Fala Produtor - Mensagem

  • Rodrigo Tonet Campo Mourão - PR 04/11/2009 23:00

    Um breve comentario sobre o “manifesto em defesa do MST” na visão de um medio produtor: "Há alguns dias circulou pelas rodas intelectuais e pensantes das universidade brasileiras um Manifesto em Defesa do MST. Tal manifesto redigido no Rio de Janeiro conta com varias assinaturas de intelectuais e ativistas brasileiros e, pasmem, estrangeiros também. A primeira coisa que me vem em mente é: Por que o manifesto foi redigido no Rio de janeiro? Estado cuja agricultura é inexpressiva e que acredito ter muitos problemas a serem resolvidos além da questão agraria. Acredito ainda que a paz reina nos poucos campos do Rio de Janeiro, fato que não é verdadeiro bem proximo das casas dos mentores desse manifesto.

    A segunda coisa que me deixa indignado é que as primeiras assinaturas do manifesto são de estrangeiros:

    Eduardo Galeano - Uruguai

    István Mészáros - Inglaterra

    Ana Esther Ceceña - México

    Boaventura de Souza Santos - Portugal

    Daniel Bensaid - França

    Isabel Monal - Cuba

    Michael Lowy - França

    Claudia Korol - Argentina

    Carlos Juliá - Argentina

    Miguel Urbano Rodrigues - Portugal

    Carlos Aguilar - Costa Rica

    Ricardo Gimenez - Chile

    Pedro Franco - República Dominicana

    Isso é um absurdo que o povo brasileiro não pode aceitar, pois se trata de uma questão interna do Brasil, independente da legitimidade ou não do MST. Qual o interesse destes estrangeiros nos problemas brasileiros? Seus Países não têm problemas sociais? Sra. Isabel Monal, a agricultura cubana é democrática e eficiênte? Sra. Claudia Korol e Carlos Juliá, a seca argentina, que quebrou com 50% da produção de trigo e 40% produção de soja, gerou resultados positivos? De forma alguma devemos levar em consideração essas assinaturas, pois repito, essa é uma questão única exclusivamente brasileira esteja o MST certo ou errado. Outra assinatura que eu particularmente não levo em consideração é do escritor Luis Fernando Verissimo, grande escritor brasileiro, porém sua obra esta voltada para cronicas urbanas e geralmente pouco criticas, salvo por uma pequena parcela de textos publicados em colunas de diversos jornais brasileiros que abordam questões políticas. Textos estes muitas vezes redigidos de Paris, bem longe dos problemas brasileiros.

    Quanto aos demais brasileiros que assinaram tal minifesto, o que estas pessoas sabem sobre a questão agraria brasileira e o MST? Elas conhecem a realidade dos acampamentos do MST? Elas realmente acreditam que o modelo agricolas do MST é realmente capaz de produzir alimentos para o Brasil e para mundo, mesmo que eles tenham que receber cestas basicas para o seu proprio sustento? E qual é o interesse real dessas pessoas pela questão agrária brasileira, não o interesse escrito nos panfletos mas o interesse efetivo, aqueles discutidos a portas fechadas somente com os lideres do movimento.

    Se o MST é um movimento social legitimo por que não está regularizado como tal, com cnpj e lideranças e estrutura administrativa formais conhecidadas pela população? Se o movimento é realmente democratico como se diz, por quê tem as mesmas lideranças desde sua formação e não há eleição de seus lideres?

    O episodio da cutrale só ilustra a forma de ação do MST..., se aquilo não é vandalismo eu não sei como classificar tal ato, mas com certeza não é nenhum bom exemplo de boa forma de atuação de movimento social legitimo e bem intensionado.

    É fato que a agropecuária tem problemas e o modelo de produção vigente não é perfeito, mas o modelo de produção dos assentamentos é ainda pior, pois os assentamentos tem a terra mas não tem os equipamentos basicos e capital de giro para iniciar qualquer cultivo, mesmo que o assentado tenha realmente a intenção de ser um produtor rural.

    Os pequenos produtores brasileiros já passam por dificuldades mesmo estando há anos na agropecuaria, imaginem como será o desempenho de uma pessoa totalmente despreparada, sem experiência prévia e sem os meios de produção. Se muito conseguirá seu próprio sustento e dificilmente gerará algum excedente para ser comercializado. Outro agravante é que as culturas implantadas nos assentamentos (quando implantadas), estas acabam sendo as mesmas da agricultura comercial, tais como soja e milho, demandando insumos e mecanização, na maioria das vezes terceirizada. Se é assim como o modelo do MST será mais eficiênte que o modelo da agricultura comercial? Se eu, como agricultor estruturado, com experiência e com os recursos que disponho, não consigo atingir os indices de produtividade, os assentados conseguirão?

    Esses fatos me levam a uma questão no mínimo instigante: O objetivo do MST é promover uma reforma ágraria justa, honesta, competente e democrática e geradora de riquezas e assim melhorando a qualidade de vida dos “agricultores” ou essa é apenas a plataforma para um projeto de poder politico? Se a segunda opção for a correta a produção é apenas coadjuvante nessa historia...

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