Fala Produtor - Mensagem

  • Climaco Cézar de Souza Taguatinga - DF 21/01/2009 23:00

    OITO SUGESTÕES - SIMPLES, IMEDIATAS E EMERGENCIAIS - PARA O GOVERNO SUSTENTAR A ECONOMIA E EVITAR DEMISSÕES EM MASSA, SOBRETUDO NO AGRONEGÓCIO E NA INDÚSTRIA ELETRO-ELETRÔNICA -

    MOTIVOS:

    a) É opinião da maioria que a crise mundial ainda está começando em muitos países, especialmente no Brasil, e ainda haverá muitas quebradeiras, desempregos e reduções das demandas nos países, sobretudo por produtos alimentos processados importados, também tentando substituí-los por produtos internos, ou regionais, mais baratos;

    b) Como já dito por diversos economistas, os países devem se voltar mais para o mercado interno e se recolher, estrategicamente, por pelo menos uns 6 meses. Acordos bilaterais de comércio e de preferências – tanto por País como por Blocos – tendem a serem esquecidos, momentaneamente;

    c) Somente após os povos – sobretudo os mais humildes - adquirirem mais confiança nas atitudes de seus Governantes contra a crise e/ou voltarem a intensificar as forças locais de “escassez relativa” e de “preços de paridade” (comparados aos da importação) é que poderão iniciar novas importações, sobretudo de alimentos processados;

    d) Até lá, as importações seriam apenas para atender as classes com melhor poder aquisitivo e as compras institucionais e mesmo assim se compradas por preços bem mais baratos que os praticados até meados de 2008, levando a certo canibalismo entre os países fornecedores e seus agentes locais;

    e) No Brasil, a meu ver, medidas como redução das taxas de juros (SELIC) só fariam efeitos no aumento da demanda em longo prazo e após uma queda entre 4 e 5 pontos na taxa de juros básica (SELIC recuando de 13,75% a.a. para até 9,75% a.a, por exemplo), o que é praticamente impossível, dada a voracidade do Sistema bancário brasileiro. Atualmente, os “spreads” bancários chegam a ser 15 vezes a SELIC, atingindo taxas absurdas de 206,50% a.a. nas operações com financeiras, cartões de crédito, cheque especial etc.. Assim, uma queda, impensável, da SELIC em 4 pontos levaria a uma redução da taxa para 146,25% a.a., o que continua extremamente caro. Assim, na prática, quedas de 1,0% como a de ontem levam a efeitos irrisórios nas prestações em R$. O interessante é que o Sistema bancário brasileiro é tão voraz contra o “povo” que, além de exigir limites de créditos “em aberto” e inúmeras garantias pessoais e o penhor das mercadorias etc.., ainda embute no “spread” de 1 a 2 seguros contra inadimplências mais seguros de vida, etc.., tudo, obviamente, pago pelo cliente (boa parte à vista nas operações “por dentro” ou de descontos);

    f) Assim, não adianta ampliar os recursos para as empresas e os produtores rurais, pois eles não chegarão aos interessados, a não ser que o Governo banque os “riscos dos Bancos” ou dê um “dificílimo murro na mesa”, sobretudo na concessão de capital de giro para as agroindústrias e cooperativas;

    g) Também, apoiar com créditos os setores de automóveis, máquinas e de construção civil é uma boa medida, mas que não leva a resultados imediatos em manutenções dos empregos e renda, pois carros novos são acessíveis a poucos; sobram carros usados no Brasil e neste clima de desesperança e de medo – que a imprensa exacerba todo o dia - dificilmente alguém vai consumir além do necessário e do básico, pois o provável desemprego futuro aliado ao necessário pagamento das elevadas dividas passadas “rondam a noite das famílias”;

    h) Os setores brasileiros que mais alavancam empregos - diretos + indiretos + pelo efeito renda - e rendas, além dos citados, são o agronegócio e a indústria eletro-eletrônica, daí serem Setores bastantes sensíveis às demissões isoladas e/ou “em massa” pelo seu elevado efeito multiplicador nas economias. Assim, estes deveriam ser os setores priorizados com medidas emergenciais de apoio e por no mínimo 6 e no máximo 12 meses;

    i) Alguns estudos, contidos em meus livros, apontam que para as Empresas explorar o mercado interno pode ser até melhor do que exportar, segundo cada perfil e situação. Muitas empresas do agronegócio e de outros setores já perceberam isto e, hoje, priorizam mais o mercado interno. Isto tanto é verdade que as grandes redes de supermercado e de “fast food” do Mundo aqui aportaram há tempos e estão ampliando suas vendas, a cada ano, sobretudo no Nordeste, Centro-Oeste e Norte, onde estão os maiores potenciais de ampliação da demanda. Segundo estudos e projeções anteriores, se o PIB “per capta” somente do Nordeste dobrasse em US$, o Brasil teria também de dobrar a sua produção de alimentos. Pesquisa da respeitada Consultoria “Target” de SP, em março de 2008, mostrou que o consumo na Região NE cresceu muito nos últimos 5 anos, graças aos Programas sociais dos Governos. O volume de compras dos nordestinos passou de R$ 252,9 bilhões em 2007 (cerca de US$ 140,0 bi) para R$ 317,2 bilhões em 2008 (cerca de US$ 195,0 bi). Contudo, ainda segundo a Pesquisa, a distância do consumo “per capita” da Região Nordeste para a Região Sudeste, que foi a primeira colocada, ainda era muito grande, mas com elevado potencial. A Região Sudeste participava com mais de 50% de tudo o que era consumido no País e a Região Nordeste alcançara apenas 18%;

    j) Se neste momento de crise, conseguíssemos alavancar, pelo menos, os consumos das classes mais necessitadas das regiões NE, NO, CO mais de áreas do SE (Vale do Jequitinhonha, Vale do Ribeira, Vale do Paraíba etc..), na pós-crise, o Brasil teria um imenso salto no PIB e no emprego anual, após as retomadas das exportações e a dinamização do grande mercado interno;

    k) De que adianta o País ter quase US$ 210,0 bilhões em reservas internacionais – intocáveis e para aparecer bem na foto do FMI, BIRD e investidores externos -, se o desemprego interno ampliar, as indústrias falirem e a violência urbana dobrar. Precisaremos fazer como os EUA e os outros países estão fazendo, ou seja, injetarmos nossas preciosas economias, agora, na retomada da economia, via incremento da demanda interna. Botar dinheiro neste momento em Bancos que já foram muito bem socorridos pelo PROER é quase gozar com o desempregado, as agroindústrias e cooperativas em situação difícil e contribuir para ampliar a desesperança atual do povo.

    SUGESTÕES:

    a) Criar o “Cupom Alimento Familiar” no valor de R$ 300,00/família/mês, a ser distribuído por 6 a 12 meses, para TODAS as famílias carentes já integrantes e assistidas pelos programas sociais dos Governos, como Bolsa-Família e outros, e para comprar apenas alimentos e em supermercados e varejo, desde que legalizados;

    b) Criar o “Cupom Novo Eletrodoméstico” no valor de R$ 150,00/família/mês, a ser distribuído por 6 a 12 meses, para TODAS as famílias carentes já integrantes e assistidas pelos programas sociais dos Governos, como Bolsa-Família e outros, e para comprar apenas eletrodomésticos em supermercados e varejo, desde que legalizados;

    c) Triplicar os recursos para que a CONAB compre alimentos processados das cooperativas e das pequenas agroindústrias familiares e de assentados (em último caso também das demais empresas de alimentos) e para distribuição, exclusiva, como comida institucional (merenda escolar, creches, hospitais, presídios etc.) pública em todo o País - e pública + privada nas Regiões NE, NE, CO e demais áreas carentes - e sem doação na forma de de cestas básicas (exceto em emergências) para não competir diretamente com supermercados e varejos (setores grandes geradores de emprego);

    d) Baixar para “zero” as contribuições de PIS/COFINS - e até de IPI em alguns casos como nos de derivados de milho, de trigo e de mandioca – para todos os alimentos e por no mínimo 12 meses;

    e) Reduzir para “zero”, e por no mínimo 12 meses, as contribuições de PIS/COFINS da Indústria de insumos para produção vegetal e animal, exceto os importados extra-MERCOSUL, de forma a forçar a sua substituição por itens nacionais ou dos países vizinhos;

    f)

    g) Incluir, imediatamente, as cooperativas como beneficiárias das isenções de PIS/COFINS nas exportações de alimentos, grãos e outras matérias-primas;

    h) Criar Bolsa para subsídio de pelo menos 50% do custo do diesel e de lubrificantes - a serem adquiridos legalmente em Postos da PETROBRAS - por caminhoneiros autônomos legalizados e “comprovadamente”, pertencentes a categoria;

    i) Reativar as Bolsas de Frete de Retorno e implementar, OBRIGATORIAMENTE, Sistema completo de informação de cargas locais/regionais disponíveis, em todos os postos da PETROBRÁS.

    CONCLUSÕES:

    A meu ver, a adoção das medidas acumuladas levaria a um custo entre US$ 15,0 e US$ 20,0 bilhões para os Governos no período, mas isto só representaria entre 7% e 10% dos US$ 210,0 bilhões das reservas acumuladas e muito menos do que já foi gasto até agora com os Bancos, montadoras etc.. e que, praticamente, pouco levou a resultados em termos de manutenção do emprego e de renda.

    A idéia é fortalecer ao máximo – COM MEDIDAS DIRETAS, FACÉIS E AO ALCANÇE IMEDIATO DO POVO - o nosso gigante mercado interno consumidor e também melhorar os padrões alimentares e de “cidadania”, ao tempo que garanta as produções iguais pelas fábricas e, principalmente, as manutenções dos empregos e das rendas, mesmo que de forma emergencial. Após passada a crise externa, o Brasil teria 2 grandes mercados a explorar intensivamente: o externo e o interno e o PIB teria fortes crescimentos anuais, bem acima do 4% previstos. Por outro lado, como as medidas seriam para enxugar o excesso de oferta previsto para o mercado interno - com as seguidas re-alocações de boa parte dos volume das exportações anteriores – dificilmente haveria escassez de alimentos e de produtos agrícolas e, com isto, inflação. Então a volta da inflação não poderia ser, novamente, a desculpa de alguns pela não adoção das medidas.

    Resta agora esperar que o alto Governo, com poder real de decisão, pelo menos leia minhas propostas iniciais, ou que elas lhes sejam remetida por algum leitor, especial, deste importante e - cada vez mais lido e copiado - site. Quem sabe até um bom parlamentar se interessaria pelas propostas?

    Concluindo, nesses dias, li uma importante máxima de um grande consultor estrangeiro: “muito pior do que o analfabetismo é a preguiça de leitura e de análise, pois o conhecimento não é apenas soletrar”. “Bons executivos e bons estudantes leem muito e analisam muito mais”.

    Assim, grato pela tua leitura e análise e espero estar colaborando para um novo agronegócio, muito mais justo e rentável.

    Prof. Clímaco Cezar de Souza

    AGROVISION – Brasília

    www.agrovisions.com.br

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