Fala Produtor - Mensagem

  • Climaco Cézar de Souza Taguatinga - DF 08/02/2008 23:00

    NO CASO DO ENDIVIDAMENTO AGRÍCOLA - EM EXPANSÃO, SEM SOLUÇÃO E COM EXPULSÃO DE MUITOS DAS ATIVIDADES (antes, agora ou depois), gostaria de iniciar debate positivo sobre quanto o setor de máquinas agrícolas tem colaborado para isto ?

    Não consigo entender o que uma colhedora de grãos, ou um trator, têm de matéria-prima e de alta tecnologia para custar tanto ? o aço, a borracha, a mão-de-obra, o cumputador, ou seja, quase tudo são nacionais.

    Pior, compra-se uma colhedora para utilizar-se por apenas 3 meses/ano e, após, o quase abandono local, fica obsoleta a cada ano. Comparem os preços a seguir com os de uma camionete nacional ou importada (com tecnologias bem superiores) e mesmo com um carro popular de R$ 25 mil. São máquinas que, bem cuidadas, trabalham bem por até 10 anos.

    Nos EUA cerca de 70% do cultivo é terceirizado (sobretudo o plantio) e na Argentina cerca de 50% (principalmente a colheita) e no Brasil não chega a 5%. Em ambos já se faz há tempo os tais cultivos aplicados e que não decolam no Brasil.

    Será que também há certa vaidade quando das compras pelos agricultores (como nos leilões de elite para pecuaristas) ? ou será que, realmente, dependem de tanta tecnologia, mesmo sabendo que rapidamente ficará obsoleta ?

    Se financiar fica pior, pois a conta não fecha e aí inicia boa parte das inadimplências.

    Considerando o valor de uma colhedora nova + plataformas de R$ 600 mil, de marca simples, posta MT e de um trator de 90 CV + implementos no valor de R$ 200 mil e ainda a baixíssima renda liquida média da soja de R$ 180,00/ha/ano (talvez aí resida o maior problema e que aki já foi amplamente debatido), o sojicultor para comprar tal conjunto operacional TERIA DE ESTERILIZAR CERCA DE 1.000 HA/ANO SOMENTE PARA PAGAR OS FINANCIAMENTOS (prestação anual + juros de 6,75%) e olha que a culpa não é dos juros, pois tirando a inflação anual, em torno de 6%, fica quase negativo. Sei não, deve ter algum segredo, pois o que vejo de agricultores com menos de 1.000 ha comprando colheitadeiras é impressionante. Como pagar ?

    Não sou contra as indústrias de máquinas, pelo contrário, acho-as importantes, evoluídas e necessárias, mas penso que precisam verificar melhor seus preços finais. Já ao Governo seria importante reduzir os impostos para setor tão importante e aonde, ao meu ver, estão nascendo boa parte das dificuldades, das iinadimplências e da crise nacional.

    Acho importante criar-se creditos diferenciados e por baixos custos para incentivar a criação e a manutenção de patrulhas mecanizadas de alto nível, desde que privadas e inclusive para empresas e seus representantes locais (revendas) de outros segmentos (agroquimicos, transportadoras, fertilizantes, empresas de AT+projetos etc..).

    Também, seria importante ampliar-se e dinamizar-se as linhas de financiamentos de máquinas de segundo linha, principalmente tratores para pequenos, incluindo incentivos no PRONAF (por exemplo, prazos de 15 a 20 anos e ainda com maiores incentivos para grupos familiares, por exe., rebate de 50% na divida paga em dia).

    O segundo debate proposto é sobre os benefícios/custos da procura e da constante implementação de novas tecnologias, boa parte recomendadas por vendedores e/ou técnicos/consultores..... (não os culpo, pois fazem apenas o seu trabalho e de forma honesta e dinâmica).

    Será que a procura incessante por novas produtividades recordes é realmente o caminho de manutenção/ampliação da renda e da redução do endividamento agrícola no Brasl ?

    Adianta realmente, ampliar a produtividade de 45 sc para 55 sc/ha, desde que com acréscimo de 10 % ou 20% nos custos, por exemplo ? Alguem, realmente, faz esta conta ?

    Não vejo isto nem em teses e nem em monografias, mas apenas uma corrida desenfreada por novas tecnologias, inclusive algumas incentivadas por professores e escolas.

    CURIOSAMENTE, algumas propriedades de alta renda que conheço têm se baseado nos seguintes tópicos para manutenção de renda,e possíveis a todos, cada um na sua escala: a) uso constante e conservação de máquinas por até 10 anos, vendendo após, e bem conservadas, para pequenos; b) utilização crescente de biodiesel próprio, sobretudo a partir de safrinha de girassol, sebos e gorduras locais compradas e algumas iniciando com cambre; c) produção própria e crescente, e até para venda a terceiros, de fertilizantes organo-minerais, utilizando como base fezes de aves e/ou de bovinos em confinamentos (próprios); d) controle constante e perfeito de custos de produção e estabelecimento de pontos-de-controle para suas reduções; e) uso de hedge preventivo em bolsas, sobretudo na BM&F.

    Espero ter colaborado e agradeço a este site, e ao JB e equipe, pela enorme audIência.

    Prof. Clímaco Cézar

    www.agrovision-df.com

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