Fala Produtor - Mensagem

  • Maria A. de Paula Fartura - SP 03/02/2011 23:00

    Sr. João Batista Olivi! Isto é quase um rap ambiental sofrido.

    Agraciada pelo espaço de um blog que não é meu, relato em fatos fragmentados o que me aconteceu. Por pressão ambiental até a família adoeceu. Com sarcasmo e ironia, por pura covardia, tiraram tudo o que eu tinha, destruíram o que era meu.

    Eu que levava uma vida sossegada, numa cidadezinha, esquecida do mapa, sem teatro, sem cinema, sem folguedos de lazer, minha alegria consistia, em plantar flores, cultivar a terra, num terreno que comprei, isso era meu prazer.

    O terreno era grande, bem plano, como uma península, com água dos dois lados e pela topografia, comparado ao da vizinhança, com seus lotes urbanizados, este, em área rural ficava, pela beleza natural, aos olhos se destacava.

    E foi naquele dia, uma visita inesperada, a serviço do batalhão, e pela forma como falava, a força estava na farda de um guarda ambiental.

    Disse que meu pomar ali não podia ficar, pois de acordo com o Conama, fruta não fazia parte da lista florestal. Avistou as margaridas, minhas roseiras em flor, até uns pés de coqueiros, arranque tudo, que isso não é planta, conforme a secretaria, planta ornamental não consta, volte o terreno na sua forma original.

    Tentei argumentar com o moço, isso tudo Sr guarda, era capinzal, olhe do outro lado que todos fazemos igual. A questão é com a senhora, os outros não vêm ao caso, que dentro dos cem metros, a área é do IBAMA

    Entregou a autuação com alíneas assinaladas, explicou que a multa tinha o prazo de um mês e que eu deveria o quanto antes procurar o DPRN e que ele age assim quando o dever lhe chama.

    O que me cortou o coração e quase morri de espanto, foi quando aquele guarda fez uso da caneta, acrescentou à autuação que para o bem da humanidade, em prol da sociedade, por um ambiente limpo, sem degradação, para reparar o meu crime, pelas espécies em extinção, pela poluição das águas, e aos danos à população, por perdas irreparáveis, minha casa viria ao chão.

    Depois de pagar a multa, veio a intimação, o promotor me chamava para dar explicação, explicou-me que meu ato me levaria à prisão, mas se eu cumprisse direitinho o que constava na autuação, que a proposta era boa, era minha a decisão.

    Retirou da sua pasta uma foto, com um alicerce em construção, indagou-me se eu reconhecia, se aquela casa era minha. Como podia ter a foto do alicerce, indaguei-me em pensamento esperaram que eu chegasse ao acabamento, para depois dar o bote de verdadeira traição, para aumentar meu sofrimento, a casa nem tinha ainda sido paga, que o material foi comprado à prestação.

    Saí dali sentenciada, com uma lista de plantas na mão, tinha o prazo de seis meses, para que elas estivessem no chão, sem poder entrar na casa, pelo embargo justiceiro;

    A lista que eu trazia das plantas que pedia, nenhum viveiro tinha;

    Quando encontrava, por sorte uma bixa orelana, eram poucas mudas e não quarenta e quatro conforme se pedia, para descobrir depois que meu terreno ficaria cheio de urucum.

    Plantas e mais plantas, misturadas às outras plantas como lonchocarpus muehlbergianus da família fabaceae, que na clareza da nossa Língua Portuguesa, meu terreno ficaria com sessenta e seis mudas de embira de sapo.

    Se para o bem do progresso, é necessária a plantação, reparar um erro de um erro irreparável,

    percorrendo outras cidades, iniciava-se a peregrinação, enquanto um engenheiro elaborava, o projeto que faltava, aguardava a aprovação.

    A vida virou tormento, porque para a mão de obra, difícil era encontrar gente;

    Diante dos boatos, para um local pacato, o povo alvoroçou, queria ver de perto se aquilo era verdade, quando seria a formidável cena do espetáculo que começou.

    Como todo marginal, sem caráter, nem pudor, uma área embargada é tudo o que ele quer, se o proprietário não entra porque a justiça não deixa entrar, ele tem a liberdade de entrar quando quiser, vasculha todo o lugar e leva tudo o que puder;

    É neste momento que um homem, com o peso da idade nas costas, setenta e seis anos de vida, hoje tem oitenta e um, carrega mais um fardo, processado, humilhado, morto vivo com certeza, tem que se agigantar, para consertar o mundo em favor da natureza.

    Nem as crianças escapam da ideologia da perseguição, tem criança perdendo o bem, que é o bem que o avô lhe deu, teve a casa destruída pela mata ciliar, e a floresta que é da CESP o avô tem que recuperar.

    Quem quiser saber onde isso aconteceu, a cidade é interiorana, o estado é de São Paulo

    Que para envergonhar a abundância que proclama

    Fartura é seu nome.

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