Fala Produtor - Mensagem

  • Luis Fernando Marasca Fucks Giruá - RS 07/06/2007 00:00

    Ol&aacute;, Jo&atilde;o Olivi! Muito obrigado pela sua aten&ccedil;&atilde;o. O Not&iacute;cias Agr&iacute;colas divulgou carta de Sr. Giovanni Giotti, onde relata sobre a diferen&ccedil;a de pre&ccedil;o de um determinado princ&iacute;pio ativo comercializado no Brasil e na Argentina. Pois &eacute;, triste realidade a nossa. Vivemos uma globaliza&ccedil;&atilde;o ao contr&aacute;rio, com custos de produ&ccedil;&atilde;o locais e pre&ccedil;os de commodities globais. Os nossos vizinhos do Mercosul fizeram seu dever de casa, tornando-se grandes competidores internacionais, exportando para o Brasil e o mundo. O Rio Grande do Sul neste contexto, talvez seja o Estado da Federa&ccedil;&atilde;o mais prejudicado, uma vez que as caracter&iacute;sticas edafoclim&aacute;ticas do Cone Sul s&atilde;o semelhantes, ou seja, todos produzimos trigo, arroz, milho, linho, carnes, l&atilde; e outros cereais de clima temperado. Competimos todos pelo mesmo espa&ccedil;o em um mercado liberalizado para o com&eacute;rcio de commodities, mas engessado para a importa&ccedil;&atilde;o de insumos. Resultado: sempre perdemos, pois nossos custos s&atilde;o maiores. <br />Nesse contexto de grande complexidade, a frase m&aacute;xima que talvez resuma as rela&ccedil;&otilde;es comerciais agr&iacute;colas do Brasil com a Argentina poderia ser esta, elaborada pelo Segundo vice-presidente de Nosso Sindicato: &ldquo;a Argentina n&atilde;o tem produ&ccedil;&atilde;o suficiente para abastecer o Brasil, mas sim para esculhambar com nossos pre&ccedil;os&rdquo; (Carlos Alberto Bert&atilde;o Marques). <br />Pelos meus c&aacute;lculos, caso tiv&eacute;ssemos os mesmos custos dos insumos (incluindo o &oacute;leo diesel) que lhe passei, seria poss&iacute;vel ter lucro na triticultura ga&uacute;cha, produzindo 1800 kg/ha de trigo e vendendo o a saca ao pre&ccedil;o de R$ 15,00. <br />Outra constata&ccedil;&atilde;o desanimadora, Jo&atilde;o Olivi, &eacute; de que a nossa agricultura (pelo menos a Ga&uacute;cha) sobrevive das trag&eacute;dias alheias, ou seja, existe perspectiva de renda quando algum fator clim&aacute;tico ou evento econ&ocirc;mico adverso afeta o agroneg&oacute;cio em outro pa&iacute;s. &Eacute; dif&iacute;cil obter renda em condi&ccedil;&otilde;es de normalidade de mercado. Por outro lado, talvez nem isso seja verdade, pois hoje existe uma euforia sobre agroenergia (biocombust&iacute;veis) e mesmo assim, n&atilde;o conseguimos renda. <br />&Eacute; claro que o d&oacute;lar tem culpa nisso, mas caso n&atilde;o retirarmos as barreiras que impedem a redu&ccedil;&atilde;o do custo de produ&ccedil;&atilde;o, a agricultura ser&aacute; uma eterna marcha dos agoniados, para n&atilde;o dizer constantemente preocupados e estressados. <br />Tenho 34 anos de vida e outra constata&ccedil;&atilde;o: este estado de coisas, para mim, n&atilde;o serve mais. A minha vis&atilde;o do futuro do agroneg&oacute;cio no Brasil &eacute; muito pessimista. Basta olhar o passado recente para verificar que a securitiza&ccedil;&atilde;o e o PESA, solu&ccedil;&otilde;es criadas para resolver o endividamento dos planos econ&ocirc;micos, j&aacute; n&atilde;o consegue ser paga. Agora somos novamente devedores por conta de secas, altos custos, juros extorsivos e desvaloriza&ccedil;&atilde;o cambial (acredite, tudo isso aconteceu comigo &ldquo;concomitantemente&rdquo;). <br />O que espero, hoje, de nossos dirigentes, &eacute; uma nova securitiza&ccedil;&atilde;o com prazo m&iacute;nimo de 20 anos e juros muito baixos. Havendo a securitiza&ccedil;&atilde;o, estimo um prazo de dois anos (duas safras de soja) para que os problemas conjunturais do agroneg&oacute;cio, tais como custos, impostos e juros, comecem a ser solucionados. N&atilde;o havendo isso, creio ser melhor abandonar a atividade, n&atilde;o arriscando o que ainda resta do patrim&ocirc;nio. Digo isso com propriedade, pois sou Engenheiro Agr&ocirc;nomo com Mestrado em Zootecnia pela UFRGS, MBA em Gest&atilde;o Empresarial pelo curso de extens&atilde;o da FGV, al&eacute;m de produtor rural que usa como ferramentas gerenciais princ&iacute;pios da qualidade total, software de gest&atilde;o rural, planilhas eletr&ocirc;nicas de excel, internet, Google Earth Plus, GPS e outros. Tamb&eacute;m moro na propriedade, estou diariamente supervisionando o meu neg&oacute;cio e n&atilde;o tenho gastos pessoais despropositados. <br />Jo&atilde;o, honestamente e despido de qualquer petul&acirc;ncia: se n&atilde;o consigo fazer meu neg&oacute;cio gerar renda, quem mais poderia? Devo vender o meu neg&oacute;cio a algu&eacute;m mais competente? <br />Um grande abra&ccedil;o. <br />

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