Fala Produtor - Mensagem

  • Rogério Arioli Tangará da Serra - MT 09/03/2011 00:00

    NADA SERÁ SUFICIENTE -A queda no desmatamento da floresta amazônica tem acontecido de maneira sistemática e consistente principalmente a partir do ano de 2004. Segundo números apresentados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que através do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira (Prodes) acompanha , via satélite, todo e qualquer movimento no interior daquela imensidão verde, tivemos em 2010 a menor área desmatada em 23 anos, resultado de uma estatística iniciada em 1988.

    Um detalhe relevante é o fato de que os locais onde o desmatamento segue ocorrendo concentram-se em pequenas derrubadas, com áreas inferiores a 25 ha. Isto demonstra que provavelmente são originárias de pequenos produtores que, por falta de alternativa de rentabilidade, apelam para a retirada das árvores.

    É muito fácil para nós, moradores das cidades, com todo o conforto e modernidades ao alcance da mão, condenar a derrubada da floresta. Aos brasileiros que habitam as cercanias da floresta, porém, sobra apenas o extrativismo puro e simples para fazer frente às demandas básicas da manutenção familiar. Esta é a realidade que assombra àqueles que tiveram a coragem de embrenhar-se no sertão, desencadeando o processo de interiorização nacional e até hoje aguardam pelo desenvolvimento prometido. É urgente que se proceda a criação de alternativas rentáveis aos que foram “empurrados” para a região amazônica, seja por programas de governos, seja pelo sonho de construir um futuro melhor.

    Mas à despeito dos avanços obtidos na redução do desmatamento, ou mesmo depois do governo Lula assumir, voluntariamente, metas na redução das emissões de CO2, não ocorreu nenhum arrefecimento da pressão externa sobre a produção brasileira, seja de grãos, fibras, biocombustíveis ou carnes. Num exercício de futurologia podemos afirmar que este patrulhamento sobre a agropecuária brasileira jamais irá diminuir. E não diminuirá porque, envoltas no manto demagógico das preocupações ambientais e sanitárias estão questões econômicas de grande interesse para muitos países.

    Consequentemente fica muito mais barato financiar ONGs ditas “ambientalistas” do que sofrer a concorrência da eficiente produção agropecuária brasileira.

    A preocupação ambiental não é prerrogativa de “ongueiros” urbanos que recebem pagamento pelas suas convicções, mas sim de todos os cidadãos de bem, começando pelos produtores rurais, que são diretamente afetados pelas alterações climáticas ou a diminuição da qualidade dos solos e das águas. É com esta preocupação que se pratica o plantio direto, mantêm-se reserva legal e respeitam-se as APPs (Área de Preservação Permanente) além de proceder-se o correto destino às embalagens de agrotóxicos. É também com esta preocupação ambiental que o Brasil possui a matriz energética mais sustentável do planeta.

    Entretanto, tudo o que o Brasil fizer para melhorar sua produção agropecuária do ponto de vista ambiental será extremamente louvável, mas infelizmente, será muito pouco para acalmar a sanha dos seus concorrentes.

    De qualquer maneira isto não deve ser motivo para desânimo. Muito pelo contrário, deve servir para que nossa motivação continue na busca do equilíbrio entre aumento de produção com preservação ambiental. Todavia, deveria servir também para que comecemos a exigir daqueles que nos cobram modelos de produção perfeitos, a submissão às mesmas regras as quais estamos sendo submetidos.

    Rogério Arioli Silva

    Engº Agrº e Produtor Rural

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