Demanda dá suporte ao mercado no curto prazo e soja fecha no misto
Nesta segunda-feira (2), o mercado da soja fechou o pregão regular em campo misto na Bolsa de Chicago. Os primeiros vencimentos se mantiveram sustentados pelo quadro fundamental, enquanto as posições de mais longo prazo foram pressionados pelo plantio da nova safra dos Estados Unidos.
Segundo explicam analistas, o mercado se mantém bem dividido, refletindo duas realidades distintas, sendo uma da safra velha e outra da safra nova.
De um lado, os baixos estoques norte-americanos e a escassez de produto nos Estados Unidos continuam esbarrando na aquecida e ainda presente demanda pela soja do país. Enquanto a última estimativa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aponta que a nação deva exportar 43,5 milhões de toneladas da oleaginosa na temporada 2013/14, os embarques efetivos já somam mais de 42 milhões e o volume comprometido de produto dessa safra passa de 44,5 milhões de toneladas.
Nesta segunda-feira, o departamento informou que, na semana que terminou no último dia 29, os EUA embarcaram 156,364 mil toneladas. O número não é tão grande, porém, é maior do que o da semana anterior - de pouco mais de 90 mil toneladas.
"Os preços nos Estados Unidos devem ficar fortes até julho, começo de agosto, até lá não tem soja e é necessário restringir a demanda", acredita o consultor em agronegócio Ênio Fernandes. Assim, a primeira posição, julho/14, trabalha com um suporte entre US$ 14,60 e US$ 14,70 por bushel, e uma resistência entre US$ US$ 15 e US$ 15,10.
No mercado brasileiro, de acordo com Fernandes, o produtor "não deve errar muito nos preços" com o que ainda tem de soja da safra 2013/14 para comercializar. "No final do ano, temos os prêmios de disputa pela soja no mercado interno brasileiro. Então, ele pode errar o melhor momento, mas não erra muito com os preços porque o mercado está firme. Porém, para a próxima safra, temos um mercado de clima muito nervoso e o produtor tem que aproveitar para tentar travar seus custos", explica o consultor.
E é esse mercado de clima que deverá dar o tom, cada vez mais, aos negócios nas posições mais longas praticadas em Chicago em função do andamento do plantio da nova safra norte-americana. Até o momento, as condições climáticas são bastante favoráveis e os trabalhos de campo têm evoluído de forma muito satisfatória, com índices de plantio acima da média tanto para a soja quanto para o milho nas principais regiões produtoras.
"O produtor não deve se assustar com um plantio evoluindo bem. Quando os Estados Unidos estiver com algo entre 85 e 90% da soja plantada, por volta do dia 10 de junho, aí o mercado de clima vai falar mais alto. Assim, entre os dias 10 de junho e 10 de julho, nós poderemos ter as maiores oscilações de mercado. Conforme o clima vai se desenvolvendo, os preços vão reagindo", diz Ênio Fernandes.
Com isso, o consultor reafirma a necessidade de acompanhamento do clima nos Estados Unidos, principalmente, no desenvolvimento e enchimento de grãos no país, além do andametno das vendas futuras, que já estão ocorrendo. "Clima e a demanda para a próxima safra serão os determinantes para o mercado. Os sinais da demanda são muito positivos, mas a incerteza sobre o clima é muito grande. Quando chegarmos à florada e ao enchimento de grãos, o clima tem que ser acompanhado diariamente", diz.
USDA: Plantio da soja chega a 78% nos EUA
Em um boletim divulgado nesta segunda-feira, às 17h (horário de Brasília), o USDA informou que o plantio da soja foi concluído em 78% da área até o último domingo, 1º de junho. Novamente, o número ficou bem acima da média histórica para o período, que é de 70%, e evoluiu significativamente em relação à semana anterior, quando 59% da área já estava plantada.
O departamento informou ainda que 50% das lavouras de soja já emergiram, contra um índice de 25% na semana anterior e acima dos 45% da média histórica.
Veja como fechou o mercado do milho nesta segunda-feira:
Milho: Demanda dá suporte e preços fecham pregão com leves altas na CBOT
Na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações futuras do milho fecharam o pregão desta segunda-feira (02) em campo misto. Durante a sessão, as principais posições da commodity reverteram as perdas e finalizaram o dia com altas entre 1,00 e 1,25 pontos. O vencimento julho/14 se manteve do lado negativo da tabela, cotado a US$ 4,65 por bushel. Mais cedo, o contrato atingiu o nível de US$ 4,60 por bushel, o menor patamar desde 28 de fevereiro.
O mercado refletiu a demanda aquecida pelo produto norte-americano e encerrou o pregão com ligeiros ganhos. Nesta segunda-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou os embarques semanais do produto em 976,06 mil toneladas até o dia 29 de maio.
Apesar do recuo em relação à semana anterior, na qual foram embarcadas 1.160,14 milhão de toneladas, o número permanece firme. No acumulado no ano comercial, o número é de 33.665,567 milhões de toneladas, contra 48.260,00 projetados pelo USDA.
Nas últimas semanas, as cotações do cereal têm sido pressionadas pelas condições climáticas favoráveis nos EUA. Após as preocupações iniciais e especulações sobre um possível atraso na semeadura do grão norte-americano, o clima tem sido favorável ao término da semeadura, assim como, ao desenvolvimento das lavouras.
Frente a esse cenário, a expectativa é de uma produção cheia nos EUA. De acordo com o economista da Faeg (Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás), Pedro Arantes, os estoques estão mais confortáveis nessa safra e com projeção de boa safra no país, as cotações do cereal ainda podem recuar.
Ainda assim, analistas sinalizam que é preciso acompanhar as previsões climáticas para os EUA, especialmente no mês julho, quando as lavouras estarão em fase de enchimento de grãos. Por outro lado, é preciso ressaltar que as cotações mais baixas estimulam a demanda, principalmente para a produção de etanol e setor de rações.
BMF&Bovespa
Na BMF&Bovespa, as cotações do cereal operam do lado positivo da tabela, após as perdas recentes. O mercado acompanha o movimento registrado em Chicago e também esboça uma recuperação no pregão desta segunda-feira. O contrato julho/14 é cotado a R$ 27,10.
Em contrapartida, os preços praticados no mercado interno registraram perda expressiva durante o mês de maio. O mercado reflete o aumento na oferta disponível, uma vez que, os produtores avançaram nas negociações da safra de verão, assim como a proximidade da colheita da segunda safra.
De acordo com levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, durante o mês de maio, o valor da saca de 60 kg do grão fechou o dia 30/05 cotada a R$ 22,50 em Não-me-toque (RS), uma desvalorização de 10% em relação ao início do mês. No mesmo período, o valor da saca recuou 13,04% e terminou o mês negociada a R$ 20,00 em Ubiratã (PR).
Do mesmo modo, a cotação da saca de milho diminuiu durante o mês de maio em Tangará da Serra (MT), de R$ 22,50 para R$ 21,00, uma redução de 6,67%. Já em São Gabriel do Oeste (MS), os preços baixaram de R$ 23,00 para R$ 20,00 no mesmo período, uma desvalorização de 13,04%. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), o recuo foi de 10,20% e a saca encerrou o mês cotada a R$ 22,00. No Porto de Paranaguá, a redução foi de 9,49%. Jataí (GO) foi a única praça que apresentou uma elevação nos preços de R$ 21,12 para R$ 25,50.
Ainda assim, o economista relata que após o pico da colheita da safrinha, daqui a 60 dias, os preços poderão apresentar uma melhora. O aquecimento das exportações brasileiras do produto também deverá contribuir para as cotações. No mês de maio, as exportações do produto brasileiro totalizaram 126,5 mil toneladas, com média diária de 6 mil toneladas, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.
O número representa uma queda de 78,6% no volume embarcado em comparação com abril, já em relação ao mesmo período do ano passado, a queda é de 63,1%.
Veja como fecharam as cotações nesta terça-feira:
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