e do juiz Moro são avassaladoras. Só haveria um meio de, na política, afastar essa corrupção do PT e seu governo: seria admitir os fatos, pedir desculpas e separar os culpados dos inocentes.
Deve haver inocentes, não é mesmo? O que estará sentindo o militante fiel da base, que não pegou um centavo, ao saber, por exemplo, que o ex-chefe José Dirceu recebeu mais de R$ 4 milhões, para sua empresa, não para o partido, por consultorias de sociologia e economia?
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Ocupação do Estado foi a base do petrolão
A explosão do número de contratos fechados sem licitação confirma a intenção criminosa do esquema, e, mesmo assim, órgãos de fiscalização nada fizeram
Editorial publicado no jornal O Globo
Entre os aspectos que se pode considerar irrefutáveis no petrolão está o da relação incestuosa entre diretores da estatal apadrinhados por políticos e partidos — PT, PP, PMDB — e um grupo de grandes empreiteiras.
Foi dessa grande conspiração contra o Erário — deve-se sempre lembrar que a Petrobras é controlada pela União — que se montou a eficiente máquina de arrecadação de propinas, financiada pelo superfaturamento de contratos assinados pelas empresas com a estatal.
O esquema se aproveitou de uma correta mudança feita durante a gestão de FH, após a quebra do monopólio da companhia, para torná-la mais ágil a fim de competir em igualdade de condições com os concorrentes privados. O governo isentou a estatal de seguir a lei de licitações aplicada ao setor público, e disso se valeu o esquema para destinar bilhões a um fechado grupo de empreiteiras, preferência retribuída na forma de propinas, em percentuais diversos — a alguns diretores, partidos e políticos, cujos nomes ainda serão revelados.
Reportagem publicada no Globo de domingo comprova a manobra: se em 2004, segundo ano do primeiro governo Lula, apenas 8% dos R$ 15,3 bilhões empenhados pela estatal foram provenientes de cartas-convite a empreiteiras, para fechar contratos sem licitação, este índice no ano seguinte chegou a 60%. Em 2009, atingiu o auge: 76,24%.
Quando os diretores de Serviços e Abastecimento, Renato Duque, apadrinhado pelo PT/José Dirceu, e Paulo Roberto Costa, indicado pelo PP, foram demitidos por Graça Foster, em 2012, o peso dos contratos originados de cartas-convite no total foi de 47,51%, tendo subido para 59,56% em 2014.
Não é simples coincidência a chegada do grupo lulopetista à estatal e o grande aumento das contratações de empreiteiras sem licitações. A liberdade de contratar fornecedores sem a burocracia da lei de licitações, como qualquer empresa privada, foi usada para “malfeitos”.
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