Fala Produtor - Mensagem

  • Walter Ferreira Lima Centenário do Sul - PR 05/11/2009 23:00

    Há pouco tempo li um artigo do Senador Cristovam Buarque intitulado APARÊNCIAS ESCOLHIDAS que dizia “Há alguns anos, em um sinal de trânsito, às duas da tarde, em Manaus, o motorista mostrou-me o fusquinha ao lado e disse: “Ele fecha os vidros para dar a aparência que seu carro tem ar-condicionado.” Na hora, percebi que aquele era um retrato do Brasil. Não importava sentir calor, mas sim aparentar ter ar-condicionado.”

    Vejo que na agricultura está ocorrendo à mesma coisa, como se ela fosse um navio lotado de soja, milho, trigo, café, arroz, feijão, carnes, etc. que de tão lotado está começando a afundar, enquanto isso no salão de festas deste grande navio, muitos produtores e muitos dos nossos representantes, tanto políticos quanto classistas estão num grande baile regado a muita champanhe e pratos finos, fazendo acordos paliativos e mantendo as aparências como se nada estivesse acontecendo, mas no navio a água já está entrando e as saídas cada vez mais difíceis. Com evitar o naufrágio?

    Creio que a primeira coisa a ser feito é os nossos verdadeiros lideres começarem a ouvir os “sons da floresta”, cabe aqui uma explicação, em um curso de liderança aprendi que o bom líder só conseguirá corresponder às expectativas e procurar resolver os problemas de seus liderados se conseguir ouvir e entender suas necessidades e anseios, os “sons da floresta”, percebo que existe uma distância muito grande entre nossos representantes e a base, parecendo que a falta de renda e o endividamento não são tão grave assim. Vejo muita acomodação.

    A segunda coisa a ser feito é deflagrar imediatamente uma campanha para diminuirmos nossa produção para ter aumento de preços e diminuição de custos, vejo que a melhor maneira para fazer isto seria deixando 25% a cada ano, num ciclo de quatro anos, da nossa área de plantio em descanso para recuperação do solo. (Quando o governo tomar as medidas necessárias citadas a seguir cancelaríamos esta ação).

    A terceira, nós temos que exigir do governo imediatamente a solução do endividamento, com alongamento e carência para pagamento, pois está claro que esta solução ainda não ocorreu por problemas ideológicos, que só serão superados com muita pressão dos agricultores.

    A quarta, nós temos que lutar para a implantação de uma política agrícola séria com preocupação por parte do governo com a segurança alimentar da população, viabilizando um seguro agrícola que garanta renda, preços mínimos que cubra todos os custos de produção, investimento em infra-estrutura de estradas, portos e armazenagem, um código florestal justo, o direito de propriedade garantido e uma política macroeconômica blindando o setor agrícola da alta carga tributária, dos juros altos e da valorização cambial, que nos tira a renda.

    A quinta, realização de um planejamento de produção para só produzirmos dentro do que for determinado, seguindo o padrão europeu, para evitar os excessos de produção, como esta ocorrendo agora com o milho, ou falta. Nós agricultores temos que saber o quanto produzir, a nação tem que garantir o que produzimos, quer que produzamos 200 milhões de toneladas, vamos buscar produzir isso, mas desde que garanta a renda, caso contrário vamos produzir o que podemos vender com lucro.

    Vamos lutar para salvar este navio de afundar, acorda homem do campo, mobilize-se, saia da comodidade e letargia, se não, a maioria perderá o seu patrimônio ou sofrerá ainda por muitos anos.

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