MT proibe plantio da segunda safra de soja e aumenta do período de vazio sanitário no estado. Medida gera polêmica
“O que estamos fazendo é para preservar a própria cultura de soja”. É assim que Wanderlei Dias Guerra, coordenador de defesa vegetal do ministério da agricultura de Mato Grosso, justifica o aumento do período de vazio sanitário para 1º de maio a 15 de setembro e a proibição de plantio da segunda safra de soja. A razão técnica para essas duas medidas é melhorar o controle do fungo da ferrugem asiática, diminuindo sua resistência aos fungicidas. “Na verdade o aumento do vazio é pra evitar uma perda maior da eficiência dos fungicidas. Quanto mais tempo a soja fica no campo, maior é o número de gerações do fungo, já que a cada dez dias nós temos uma nova geração. E quanto mais fungos se proliferam, maior a possibilidade de se selecionar gerações resistentes a esses fungicidas. Então, o objetivo é que se assegure por um tempo maior um bom controle sobre a lavoura de safra”, explica.
É importante lembrar que esse vazio sanitário é especificamente para a soja, pois ele é quem hospeda a ferrugem asiática. O produtor tem a alternativa de fazer uma segunda safra de algodão, milho ou outra cultura que seja economicamente viável. Pensando desta forma, está em discussão a ampliação ou a criação do vazio sanitário para outros cultivos, visando minimizar os problemas de outras pragas, como é o caso da mosca branca que atinge diversas culturas.
Para Wanderlei Dias Guerra, o período maior de vazio sanitário é fundamental para eliminar o número de gerações do fungo da ferrugem asiática. “O fungo mais resistente que sai da soja normal, colhida até final de março, passa para a safrinha de soja até que ela seja colhida no final de junho. Assim, por ter recebido o dobro de aplicações de fungicida, esse fungo torna-se mais resistente e se hospeda nas plantas guaxas. A partir das plantas guaxas é que o fungo tende a sair para a lavoura seguinte, que começa a ser plantada em 15 de setembro”
A Aprosoja em nota oficial disse que entende que está se dando um enfoque técnico a uma discussão comercial, pois isso acaba tirando do produtor a possibilidade de produzir a própria semente. Além disso, a associação também diz que não existe oferta de semente suficiente para atender todo o estado do Mato Grosso. Entretanto, essa afirmação é rebatida pelo Wanderlei Dias Guerra. “Existe oferta, sim e inclusive sobram sementes. É certo que vem muita semente de fora, produzida em outros estados. Esse não é um enfoque técnico, querendo se indispor com a parte comercial. Eu acho o contrário: nós não podemos pensar comercialmente ou politicamente em desfavor de um pensamento técnico. Até porque a técnica visa toda a cadeia de produção”. Guerra continua afirmando que o produtor não perdeu o direito de produzir sua própria semente, o que está em questão é até quando ele pode fazer isso.
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