Não é uma profecia do caos. Porém, nunca a agricultura mato-grossense teve todos os ingredientes para o insucesso de uma safra como a que se visualiza para a de 2007/2008. Sem nenhuma explicação que convença o mais ingênuo mortal, temos os preços dos insumos aumentando em até 40%, o dólar caindo para patamares inimagináveis e a já conhecida falta de infra-estrutura de transporte elevando os preços dos fretes.<br />
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Por outro lado, em que pese os esforços de parlamentares e lideranças ruralistas em discutir a questão das dívidas rurais, como resolver também este problema se a solução do mesmo passa única e exclusivamente pela recuperação da renda agrícola? Claro que sabemos que não existe a mínima recuperação de renda para a agricultura de Mato Grosso se não se implantar em sua totalidade as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).<br />
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Então, por que plantar? Apenas para sustentarmos os recordes de exportações que faz a alegria da equipe econômica do governo federal? Ou ainda para que com o crescente volume de exportações agrícolas reduzirmos ainda mais o valor do dólar diante do real e aumentar ainda mais as dívidas rurais? Isto é algo sem sentido.<br />
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A situação é tão grave que me faz lembrar aquela ONG canadense que tentou nos convencer a implantar o ano sabático na agricultura brasileira, ou seja, aquele ano que não plantaríamos. A reação de todos foi não aceitar em qualquer hipótese a proposta. Falou mais alto nosso sentimento verde e amarelo. E agora? Teremos de realizar um ano sabático de qualquer forma, com ou sem a ONG canadense.<br />
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Certamente que muito dos produtores rurais já pensaram em pelo menos reduzir a produção, porém, imaginam que se diminuírem a área plantada passarão ao mercado a imagem que estão quebrando. Puro equívoco, o mercado sabe que a cada safra, se algo de extraordinário não vier a acontecer, a possibilidade da quebradeira geral é iminente.<br />
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Que saudade da ONG canadense! Mas voltando à situação e possibilidade de uma quebradeira geral, além do mercado ter consciência da real situação dos agricultores, o próprio governo federal atesta isto. A página da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na Internet, informa o custo de produção de uma saca de soja no município de Primavera do Leste, nesta safra, em torno de R$ 26,00, porém, quando informa os preços praticados pelo mercado durante a safra, indica que em Mato Grosso os preços giraram em torno de R$ 25,00 e o preço mínimo de R$ 14,00. E àqueles produtores que tiveram seus custos maiores que os levantados pelo governo?<br />
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Pelo amor de Deus, não plantem! Esta é a orientação que os técnicos, que têm o mínimo de responsabilidade, devem passar a seus clientes. Exagero? Para alguns pode até parecer que sim, mas a situação é tão crítica que rentabilidade na sojicultura somente pode ser garantida para aqueles que plantam grandes áreas e que estão capitalizados ou possuem facilidades de captar recursos internacionais. Quem são estes produtores? Não mais que meia dúzia!<br />
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Para não plantar a próxima safra a primeira decisão a ser tomada é não comprar os insumos. Tenham coragem, façam isto!<br />
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*Amado de Oliveira Filho é economista e consultor da Federação de Agrcultura e Pecuária do Estado de Mato Gosso (Famato). E-mail: [email protected]<br />
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Artigo: Pelo amor de Deus, não plantem! <br />
24 de maio de 2007 - 08:50h <br />
Autor: Amado de Oliveira Filho <br />
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Não é uma profecia do caos. Porém, nunca a agricultura mato-grossense teve todos os ingredientes para o insucesso de uma safra como a que se visualiza para a de 2007/2008. Sem nenhuma explicação que convença o mais ingênuo mortal, temos os preços dos insumos aumentando em até 40%, o dólar caindo para patamares inimagináveis e a já conhecida falta de infra-estrutura de transporte elevando os preços dos fretes.<br />
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Por outro lado, em que pese os esforços de parlamentares e lideranças ruralistas em discutir a questão das dívidas rurais, como resolver também este problema se a solução do mesmo passa única e exclusivamente pela recuperação da renda agrícola? Claro que sabemos que não existe a mínima recuperação de renda para a agricultura de Mato Grosso se não se implantar em sua totalidade as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).<br />
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Então, por que plantar? Apenas para sustentarmos os recordes de exportações que faz a alegria da equipe econômica do governo federal? Ou ainda para que com o crescente volume de exportações agrícolas reduzirmos ainda mais o valor do dólar diante do real e aumentar ainda mais as dívidas rurais? Isto é algo sem sentido.<br />
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A situação é tão grave que me faz lembrar aquela ONG canadense que tentou nos convencer a implantar o ano sabático na agricultura brasileira, ou seja, aquele ano que não plantaríamos. A reação de todos foi não aceitar em qualquer hipótese a proposta. Falou mais alto nosso sentimento verde e amarelo. E agora? Teremos de realizar um ano sabático de qualquer forma, com ou sem a ONG canadense.<br />
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Certamente que muito dos produtores rurais já pensaram em pelo menos reduzir a produção, porém, imaginam que se diminuírem a área plantada passarão ao mercado a imagem que estão quebrando. Puro equívoco, o mercado sabe que a cada safra, se algo de extraordinário não vier a acontecer, a possibilidade da quebradeira geral é iminente.<br />
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Que saudade da ONG canadense! Mas voltando à situação e possibilidade de uma quebradeira geral, além do mercado ter consciência da real situação dos agricultores, o próprio governo federal atesta isto. A página da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na Internet, informa o custo de produção de uma saca de soja no município de Primavera do Leste, nesta safra, em torno de R$ 26,00, porém, quando informa os preços praticados pelo mercado durante a safra, indica que em Mato Grosso os preços giraram em torno de R$ 25,00 e o preço mínimo de R$ 14,00. E àqueles produtores que tiveram seus custos maiores que os levantados pelo governo?<br />
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Pelo amor de Deus, não plantem! Esta é a orientação que os técnicos, que têm o mínimo de responsabilidade, devem passar a seus clientes. Exagero? Para alguns pode até parecer que sim, mas a situação é tão crítica que rentabilidade na sojicultura somente pode ser garantida para aqueles que plantam grandes áreas e que estão capitalizados ou possuem facilidades de captar recursos internacionais. Quem são estes produtores? Não mais que meia dúzia!<br />
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Para não plantar a próxima safra a primeira decisão a ser tomada é não comprar os insumos. Tenham coragem, façam isto!<br />
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*Amado de Oliveira Filho é economista e consultor da Federação de Agrcultura e Pecuária do Estado de Mato Gosso (Famato). E-mail: [email protected]<br />
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