Fala Produtor - Mensagem

  • Climaco Cézar de Souza Taguatinga - DF 01/02/2009 23:00

    Caso Votorantin x BB x BNDES x Aracruz - Parece que meu apelo há uns 10 dias neste site não foi em vão - vide abaixo :

    Votorantin x Bolsas & famílias (PANORAMA ECONÔMICO)

    Quando o governo ampliou o Bolsa Família, entendeu-se como gastança

    federal. Quando o BNDES comprou ações da Aracruz e da Votorantim,

    entendeu-se como medida contra a crise. Com a primeira decisão, o

    governo vai gastar meio bilhão de reais e beneficiar 1,3 milhão de

    famílias pobres; com a segunda, está gastando dois bilhões e meio de

    reais para beneficiar quatro famílias ricas.

    No primeiro caso, o governo está incluindo no programa quem tem renda

    familiar de R$ 137 per capita por mês. No segundo caso, é impossível

    calcular a renda familiar dos beneficiados. O grupo Votorantim, da

    família Ermírio de Moraes, e a Aracruz, das famílias Lorentzen,

    Almeida Braga, Moreira Salles e Safra, fizeram maus negócios na aposta

    no mercado futuro de câmbio. Perderam muito dinheiro. O BNDES

    financiou a compra da Aracruz pela Votorantim e ele mesmo comprou um

    bloco de ações, pagando acima da cotação de mercado. No dia seguinte,

    o valor das ações caiu mais e os avaliadores de risco deram às ações

    perspectiva negativa.

    Sinal de que era um mau negócio e que a junção das duas empresas havia

    criado outra muito endividada, à qual o BNDES se juntou como um dos

    donos.

    Os grupos em questão têm muitos ativos que podem vender, e, com isso,

    sair da encalacrada em que entraram. Tanto é que a Votorantim, ontem

    mesmo, vendeu para o grupo Camargo Corrêa, por R$ 2,6 bilhões, a

    participação que tinha na CPFL, num negócio que será quitado por

    capital próprio e captação da Camargo junto ao mercado privado. Outros

    negócios ocorrerão neste momento de crise. A Votorantim saiu da CPFL

    porque não quer focar em energia; a Camargo comprou porque quer focar

    em energia. Se o BNDES for menos paternalista, se o governo parar de

    usar o Banco do Brasil e a Caixa para ajudar empresas, o mundo

    empresarial fará sozinho boas reestruturações de negócios neste

    momento de crise. O BNDES entrou na Votorantim-Aracruz porque temia

    que a Aracruz fosse comprada por uma empresa estrangeira. Qual o

    problema se fosse? No Brasil há quem se escandalize cada vez que

    aumenta o gasto com os pobres, e não faz conta alguma do que o Estado

    gasta com subsídios aos ricos. Os empréstimos do BNDES são com taxas

    de juros mais baixas do que as pagas pelo Tesouro para se financiar.

    Há um gasto do Tesouro implícito.

    O Bolsa Família não é entendido nem por quem o faz.

    Tem sido temido pela oposição, que vê nele a razão da popularidade do

    presidente Lula. Tem sido defendido pelos petistas, pela mesma crença.

    É criticado por quem acha que esse dinheiro está sendo subtraído da

    educação. É atacado por falsos fiscalistas, que não veem os grossos

    volumes de dinheiro que saem pelos muitos ralos que subsidiam os ricos

    no Brasil. É desmoralizado por quem, no governo, acha que a exigência

    de contrapartida e a fiscalização podem ser negligenciadas.

    Foi criticado pelo ministro Mangabeira Unger, com argumentos

    espantosos, preconceituosos e elitistas.

    Falando dias atrás ao repórter Bernardo Mello Franco, deste jornal,

    ele revelou que pensa que os pobres preferem ser pobres, teriam a

    cultura do "pobrismo" e que o programa deveria se concentrar nos

    "batalhadores", aqueles que estão às portas da classe média: "O ponto

    nevrálgico é escolher corretamente o alvo.

    Muitas vezes tenta-se abordar o núcleo duro da pobreza com programas

    capacitadores, e aí não funciona.

    Populações mais miseráveis são cercadas por um conjunto de inibições,

    até de ordem cultural, que dificulta o êxito desses programas", disse

    o ministro, que depois tentou dizer que foi mal interpretado.

    Na visão do nosso ministro do sei-lá-o-quê, como o define Elio

    Gaspari, o governo deveria direcionar os recursos do Bolsa Família aos

    quase-classe média, os "pobres viáveis".

    Faltou completar o raciocínio e dizer o que deve ser feito com os

    pobres e miseráveis brasileiros.

    Os pobres deveriam ter preferência no dinheiro público.

    Nunca tiveram, nem mesmo agora. Uma rede de proteção social é ação

    civilizatória.

    Mas os avanços dos estudos das políticas sociais já provaram que

    melhor é construí-la não como um fim em si, mas como um meio de

    pavimentar o caminho para a mobilidade social através da educação.

    Não há conflito entre recursos para o Bolsa Família e recursos para a educação.

    Recentemente, conversei com uma professora de alfabetização do ensino

    público do Espírito Santo. Ela dá aulas na parte mais pobre de

    Vitória, e lá 70% das crianças estão no Bolsa Família.

    O programa tem foco.

    O erro do lulismo é que mesmo com o mérito de ter ampliado o antigo

    Bolsa Escola para o Bolsa Família, no fundo, vê o programa como arma

    eleitoreira. A maneira correta de fazer essa transferência do dinheiro

    dos impostos aos mais pobres seria a mais impessoal possível, não como

    um favor paternalista de uma espécie de "pai dos pobres", mas como

    direito do cidadão.

    Milhões desses pobres jamais serão absorvidos no mercado de trabalho.

    Não por culpa deles, ministro Mangabeira, mas pelos erros do país que

    os relegou ao analfabetismo e à privação crônica. Os filhos deles, no

    entanto, têm muita chance. Se persistirmos.

    oglobo.com.br/miriamleitao

    Confira a seguir o material postado pelo prof. Clíimaco César no site Notícias Agrícolas e encaminhado à Economista Míriam Leitão :

    Prezada Miriam Leitão.

    Como teu leitor assíduo e consultor em agronegócios há muitos anos -

    e que acompanha a crise atual desde setembro de 2008 e seus possíveis

    reflexos para o agronegócio -, entendo

    que o Governo Lula está integralmente errado nas medidas que vem

    adotando para amenizar

    ou superar a crise e, para tanto, gostaria de ouvir e contar com a tua

    analise e opinião para

    as questões e sugestões a seguir.

    A meu ver, a maior disponibilização de crédito para as empresas e a

    redução temporária de alguns impostos - além de somente surtirem

    efeito em longo prazo, pois o grande problema é que as familias estão

    com medo do dia-de-amanhã e não querem consumir mais e, muito menos,

    financiar mais - pode piorar a situação delas e aumentar as

    quebradeiras, pois não há giro com as vendas internas e as exportações

    desabando. Maiores endividamentos podem piorar ainds mais a situação e

    as quebradeiras. Somente com o retorno da confiança nos dirigentes

    mundiais - e em medidas realmente efetivas e imediatas para ampliar o

    consumo no mundo - é que as familias voltarão a comprar.

    Assim, a meu ver o que se precisa no Brasil é sustentar e incentivar o

    consumo e não ampliar as instalações de empresas com novos empregos

    (BNDES), exportações etc.. Aqui, a situação pode ser ainda pior, pois

    já se fala em redução de 30% do montante das exportações do

    agronegocio em 2009, sendo a situação muito pior no setor de carnes.

    Sabe-se que o agronegócio é o grande salvador anual da nossa balança

    comercial e é o maior alvancador de empregos totais no País (trata-se

    de setor muito sensível). Assim, como o setor leva pelo menos uns 6

    meses para ajustar as reduções produtivas - necessárias - vai haver

    inundação do mercado interno, sobretudo com carnes e alimentos

    processados (antes exportados) nos próximos 9 meses e com isso forte

    canibalismo empresarial, ampliação do desemprego e quebradeiras, e

    quedas dos preços no varejo e sem que haja, necessariamente, aumento

    da demanda interna (ainda não houve o aumento de renda da população,

    mas o contrário e mesmo com o pequeno incremento do SM e do Bolsa

    Familia).

    Minha sugestão é que se tome - de forma emergencial - medidas simples

    e imediatas para ampliar o consumo das classes mais humildes,

    sobretudo das já cadastradas nos Programas Bolsa Familia e outros.

    Embora alguns partidos possam taxar de oportunismo politico e o IPEA

    -mesmo sem estudar - dizer que não funciona, entendo que seria a

    melhor medida a adotar por uns 12 meses. Certamente, um Cupom

    Alimentação no valor mensal de R$ 150,00/família para compra exclusiva

    de alimentos nos supermercados (tickets) não só absorveria a

    sobreoferta de alimentos aguardada como giraria todo o agronegócio e

    ainda melhoria a alimentação dos mais carantes durante certo período.

    A adoção de Cupons não é novidade, mas, em geral, ocorre em situações

    de guerra ou de calamidades, mas ainda não foi adotada para a absorção

    rápida das sobreofertas. Se o Governo quiser - e tiver coragem para

    ousar um pouco mais - poderia incrementa um Cupom Novo Eletrodoméstico

    mensal de uns R$ 100,00 como o que o MDIC está adotando, parcialmente,

    para a troca de velhas geladeiras com CFC etc... O efeito destas 2

    medidas seria imediato no emprego, na renda, em toda a economia e no

    necessário enxugamento da oferta excessiva até que o mercado mundial

    reinicie as suas compras do Brasil.

    Uma terceira sugestão seria a CONAB triplicar, de forma emergencial e

    temporária, a compra de alimentos familiares industrializados para

    disponibilização, apenas, para alimentação institucional (merenda,

    creches, hospitais etc...).

    Li e gostei muito da tua analise da semana anterior sobre o caso

    Votorantin/Aracruz "versus" a ampliação da Bolsa

    Familia. PARABÉNS e gostaria de contar com a tua investigação e

    analise quanto às sugestões.

    Atenciosamente.

    Prof. Clímaco Cézar de Souza

    AGROVISION - Brasilia

    www.agrovisions.com.br

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