AO PROGRAMA NOTICIAS AGRICOLAS - João Batista, gostaria de parabenizar seu programa por ser o único programa da televisão brasileira que mostra a realidade do agricultor. João, quero relatar a situação que estou vivendo com minha familia: sou agricultor desde criança; com 7 anos de idade já ia prá roça com meus irmaos e meu pai em Pacaembu, interior paulista, onde vivemos ate os 14 anos. Daí meu pai veio morar no Paraná, aqui em TERRA ROXA, onde vivemos até hoje.
João, sempre vivemos do trabalhando na lavoura; Na década de 80 eu e meus irmãos conseguimos comprar 90 alqueires de terra, tudo picadinho... meu pai tinha comprado 5 alqueires, depois fomos arrendando mais terras, plantando areas maiores e comprando terras dos vizinhos, num ano comprava 5 alqueires de um, no outro ano comprava 10, e assim foi até o ano de 1994, qdo. chegamos a ter uma area de 90 alqueires, com 2 colheitadeiras, mais 3 caminhões e 5 tratores.
Com 60 vacas de leite holandesas, leiteria instalada, e com uma ótima produção, tanto no leite como nos grãos, eu e meus irmãos trabalhamos de cedo à noite. Mas de 1994 pra cá começaram as dificuldades. Atualmente não conseguimos comprar mais nada, mas ate 2004 ainda vinha mantendo as parcelas do finame todas pagas até 2004.
Mas na safra 2004/2005 tivemos aqui em TERRA ROXA uma estiagem muito grande, que tirou parte de nossa colheita. E com os preços baixos, mais o câmbio desvalorizado e o alto custo dos insumos, começamos a entrar em dificuldades, não conseguindo pagar os custeios nem os investimentos que tinhamos na época.
Olha, João, agora não sei mais o que fazer. Esta safra está comprometida com a atual estiagem, e o Banco do Brasil já está nos cobrando judicialmente. Acabei contratando uma assessoria jurídica de Maringá, a Lybor, para fazer minha defesa, mas não sei o que vai acontecer... como nós temos um finame de um trator que comprei em 2004, teria que ter pago os 40% em dezembro para prorrogar o restante da dívida, mas não consegui dinheiro. E agora, com esta estiagem, não sei como vão ficar estas parcelas de investimentos que estão vencendo. E as que vencem este ano??? como vamos resolver esta situação???
Será que ainda vamos conseguir continuar plantando os 90 alqueires que conseguimos com muito esforço e trabalho??? Só nos restam 45, e o banco está querendo toma-los.
Ainda por cima tem as pessoas da cidade, desinformadas, que nos chamam de caloteiros e malandros...
Eu penso que só teremos solução para os problemas do endividamento quando tivermos um governo sério, que valoriza a produção de alimentos e que implante um seguro que, de fato, cubra os custos de produção e garante uma renda para o produtor continuar vivendo. Não este seguro que cobre 70% da divida no banco mas deixa produtor com dívida na cooperativa, no posto de gasolina, no supermercado, na farmacia, e assim por diante...
Ai de nós se vier outro problema na póxima safra?!! Aí o produtor desaparece de vez...
Olha, João, eu estou com medo de perder todo o patrimonio que herdei do meu pai e o que conseguimos juntos com meus irmãos... João, precisamos mudar esta situação... precisamos brigar por renda, por um seguro que realmente cubra os custos e deixe uma margem para a sobrevivencia do produtor, e precisamos tambem que o governo indenize as áreas que serão transformadas em reserva florestal. Não é justo que nós, do campo, tenhamos que abandonar parte de nossa area e ainda plantar arvores, para que as pessoas da cidade continuem poluindo...
Precisamos nos unir e apoiar a senadora Kátia Abreu, na CNA, e contar com sua força ai no canal Terraviva e ir em frente... acredito muito na minha vontade de vencer, tenho muita fé em DEUS, que vai os abrir um caminho, e aí vamos dar a volta por cima.
Já passamos por outras crises e DEUS sempre nos ajudou a supera-las; e agora tambem vamos vencer...
TERRA ROXA, 17 DE JANEIRO DE 2009, MILTON DA SILVA, AGRICULTOR.
AO PROGRAMA NOTICIAS AGRICOLAS - João Batista, gostaria de parabenizar seu programa por ser o único programa da televisão brasileira que mostra a realidade do agricultor. João, quero relatar a situação que estou vivendo com minha familia: sou agricultor desde criança; com 7 anos de idade já ia prá roça com meus irmaos e meu pai em Pacaembu, interior paulista, onde vivemos ate os 14 anos. Daí meu pai veio morar no Paraná, aqui em TERRA ROXA, onde vivemos até hoje.
João, sempre vivemos do trabalhando na lavoura; Na década de 80 eu e meus irmãos conseguimos comprar 90 alqueires de terra, tudo picadinho... meu pai tinha comprado 5 alqueires, depois fomos arrendando mais terras, plantando areas maiores e comprando terras dos vizinhos, num ano comprava 5 alqueires de um, no outro ano comprava 10, e assim foi até o ano de 1994, qdo. chegamos a ter uma area de 90 alqueires, com 2 colheitadeiras, mais 3 caminhões e 5 tratores.
Com 60 vacas de leite holandesas, leiteria instalada, e com uma ótima produção, tanto no leite como nos grãos, eu e meus irmãos trabalhamos de cedo à noite. Mas de 1994 pra cá começaram as dificuldades. Atualmente não conseguimos comprar mais nada, mas ate 2004 ainda vinha mantendo as parcelas do finame todas pagas até 2004.
Mas na safra 2004/2005 tivemos aqui em TERRA ROXA uma estiagem muito grande, que tirou parte de nossa colheita. E com os preços baixos, mais o câmbio desvalorizado e o alto custo dos insumos, começamos a entrar em dificuldades, não conseguindo pagar os custeios nem os investimentos que tinhamos na época.
Olha, João, agora não sei mais o que fazer. Esta safra está comprometida com a atual estiagem, e o Banco do Brasil já está nos cobrando judicialmente. Acabei contratando uma assessoria jurídica de Maringá, a Lybor, para fazer minha defesa, mas não sei o que vai acontecer... como nós temos um finame de um trator que comprei em 2004, teria que ter pago os 40% em dezembro para prorrogar o restante da dívida, mas não consegui dinheiro. E agora, com esta estiagem, não sei como vão ficar estas parcelas de investimentos que estão vencendo. E as que vencem este ano??? como vamos resolver esta situação???
Será que ainda vamos conseguir continuar plantando os 90 alqueires que conseguimos com muito esforço e trabalho??? Só nos restam 45, e o banco está querendo toma-los.
Ainda por cima tem as pessoas da cidade, desinformadas, que nos chamam de caloteiros e malandros...
Eu penso que só teremos solução para os problemas do endividamento quando tivermos um governo sério, que valoriza a produção de alimentos e que implante um seguro que, de fato, cubra os custos de produção e garante uma renda para o produtor continuar vivendo. Não este seguro que cobre 70% da divida no banco mas deixa produtor com dívida na cooperativa, no posto de gasolina, no supermercado, na farmacia, e assim por diante...
Ai de nós se vier outro problema na póxima safra?!! Aí o produtor desaparece de vez...
Olha, João, eu estou com medo de perder todo o patrimonio que herdei do meu pai e o que conseguimos juntos com meus irmãos... João, precisamos mudar esta situação... precisamos brigar por renda, por um seguro que realmente cubra os custos e deixe uma margem para a sobrevivencia do produtor, e precisamos tambem que o governo indenize as áreas que serão transformadas em reserva florestal. Não é justo que nós, do campo, tenhamos que abandonar parte de nossa area e ainda plantar arvores, para que as pessoas da cidade continuem poluindo...
Precisamos nos unir e apoiar a senadora Kátia Abreu, na CNA, e contar com sua força ai no canal Terraviva e ir em frente... acredito muito na minha vontade de vencer, tenho muita fé em DEUS, que vai os abrir um caminho, e aí vamos dar a volta por cima.
Já passamos por outras crises e DEUS sempre nos ajudou a supera-las; e agora tambem vamos vencer...
TERRA ROXA, 17 DE JANEIRO DE 2009, MILTON DA SILVA, AGRICULTOR.