Fala Produtor - Mensagem
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JOSÉ DONIZETI PITOLI CORNÉLIO PROCÓPIO - PR 15/02/2024 11:36
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carlos dosciatti
CAMPO MOURAO - PR
muito bom excelente comentário muito bem explicado ao produtor rural e aos criticos do agro
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carlos dosciatti
CAMPO MOURAO - PR
PINGOS DE INFORMAÇÃO:
1 – CRISE AGROPECUÁRIA NO MUNDO
Parece que as dificuldades para manter-se na atividade não é problema só do celeiro do mundo, o Brasil. Vários outros países vem sofrendo com esta insegurança de produzir sob a dependência do clima, do mercado e das economias. EUA, Europa, China e Ásia já se manifestam veementemente.
2 – O GROSSO NA COLHEITA
Iniciamos a colheita das lavouras que mais sentiram os efeitos da maior estiagem já registrada no país. Com área estimada entre 18 e 23 milhões de hectares estarão sendo colhidas até meados de março o maior percentual da área plantada. Com índices de perdas elevados as lavouras tem produtividade oscilando entre 25 e 40 sacas por hectare. Essa produtividade mal cobre os custos diretos de produção. Os produtores ficam com enormes prejuízos.
3 – BAIXOS PREÇOS E PRODUTIVIDADE – O TAMANHO DO ROMBO NO AGRONEGÓCIO
Com tamanha perda de produtividade e queda nos preços internacionais o rombo no agronegócio brasileiro vai ultrapassar a casa do 60 bilhões de dólares. O socorro anunciado pelo governo federal é na ordem de 8,2 bilhões de reais = 1,65 bilhão de dólares. Daí, a diferença vamos negociar nas mesas dos gerentes dos bancos.
4 – A NOVA PRAGA DO AGRO
O agronegócio brasileiro enfrenta regularmente vários fatores e desafios que interferem diretamente na produção e preço, podemos citar:
a) – Oferta e demanda
b) – Crescimento e recessão econômica
c) – Política social e ambiental
d) – Transporte e logística
e) – Dependência econômica e financeira
f) – Notícias reais e fake news
Isto mesmo, a mais nova praga do agronegócio brasileiro se chama "FAKE NEWS". São as notícias falsas, divulgadas e espalhadas por pessoas e empresas que possuem interesses escusos. Visam não só o lucro fácil, mas o controle dos negócios, o poder.
Proliferam informações falsas ou com interpretações equivocadas. A "Fake News" geralmente tem um interesse, seja ela qual for, se traduzem de alarmes falsos para que opiniões sejam formadas, decisões tomadas, ações sejam realizadas. Quem perde é sempre o produtor.
Os veículos de imprensa apenas divulgam as notícias com chamadas sensacionalistas.
Um bom exemplo de fake News atual é a falácia de que a safra brasileira de soja será de 155 milhões de toneladas. E mesmo aquelas notícias divulgadas em meados de dezembro de que a safra brasileira de soja iria ser recorde 163 milhões de toneladas.
Contamos com o ovo da galinha, enquanto ainda era ovo. Nem o pintinho havia nascido.
5 – CONAB e USDA
Pelo jeito o pessoal da CONAB ainda não se deu conta da realidade no campo.
As lavouras estão sendo colhidas, e no campo a realidade é totalmente diferente das belas teorias e gráficos apresentados no relatório de safras da CONAB.
Aliás, considerando que o Brasil não mais possui quase nada de produtos em estoque, qual o atual compromisso da CONAB com o agronegócio?
Dizer do USDA: seu estilo conservador em mexer os números e trabalhar as informações de previsão, arrematando um equilíbrio da quebra com aumento na produção Argentina e menor demanda já era esperado, não só para mitigar o impacto da quebra nos preços das commodities, mas para também induzir os produtores do EUA à plantem mais milho.
Por certo que o velho ditado: "na prática, a teoria é outra", também na linguagem rural; "nos campos a realidade é bem diferente, daquela descrida na prancheta", e o tempo irá demonstrar que o agronegócio clama por amparo e socorro, e não é por menos.
Nosso empenho e missão de produzir alimentos para o mundo não pode nos deixar refém da saúde das economias mundiais ou dos governos. Necessitamos de políticas publicas diferenciadas.
6 – ESTOQUES NACIONAIS AINDA MENORES
As expectativas atuais prenunciam que a safra de soja no Brasil seja em torno de 135 milhões de toneladas. Os problemas com transporte marítimos estão direcionando muitos países à adquirir produtos no Brasil para cumprir seus contratos. Com a quebra na produção, preços internacionais baixos e maior volume de venda os estoques poderão chegar próximo de zero. Salvo se os produtores segurarem as vendas.
7 – PARA AVANÇAR AS VEZES É PRECISO DAR UM PASSO ATRÁS.
Analisando a questão do mercado de soja, vemos que o grande problema atual é a existência de um elevado volume nos estoques finais de soja.
Daí, se o problema é mais soja, temos que pensar em menos soja.
A natureza já fez sua parte, reduzindo a safra mundial até agora em cerca de 30 milhões de toneladas. Se o clima atuou e ainda atua severamente na América do Sul, pode também se virar contra a América do Norte e demais regiões produtoras do mundo.
Pensando em salvar nossa agricultura, temos agora que desenvolver ações para fazer aumentar os preços e por conta dos prejuízos que restaram reduzir também os custos de produção.
A primeira medida é não comercializar sua produção nos preços atuais.
Venda somente o necessário para sua sobrevivência.
Se você agricultor tem compromissos com financiamento, vá ao agente financeiro, empresa ou cooperativa. Peça prorrogação!
Segundo:
Esse é o passo atrás. Como reduzir produtividade e custos?
Vai ser difícil suportar, mas o caminho é reduzir a adubação, já que o fertilizante é um insumo com considerável peso nos custos de produção – 5 a 10 sacas por hectare e consequentemente produzir menos. Temos que reduzir nossa produtividade nos próximos 2, 3, 4 ou 5 anos (me desculpem os técnicos e pesquisadores, mas a ordem é sobreviver).
Com menor produção, seguramente os preços devem reagir.
Por último:
Não realizar novos investimentos, até que os preços melhorem e chegue amparo ou medidas de apoio.
Aqui, colheita com baixa produtividade, terra molhada e céu com nuvens.
A esperança e a fé, nos mantém em pé ......!