Um grupo de moradores da comunidade de Posto da Mata, em Alto Boa Vista, a 1.064 quilômetros de Cuiabá, foi detido neste domingo (30) por agentes da Força Nacional de Segurança pela suspeita de atear fogo no caminhão da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que carregava sete toneladas de alimentos que seriam entregues para os índios da região na última sexta-feira (28).
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De Brasília em uma entrevista concedida por telefone, o secretário de Articulação Social da Presidência da República, Paulo Maldos, informou que o motorista e mais um rapaz da Funasa foram rendidos por um grupo de 20 homens armados. “Eles renderam o motorista e mais um acompanhante e levaram os dois para um hotel. Lá, eles fizeram tortura psicológica e ameaças de morte”, afirmou. Maldos confirmou ainda ao G1 que os alimentos foram saqueados pelos moradores antes do caminhão ser incendiado.
Após o incidente, a Associação dos Produtores de Suiá Missú reiterou que as cestas básicas só foram recolhidas porque os moradores da comunidade estariam “passando fome". Desde o ocorrido, o vilarejo de Posto da Mata passou a ser monitorado pela Força Nacional de Segurança e a tensão na localidade aumentou. A comunidade concentra o último foco de resistência dos não índios contrários à desocupação da Terra Indígena de Marãiwatsédé.
Neste domingo, a comunidade foi cercada por aproximadamente 50 agentes. Depois da notificação das grandes e médias propriedades da região, o Posto da Mata é o próximo alvo pelo cronograma de notificações da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Porém, moradores relataram ao G1 que a chegada do reforço policial na região causou pânico porque, segundo eles, foram utilizadas bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta. A circulação de pessoas pelo local, em um primeiro momento foi impedida, informou os moradores. “Fiquei desesperada. Eles passaram de helicóptero soltando bombas. Uma delas caiu no meu telhado e outra no quintal da minha casa", declarou Neuza Fernandes.
Os agentes formaram uma espécie de 'Quartel General' no Posto de Combustíveis da localidade. E de lá vão seguir com oficiais de Justiça para cumprir a determinação da Justiça.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, disse ao G1 que também foi acionado pelos moradores a respeito da abordagem das Forças de Segurança no local, que foi classificada como truculenta. "Os produtores estão desesperados e entraram em contato comigo pedindo socorro", destacou.
“Na madrugada de hoje a gente sabia que podia fazer a ação. As forças policiais ocuparam o território para o cumprimento da decisão judicial. Essa ação foi planejada para ser ordeira, pacífica e evitar qualquer confronto entre moradores e os policiais”, explicou Maldos. O representante do governo federal rebateu a acusação de que foram usadas bombas e gás lacrimogênio contra a população.
Processo de desocupação
desocupação (Foto: Reprodução/TVCA)
O processo de desocupação dividiu a Terra Indígena de Marãiwatsédé, do povo Xavante, em quatro áreas. Pelo plano serão desocupadas as grandes propriedades, seguidas pelas médias e pequenas. A comunidade de Posto da Mata será a última a ser desocupada.
Em comunicado à imprensa, a Funai informou que em quase 20 dias de operação foram vistoriadas 83 fazendas, sendo que 46 delas foram desocupadas. Somente entre os dias 20 e 27 de dezembro foram atingidas mais 30 fazendas, estando 16 desalojadas. A fundação afirmou ainda que em alguns locais as equipes estão tendo dificuldades de acesso e, por isso, há a necessidade do uso de aeronaves para o cumprimento dos mandados.
A área em disputa tem uma extensão aproximada de 165 mil hectares. Ainda de acordo com a Funai, o povo xavante ocupa a área Marãiwatsédé desde a década de 1960. Nesta época, a Agropecuária Suiá-Missú instalou-se na região. Em 1967, índios foram transferidos para a Terra Indígena São Marcos, na região sul de Mato Grosso, e lá permaneceram por cerca de 40 anos.
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Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR
muita injustisa o que estão fazendo