Soja tem cenário positivo para preços e mais um dia de altas na CBOT
O mercado da soja continua subindo em Chicago e, no pregão eletrônico desta sexta-feira (23), os principais vencimentos subiam entre 5,50 e 9,50 pontos. Os fundamentos seguem no foco dos investidores e atuam como a base do quadro de suporte para as cotações.
Ontem, o mercado ainda foi impulsionado pelos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de vendas para exportação que elevaram ainda mais o volume comprometido de soja, farelo e óleo dos Estados Unidos. No caso do grão, a estimativa do departamento já foi superada em mais de 1 milhão de toneladas e nos derivados os números já se aproximam do total estimado.
Além disso, há ainda a possibilidade de um crescimento da demanda da China, maior consumidora mundial de soja, a oferta severamente escassa nos Estados Unidos e as vendas paradas na Argentina complementando um cenário positivo para os preços, que reforça a tendência firme de alta, segundo explicam analistas.
Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira (22):
Em Chicago, soja fecha o dia com altas de dois dígitos nesta 5ª feira
A soja fechou mais uma sessão com boas altas na Bolsa de Chicago. No pregão desta quinta-feira (22), as altas nos primeiros vencimentos chegaram a superar os 25 pontos e o contrato julho superou os US$ 15,30 por bushel. No entanto, ao final do pregão, as cotações se retraíram ligeiramente, mas ainda assim terminaram o dia com ganhos de dois dígitos, entre 13,50 e 20 pontos.
Frente a isso, a nova resistência do primeiro vencimento passa a ser algo entre US$ 15,50 e US$ 15,70 por bushel, segundo Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. "Para chegar aos US$ 16,00 são necessárias notícias novas, porque os fundamentos já são conhecidos", diz.
No entanto, esse quadro fundamental ainda é o principal fator não só de sustentação, mas também de estímulo à commodity no mercado internacional. Os investidores ainda refletem os estoques historicamente ajustados nos Estados Unidos, uma oferta preocupantemente escassa e a demanda mundial crescente, principalmente por parte da China.
Crescimento da demanda chinesa
A nação asiática tem demonstrado nos últimos anos um crescimento no consumo de carnes, ovos, leite e queijos, o que também, segundo explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, e esse tem sido um importante fator de suporte para as cotações.
Esse movimento deve acarretar, portanto, a demanda por soja em grão, que é matéria-prima para todos esses produtos, principalmente por meio do farelo de soja. Assim, UM aumento da produção nos EUA e na América do Sul, principalmente Brasil, Argentina e Paraguai - que devem registrar áreas recorde de plantio na temporada seguinte - faz com que os preços desses produtos cheguem ao consumidor final mais atrativos, provocando um aumento da demanda.
Nesta quinta-feira, o Instituto de Agricultura e Pesquisas Econômicas da Austrália divulgou uma estimativa de que as importações de carnes por parte da China, até 2050, deverão aumentar 3500%, alcançando uma receita de US$ 150 bilhões.
O aumento da classe média no país é uma das razões para esse aumento do consumo. Nas últimas semanas, os preços dos ovos e dos suínos passaram por um rally, estimulando a compra de 600 mil toneladas de soja por parte dos processadores chineses. Esse cargo deverá ser embarcado somente após o dia 1º de abril.
Relatório de Exportações Semanais do USDA
Confirmando essa intensa e ainda muito presente força da demanda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) com números acima do esperado pelo mercado. Não só as exportações de soja em grão têm avançado, como também as de farelo e óleo.
Na semana que terminou no dia 9 de abril, as vendas norte-americanas de soja referentes à safra 2013/14 ficaram em 164,4 mil toneladas, contra 73,6 mil toneladas reportadas na semana anterior. O volume ficou bem acima das expectativas, que eram de no máximo 80 mil toneladas diante do alto volume da oleaginosa dos EUA já comprometido.
O USDA estima que, em todo o ano comercial, o qual termina em agosto, os Estados Unidos exportem 43,5 milhões de toneladas. As vendas para exportação, no entanto, já passam de 44,9 milhões de toneladas no acumulado da temporada e os embarques efetivos já se aproxima de 42 milhões de toneladas.
No caso do óleo de soja, as vendas somaram 41,3 mil toneladas, com 40 mil destinadas à China, e o acumulado do ano subiu para 634,8 mil toneladas. O departamento americano aposta em vendas de 750 mil toneladas. As exportações de farelo de soja também estão aceleradas e, na semana em questão, foram de 186,3 mil toneladas. O USDA estima as exportações em 10.070 milhões de toneladas e até o momento já vendeu 9.400,5 milhões.
Segundo Brandalizze, diante desses números, o que se espera é que no próximo boletim de oferta e demanda O USDA aumente as estimativas para essas exportações "para que as contas fechem".
Vendas paradas na Argentina
Paralelamente, na Argentina, produtores sofrem com as chuvas excessivas comprometendo o bom desenvolvimento da colheita. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou, nesta quinta-feira, que apenas 69,9% da área já está colhida, apresentando um aumento de apenas 3 pontos percentuais em relação à semana anterior. Em anos anteriores, o índice era de 90% para esse mesmo período.
A instituição acredita que a produção argentina alcance 55,5 milhões de toneladas, com um aumento de 14,85 em relação ao ciclo anterior. No entanto, as vendas chegam a apenas 30% do total, já que os sojicultores têm evitado efetivar novas vendas diante de um momento ainda desfavorável - com o peso extremamente desvalorizado diante do dólar - e com cerca de US$ 5,00 por bushel ficando para as chamadas retenciones, o imposto de 35% pago pelo sojicultor argentino pela soja exportada, ainda segundo Vlamir Brandalizze.
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