Segue importante artigo de um grande amigo economista – com muitos anos de experiência Internacional - mas que, infelizmente, ainda não pode identificar-se.
A IMPORTANCIA DE TERMOS UMA TRADING COMPANY NACIONAL COOPERATIVA OU ESTATAL
O Governo Brasileiro pretende apoiar o comércio exterior através do incentivo às exportações e não mais através de políticas restritivas às importações. Redução de impostos e elevação do crédito já estão sendo propostas pelo Ministério da Fazenda e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Contudo, esse apoio não pode se restringir, apenas, às políticas fiscal e monetária. Há necessidade de ações mais estratégicas, que envolvam, por exemplo, a nossa velha proposta de criação de uma trading company brasileira, especializada em agribusiness, sobretudo de cooperativas sérias e já com resultados.
Todos já conhecem, o papel estratégio exercido pelas multinacionais no comércio exterior. Entre 60% e 80% do comércio exterior é, hoje, realizado intragrupo ou intrafirma, ou seja, é realizado entre as matrizes e filiais das empresas multinacionais.
Assim, a filial brasileira da VolksWagen, por exemplo, alavanca as exportações de sua matriz alemã através da importação de peças, motores, tecnologia etc..
Por outro lado, a filial brasileira da Volkswagen influencia, também, a política de comércio exterior do Brasil a favor da Alemanha (exemplo recente foi a suspensão das restrições às importações brasileiras, após pressão de diversas empresas importadoras).
Além disso, desde que o Estado (Banco do Brasil) começou a se retirar do financiamento agrícola (pela errônea política neoliberal adotada desde FHC e, infelizmente, ainda não alterada no Governo Lula, pela forte pressão e presença do PMDB), esse espaço passou a ser ocupado por um oligopólio de quatro trading companies multinacionais (BUNGE, CARGILL, ADM e DREYFUS) e que até a safra anterior controlavam mais da metade (em torno de 60%) do financiamento da safra de grãos brasileira.
Não temos nada contra empresas multinacionais. Contudo, a atual crise econômica internacional demonstrou o erro estratégico de o País permitir que o setor onde detém as maiores vantagens comparativas (o agronegócio) seja dominado por oligopólio de empresas multinacionais.
Quando a crise se acirrou em setembro de 2008 e a liquidez internacional piorou, as trading companies suspenderam, rapidamente, o financiamento da safra agrícola, levando o campo a uma enorme crise, vez que o BB - por conta própria e pelo desgoverno - por seu lado, burocratizou, retardou e suspendeu/reduziu o limite de crédito das pequenas e médias empresas e cooperativas e ainda elevou os “spreads” (até o momento nada foi solucionado e mesmo com o Governo implorando).
Nosso País já possui uma grande trading company (PETROBRÁS), que atua no setor de petróleo e derivados; uma gigantesca trading company (VALE), que atua no setor de minérios; e nenhuma trading company desse porte, para atuar no setor onde o Brasil é mais competitivo, o agronegócio (se o BB ainda tivesse a CACEX tudo seria muito mais fácil para os produtores rurais e suas cooperativas e agroindústrias).
Se o Brasil possuísse, por exemplo, uma esmagadora de soja na China, não havendo perda financeira, essa empresa poderia dar prioridade à compra de grãos de soja brasileira (ou de farelo ou óleo), alavancando nossas exportações.
Hoje, nossa soja é comprada pela filial da Cargill na China, por exemplo, somente depois de uma criteriosa avaliação sobre as vantagens da empresa comprar soja americana.
“O mesmo ocorre com o café na Europa e Ásia (onde há um forte bloqueio de preços e de acesso ao varejo final, praticado pelas grandes torrefadoras/distribuidoras locais, sendo que o café verde sai do Brasil para a Alemanha em média por US$ 2,00/kg e é re-exportado para países vizinhos por US$ 12,00/kg de torrado e moído, ou seja, no mínimo 4 vezes mais, consideradas as perdas de processamento e custos de distribuição). Na carne bovina também ocorre o mesmo, graças ao conhecido bloqueio dos atacadistas e intermediadores da Bélgica (a maior parte é desembarcada no porto de Ghent, onde impera o chamado “cartel de Ghent”), sendo que na U.E. o preço da alcatra, por exemplo, é cerca de US$ 30,00/kg no varejo e, no Brasil, o valor pago pela arroba liquida (15 kg) equivale em média a apenas US$ 2,00/kg, ou seja, cerca de 10 vezes menos, consideradas as perdas, processamentos, fretes e a elevadíssima intermediação final (o frigorífico brasileiro fica com os subprodutos, cerca de 40% de peso bruto, e não remunera o pecuarista por isto). No Japão, ainda não acessado por nós, a picanha chega a valer US$ 70,00/kg no varejo. Na carne suína e em muitos outros alimentos ocorre da mesma forma e, infelizmente, também por não termos uma trading nacional cooperativa ou estatal, não conseguimos de nenhuma forma alcançar o varejo deles (exceto um pouco em aves) e eles mandam no varejo totalmente nosso, onde as multis apenas européias detém cerca de 60% (Casino/Pão-de-Açucar + Carrefour) e sem falar no Wall-Mart e outras de países vizinhos.”
O próprio Governo Chinês prefere, muitas vezes, comprar a soja americana, como forma de compensar seu superávit comercial com os EUA. E como nossas exportações de grãos são, em sua maioria, F.O.B., o Brasil continua a ser "Comprado", sem ter uma política consistente de comércio exterior para o agronegócio (os EUA possuem um órgão, especificamente, para cuidar da exportação agrícola), setor responsável por 100% do superávit da Balança Comercial Brasileira em 2007 e 2008, “mas que tende a furar em 2009 exatamente por falta de apoio e de uma visão míope e até preconceituosa“.
“Assim, não se trata de uma proposta de re-estatizar a economia, mas nestes momentos difíceis seria muito importante para nosso País ter uma “TRADING COMPANY NACIONAL COOPERATIVA OU ESTATAL”.
“Na verdade, nós a tínhamos, mas por erros neoliberais – ainda incrivelmente não revistos – ela foi eliminada, à titulo de redução da máquina estatal e todos, hoje, saímos perdendo. No futuro - após o pleno amadurecimento econômico e cooperativo/associativo dos produtores rurais do País, em especial os familiares - talvez ela poderia até ser incorporada a empresas nacionais, mas neste momento que ela faz muita falta, isto faz.
“Como ela teria muito créditos externos - muito baratos e à inteira disposição - inclusive pelos embarques de muitos produtos, grãos e alimentos, ela também seria fundamental nas importações, processamentos e vendas de fertilizantes e outros insumos (inclusive para trocas com os produtores sem riscos de quedas dos preços) e, sobretudo, na geração de recursos antecipados para os produtores rurais produzirem e trabalharem, tudo devidamente protegido por “hedge“ e seguros rurais, prévios, feitos por tal trading nacional.
Por outro lado, o Brasil – com tais elevados volumes de vendas- passaria a ser “vendido” e não “comprado” e não se submeteria às pressões de recuos de preços dos cartéis e as barreiras dos demais países, como as atuais. Na verdade, precisamos entender que o mundo não só quer comprar – como muito precisa - do nosso barato e sagrado grão e alimento processado e somente nós ainda não percebemos isto. Temos o poder de “greyskull” nas mãos, mas, infelizmente, não estamos sabendo usá-lo e, pior, estamos matando lentamente e de forma unida a nossa “galinha dos ovos de ouro” - os produtores rurais - e desempregando, mal tratando e humilhando nossos trabalhadores rurais.”
“Com tanto, constante e progressivo, pacote de maldades, eles estão desencorajados, desesperançosos e não conseguem, sequer, se unirem (inclusive suas lideranças e os políticos seus representantes). É bom lembrar que, por muito menos os produtores argentinos fizeram todo o estardalhaço e pararam o País. Apenas no jornalismo sério e investigativo conseguem enxergar parceiros e uma possível luz de esperança. Por isto, a posse da Kátia Abreu na CNA – boa parte sustentada pela mídia, sobretudo neste site - continua sendo a esperança de todos.”
“Na atual conjuntura internacional, além de procurarem proteger seus mercados e seus produtores rurais, muitos países voltarão a utilizar intensamente as trading estatais, mas no Brasil tudo pode demorar e sequer sermos lidos ou ouvidos”. Contudo, nas últimas semanas, tenho impostado diversas análises, estudos e propostas neste site, e depois, feliz, noto que elas repercutem em todo o Brasil e que o Governo, graças a Deus, já vem tomando algumas medidas que aqui sugerimos.”
Paciência... e vamos em frente como insiste o JB.
G.
Prof. Clímaco Cézar (com inclusões entre parêntesis)
Amigos do Noticias Agrícolas.
Segue importante artigo de um grande amigo economista – com muitos anos de experiência Internacional - mas que, infelizmente, ainda não pode identificar-se.
A IMPORTANCIA DE TERMOS UMA TRADING COMPANY NACIONAL COOPERATIVA OU ESTATAL
O Governo Brasileiro pretende apoiar o comércio exterior através do incentivo às exportações e não mais através de políticas restritivas às importações. Redução de impostos e elevação do crédito já estão sendo propostas pelo Ministério da Fazenda e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Contudo, esse apoio não pode se restringir, apenas, às políticas fiscal e monetária. Há necessidade de ações mais estratégicas, que envolvam, por exemplo, a nossa velha proposta de criação de uma trading company brasileira, especializada em agribusiness, sobretudo de cooperativas sérias e já com resultados.
Todos já conhecem, o papel estratégio exercido pelas multinacionais no comércio exterior. Entre 60% e 80% do comércio exterior é, hoje, realizado intragrupo ou intrafirma, ou seja, é realizado entre as matrizes e filiais das empresas multinacionais.
Assim, a filial brasileira da VolksWagen, por exemplo, alavanca as exportações de sua matriz alemã através da importação de peças, motores, tecnologia etc..
Por outro lado, a filial brasileira da Volkswagen influencia, também, a política de comércio exterior do Brasil a favor da Alemanha (exemplo recente foi a suspensão das restrições às importações brasileiras, após pressão de diversas empresas importadoras).
Além disso, desde que o Estado (Banco do Brasil) começou a se retirar do financiamento agrícola (pela errônea política neoliberal adotada desde FHC e, infelizmente, ainda não alterada no Governo Lula, pela forte pressão e presença do PMDB), esse espaço passou a ser ocupado por um oligopólio de quatro trading companies multinacionais (BUNGE, CARGILL, ADM e DREYFUS) e que até a safra anterior controlavam mais da metade (em torno de 60%) do financiamento da safra de grãos brasileira.
Não temos nada contra empresas multinacionais. Contudo, a atual crise econômica internacional demonstrou o erro estratégico de o País permitir que o setor onde detém as maiores vantagens comparativas (o agronegócio) seja dominado por oligopólio de empresas multinacionais.
Quando a crise se acirrou em setembro de 2008 e a liquidez internacional piorou, as trading companies suspenderam, rapidamente, o financiamento da safra agrícola, levando o campo a uma enorme crise, vez que o BB - por conta própria e pelo desgoverno - por seu lado, burocratizou, retardou e suspendeu/reduziu o limite de crédito das pequenas e médias empresas e cooperativas e ainda elevou os “spreads” (até o momento nada foi solucionado e mesmo com o Governo implorando).
Nosso País já possui uma grande trading company (PETROBRÁS), que atua no setor de petróleo e derivados; uma gigantesca trading company (VALE), que atua no setor de minérios; e nenhuma trading company desse porte, para atuar no setor onde o Brasil é mais competitivo, o agronegócio (se o BB ainda tivesse a CACEX tudo seria muito mais fácil para os produtores rurais e suas cooperativas e agroindústrias).
Se o Brasil possuísse, por exemplo, uma esmagadora de soja na China, não havendo perda financeira, essa empresa poderia dar prioridade à compra de grãos de soja brasileira (ou de farelo ou óleo), alavancando nossas exportações.
Hoje, nossa soja é comprada pela filial da Cargill na China, por exemplo, somente depois de uma criteriosa avaliação sobre as vantagens da empresa comprar soja americana.
“O mesmo ocorre com o café na Europa e Ásia (onde há um forte bloqueio de preços e de acesso ao varejo final, praticado pelas grandes torrefadoras/distribuidoras locais, sendo que o café verde sai do Brasil para a Alemanha em média por US$ 2,00/kg e é re-exportado para países vizinhos por US$ 12,00/kg de torrado e moído, ou seja, no mínimo 4 vezes mais, consideradas as perdas de processamento e custos de distribuição). Na carne bovina também ocorre o mesmo, graças ao conhecido bloqueio dos atacadistas e intermediadores da Bélgica (a maior parte é desembarcada no porto de Ghent, onde impera o chamado “cartel de Ghent”), sendo que na U.E. o preço da alcatra, por exemplo, é cerca de US$ 30,00/kg no varejo e, no Brasil, o valor pago pela arroba liquida (15 kg) equivale em média a apenas US$ 2,00/kg, ou seja, cerca de 10 vezes menos, consideradas as perdas, processamentos, fretes e a elevadíssima intermediação final (o frigorífico brasileiro fica com os subprodutos, cerca de 40% de peso bruto, e não remunera o pecuarista por isto). No Japão, ainda não acessado por nós, a picanha chega a valer US$ 70,00/kg no varejo. Na carne suína e em muitos outros alimentos ocorre da mesma forma e, infelizmente, também por não termos uma trading nacional cooperativa ou estatal, não conseguimos de nenhuma forma alcançar o varejo deles (exceto um pouco em aves) e eles mandam no varejo totalmente nosso, onde as multis apenas européias detém cerca de 60% (Casino/Pão-de-Açucar + Carrefour) e sem falar no Wall-Mart e outras de países vizinhos.”
O próprio Governo Chinês prefere, muitas vezes, comprar a soja americana, como forma de compensar seu superávit comercial com os EUA. E como nossas exportações de grãos são, em sua maioria, F.O.B., o Brasil continua a ser "Comprado", sem ter uma política consistente de comércio exterior para o agronegócio (os EUA possuem um órgão, especificamente, para cuidar da exportação agrícola), setor responsável por 100% do superávit da Balança Comercial Brasileira em 2007 e 2008, “mas que tende a furar em 2009 exatamente por falta de apoio e de uma visão míope e até preconceituosa“.
“Assim, não se trata de uma proposta de re-estatizar a economia, mas nestes momentos difíceis seria muito importante para nosso País ter uma “TRADING COMPANY NACIONAL COOPERATIVA OU ESTATAL”.
“Na verdade, nós a tínhamos, mas por erros neoliberais – ainda incrivelmente não revistos – ela foi eliminada, à titulo de redução da máquina estatal e todos, hoje, saímos perdendo. No futuro - após o pleno amadurecimento econômico e cooperativo/associativo dos produtores rurais do País, em especial os familiares - talvez ela poderia até ser incorporada a empresas nacionais, mas neste momento que ela faz muita falta, isto faz.
“Como ela teria muito créditos externos - muito baratos e à inteira disposição - inclusive pelos embarques de muitos produtos, grãos e alimentos, ela também seria fundamental nas importações, processamentos e vendas de fertilizantes e outros insumos (inclusive para trocas com os produtores sem riscos de quedas dos preços) e, sobretudo, na geração de recursos antecipados para os produtores rurais produzirem e trabalharem, tudo devidamente protegido por “hedge“ e seguros rurais, prévios, feitos por tal trading nacional.
Por outro lado, o Brasil – com tais elevados volumes de vendas- passaria a ser “vendido” e não “comprado” e não se submeteria às pressões de recuos de preços dos cartéis e as barreiras dos demais países, como as atuais. Na verdade, precisamos entender que o mundo não só quer comprar – como muito precisa - do nosso barato e sagrado grão e alimento processado e somente nós ainda não percebemos isto. Temos o poder de “greyskull” nas mãos, mas, infelizmente, não estamos sabendo usá-lo e, pior, estamos matando lentamente e de forma unida a nossa “galinha dos ovos de ouro” - os produtores rurais - e desempregando, mal tratando e humilhando nossos trabalhadores rurais.”
“Com tanto, constante e progressivo, pacote de maldades, eles estão desencorajados, desesperançosos e não conseguem, sequer, se unirem (inclusive suas lideranças e os políticos seus representantes). É bom lembrar que, por muito menos os produtores argentinos fizeram todo o estardalhaço e pararam o País. Apenas no jornalismo sério e investigativo conseguem enxergar parceiros e uma possível luz de esperança. Por isto, a posse da Kátia Abreu na CNA – boa parte sustentada pela mídia, sobretudo neste site - continua sendo a esperança de todos.”
“Na atual conjuntura internacional, além de procurarem proteger seus mercados e seus produtores rurais, muitos países voltarão a utilizar intensamente as trading estatais, mas no Brasil tudo pode demorar e sequer sermos lidos ou ouvidos”. Contudo, nas últimas semanas, tenho impostado diversas análises, estudos e propostas neste site, e depois, feliz, noto que elas repercutem em todo o Brasil e que o Governo, graças a Deus, já vem tomando algumas medidas que aqui sugerimos.”
Paciência... e vamos em frente como insiste o JB.
G.
Prof. Clímaco Cézar (com inclusões entre parêntesis)
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