Milho: Mercado ainda reflete aumento na produção e estoques globais e encerra sessão em queda pelo 2º dia consecutivo
Na Bolsa de Chicago (CBOT) os futuros do milho encerraram o pregão desta quarta-feira (11) em território negativo pelo 2º dia consecutivo. As principais posições do cereal exibiram perdas entre 2,25 e 2,75 pontos. O vencimento março/15 era negociado a US$ 3,85 por bushel.
Segundo informações reportadas por agências internacionais, o mercado foi pressionado pelo aumento da oferta de etanol nos Estados Unidos. Conforme dados da AIE (Administração de Informação de Energia), até a semana encerrada no dia 6 de fevereiro, a produção atingiu uma média de 961 mil barris por dia, na semana anterior, o número ficou em 948 mil barris por dia.
Paralelamente, com a queda nos preços do petróleo, a perspectiva é que haja uma redução na demanda de milho para a produção de etanol. "Em algum momento, essa pressão irá crescer sobre os produtores de etanol nos EUA e as indústrias de etanol também poderão ser afetadas pela queda nos preços do petróleo, que, por enquanto, não há sinal de mudança", destaca o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.
Além disso, o mercado ainda refletiu os números do último boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de oferta e demanda. O órgão aumentou a projeção para os estoques globais de milho da safra 2014/15, para 189,64 milhões de toneladas e da produção mundial, para 991,29 milhões de toneladas de milho.
O departamento também indicou uma ligeira redução nos estoques norte-americanos, de 47,68 milhões para 46,42 milhões de toneladas do grão. O número ficou abaixo da estimativa do mercado que, apostava em número ao redor de 47,53 milhões de toneladas. Em relação ao milho destinado à produção de etanol, o número ficou em 133,36 milhões de toneladas, contra 131,45 milhões de toneladas, projetadas no boletim de janeiro.
A produção brasileira de milho foi mantida em 75 milhões de toneladas. Já a produção da Argentina ficou dentro das perspectivas do mercado, em 23 milhões de toneladas do grão.
"Temos estoques mundiais confortáveis para essa temporada, safra recorde nos EUA e no mundo e uma boa safra na América do Sul. Isso sem contar os bons excedentes de exportação da Ucrânia, Brasil e Argentina, que pesam sobre os preços", diz o consultor.
Mercado interno
Apesar da forte alta do dólar observada nesta quarta-feira (11), as cotações do milho negociadas nos Portos brasileiros e no mercado interno tiveram um dia de estabilidade, conforme levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas. Apenas em Jataí (GO), o preço subiu 1,02%, com a saca negociada a R$ 20,83.
A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 2,8742 na venda, com ganho de 1,33%, se aproximando de R$ 2,90. De acordo com dados da agência Reuters, o patamar é o maior nível de fechamento desde 19 de outubro de 2004. Na máxima da sessão, o câmbio chegou a R$ 2,8834.
BM&F Bovespa
As cotações do milho negociadas na BM&F Bovespa terminaram o pregão desta quarta-feira (11) em campo misto. A posição março/15 encerrou o dia com ligeira perda, de 0,17%, cotado a R$ 29,00 a saca. Já o vencimento setembro/15 subiu 1,02%, negociado a R$ 29,70 a saca.
O câmbio continua como principal fator de sustentação aos preços do cereal, entretanto, as perdas registradas no mercado internacional, limitaram uma possível reação nas cotações. Nas últimas semanas, os preços voltaram a subir, impulsionados pela moeda norte-americana.
Em relação à produção brasileira, que deverá fazer parte do foco dos investidores, existem as perdas da safra de verão e as incertezas da safrinha. Nesta quarta-feira, a consultoria norte-americana Lanworth, projetou a produção de milho do país em 75,5 milhões de toneladas, uma redução de 1% em comparação com o boletim anterior.
O ajusta é decorrente do clima mais seco e quente observado ao longo do mês de janeiro em importantes regiões produtoras de Goiás e Minas Gerais. A região Oeste da Bahia, também foi bastante afetada com o clima irregular e, com isso, a perspectiva é que as perdas nas lavouras de milho fiquem acima de 50% nesta safra.
"As lavouras do cereal foram as mais afetadas por conta do clima. Isso porque, as plantas estavam em fase de florescimento. Em alguns lugares teremos que avaliar a viabilidade da colheita", explica o engenheiro agrônomo, que atua na região, Armando Ayres de Araújo.
Já o USDA indicou a produção do cereal brasileiro para essa temporada em 75 milhões de toneladas. Amanhã, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) deverá reportar o novo boletim de acompanhamento de safras.
Veja como fecharam os preços nesta quarta-feira:
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