Fala Produtor - Mensagem

  • Rose Marie A. Georges Ponta Porã - MS 02/12/2007 23:00

    Joao Batista, gostaria que você divulgasse que ocorre conosco aqui no MS. Sou produtora rural no sul de MS, divisa com o Paraguai, município de Aral Moreira - com lavoura de soja/milho e pecuária. Nesta mensagem vou ater-me somente à pecuária: Fazemos cria recria e engorda; implantamos inseminação artificial há mais de 15 anos; produzimos novilhos-precoce através do cruzamento industrial com as raças Angus/nelore Bonsmara/nelore; abatemos os frutos desses cruzamentos com 24 a 28 meses totalmente a pasto; todo nosso gado é rastreado; já aderimos ao novo Sisbov; trabalhamos também com gado registrado; já evoluímos para Inseminação em Tempo Fixo em todo rebanho e transferência de embrião no gado PO; já implantamos a integração lavoura/pecuária; plantamos soja/milho em determinadas áreas por quatro anos (depois voltamos com o pasto e esses pastos são adubados anualmente até voltar lavoura novamente). Mas todo esse nosso esforço de caminhar na direção de novas tecnologias cai por terra pelo fato de morarmos num Estado que durante 8 anos foi governado com a única finalidade de arrecadar cada vez mais. Agora assumiu um novo Governo que recebeu a "Máquina Arrecadatória" bem implantada e lubrificada e nada fez para mudar esse cenário - só aumenta a arrecadação cada vez mais. Mas no que diz respeito à sanidade do rebanho do Estado pouco foi feito pelos órgãos competentes e agora dizem ter encontrado a solução para o problema da AFTOSA no Estado ("Todo problema de aftosa é causado apenas pelo fato de existir essa fronteira com os países vizinhos”), e a solução encontrada - aqui vai minha denuncia - é ACABAR COM TODO GADO na faixa de fronteira, criando um cinturão-verde, mas tudo sem custo nenhum para o Estado!!! Mas como proibir gado esbarra no Direito, a maneira mais fácil e sem custo seria inviabilizar a criação de gado nessa região, exigindo que todo animal da faixa seja comercializado dentro dessa faixa... só que não temos frigoríficos suficientes para comercializar esse gado, nem grandes confinamentos para quem produz bezerros vender sua produção... Logicamente os frigoríficos da região, mais uma vez, vão se beneficiar em detrimento da renda do produtor rural – que está cada vez mais deteriorada. Fora isso, todos animais na faixa de fronteira deverão ser brincados com um brinco e um botão identificando-os como “animais de fronteira”... Portanto, acho que finalmente encontramos a maneira de acabar com a aftosa ("precisamos divulgar isso para o mundo"): e só encomendar aos pesquisadores e geneticistas um gado de 5 (cinco) orelhas - uma orelha para o brinco de fronteira, uma orelha para botão de fronteira, uma orelha para o brinco da rastreabilidade, uma orelha para o botão da rastreabilidade e uma orelha para o número de manejo da fazenda... pronto, adeus aftosa!!! Com tudo isso de brinco, nunca mais aftosa!!! (desculpe-me o sarcasmo). Não será proibido ter gado nessa região, mas se o produtor quiser vender seu gado para fora da região de fronteira poderá vendê-lo -- desde que faça uma sorologia. OK, perfeito ate ai.. Mas há 7 (sete) anos atrás fomos sorteados para fazer uma sorologia numa amostra do gado na fazenda e até hoje não veio a resposta e não foi por falta de interesse de nossa parte, tanto que cansei de solicitar o resultado. Porque o Governo não joga limpo com os produtores??? Querer acabar com o gado da região, ok, mas é preciso indenizar todo pecuarista com preço de mercado... indenizem os pastos plantados, instalações etc. etc.etc. ou então subsidie o preço que essas medidas irão provocar... pois essas medidas inviabilizam a pecuária nessa região e o governo assim, atinge seu objetivo. Joao Batista, e o nosso investimento durante anos em pastos em gado, em cercas, mangue iro, tronco de contenção, balança etc.etc.etc.??? Quem tem custeio-pecuário junto aos Bancos, sem renda suficiente, como vai saldar seus compromissos, e financiamento para aquisição se matrizes, financiamento para calcariar pastagens, financiamento para compra de maquinas e equipamentos ??? Aos inconformados, mais uma longa jornada Judicial... Esse atual Governo Estadual e sua Secretaria de Estado de Turismo Agricultura e Pecuária, estão convictos que essas medidas resolvem o problema de sanidade do rebanho no Estado, mas e o problema de gado dos assentamentos??? João Batista, no último levantamento de gado, nesses assentamentos o MS o número era da ordem de 500.000(Quinhentas mil) cabeças, a maior parte desse gado nas mãos de pessoas sem preparo e sem conhecimento do trato fitossanitário de um rebanho. Prova disso é que a vacina de aftosa é doada e é feita pelo órgão de controle e defesa animal do Estado. Mas na maior parte desses assentamentos não tem instalações como mangueiros, bretes etc., e a maioria das 500.000 cabeças terão que ser vacinas no laço... eu trabalho na lida do gado há muito, tempo tenho noção do que estou falando: laçar boi/vaca de 400kg-500kg imobilizar e vacinar!!!!! "vá contar historia pra boi dormir que é mais fácil"... sem contar que o numero de funcionários desse órgão, embora tenham boa vontade, é insuficiente para fazer esse trabalho durante o mês da vacinação e ainda fiscalizar as propriedades particulares.Esse Governo atual e sua Secretaria (que por sinal é uma pecuarista), está ouvindo o galo cantar e não sabe onde. Traga a missão Europeia para visitar os assentamentos do nosso Estado e vamos ver se eles constatam a sanidade da rebanho: mas para isso tem solução, aparelhe esses assentamentos com mangueiros, bretes, seringas, agulhas, medicamentos e técnicos responsáveis para permanecer em cada assentamento, ou logo vamos ter surpresas... É por essas coisas que o Brasil é visto lá fora como um Pais que não é sério. A solução encontrada, como sempre, acabará no bolso dos produtores que trabalham corretamente e tentam produzir, na medida em que o Governo não atrapalhar, o alimento saudável que o mundo quer. João Batista, ainda bem que hoje em dia temos ao nosso alcance pessoas e programas como o seu que se empenham em ajudar os produtores. Obrigada Rose Marie.

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