Fala Produtor - Mensagem

  • jose orestes merola de carvalho Porto Velho - RO 11/08/2010 00:00

    A agricultura de Mokiti Okada -

    Ao longo de séculos, o homem tem cultivado alimentos de origem vegetal, algumas vezes empregando os recursos disponíveis localmente e respeitando os ciclos da natureza, outras vezes causando grande destruição dos recursos naturais. Mas, de uma forma, ou de outra, a agricultura sempre foi a mola-mestra do desenvolvimento humano. Sendo o agricultor considerado como um tesouro, por ser o principal responsável pela possibilidade de reprodução da espécie humana ao longo do tempo.

    Porém, com o crescimento da demanda por trabalho nas indústrias, no comércio e, mais recentemente, no setor de serviços, a população humana foi sendo, paulatinamente, deslocada do meio rural para o meio urbano. Quase todos os países do mundo tem evoluído, ao longo do tempo, para um aumento da população urbana, em detrimento da população rural. Haja vista o Brasil, onde, em 50 anos, houve a completa inversão da proporção entre pessoas habitando no meio rural e no meio urbano.

    A formula utilizada para promover esse deslocamento é que se constitui numa atitude totalmente irresponsável, egoísta e materialista. Aliados a vários governos e órgãos de imprensa, os industriais fizeram e fazem ainda hoje, uma campanha difamatória contra o trabalho no campo e contra o estilo de vida camponês. Todas as propagandas dão conta de que viver da terra, com as mãos calejadas e com o suor escorrendo da testa são coisa de "jeca tatu". E que, qualidade de vida se obtém se sua casa tiver todos os eletrodomésticos que o dinheiro possa comprar, se você puder passear no shopping aos domingos.

    Desta forma, criou-se uma consciência coletiva de que o alimento que ingerimos não é algo a ser valorizado, bem como o trabalho empregado por aqueles o produzem. Então, vivemos a procura, sempre, do alimento mais barato. Afinal, o que nos importa se os agricultores que ainda restam no campo e que produziram esses alimentos estão a morrer, contaminados pelos venenos sintéticos industrializados que, no último século, foram desenvolvidos para substituir o trabalho nas lavouras?

    Esse egoísmo está gerando um ciclo de infelicidade que atinge a todos. Uma vez que a falta de gratidão ao camponês nos está empurrando para um precipício do qual pode não haver mais volta. Já que a contaminação dos solos, da água, do ar, e dos seres vivos, incluindo entre estes últimos o próprio ser humano, pode significar, num futuro não tão distante quanto gostaríamos que fosse, a extinção das nossas fontes de alimento, o que pode ocasionar a extinção do próprio ser humano. Isso sem contar no aumento crescente do numero de casos de doenças degenerativas que atingem, primeiramente os trabalhadores do campo pela exposição direta aos venenos e, num segundo instante, todos os habitantes das cidades, que se alimentam de produtos cada vez mais contaminados por produtos tóxicos nocivos à vida.

    Então, é certo que somente com uma mudança radical na forma de tratar o homem do campo, onde todos expressemos nossa gratidão ao seu empenho em nos alimentar de forma segura e saudável, esse triste destino poderá ser alterado. É sobre isso que fala a filosofia de Mokiti Okada, quando nos ensina que existem espírito e sentimento não só no ser humano, mas também nos animais, nos vegetais e nos demais seres.

    Portanto, como menciona Mokiti Okada em seus ensinamentos, o futuro da espécie humana e das demais espécies animais e vegetais que habitam o planeta depende única e exclusivamente da mudança de pensamento do próprio homem.

    É certo que a adoção da Agricultura Natural, que respeita os princípios e leis da grande natureza, alimenta a gratidão mútua entre produtores e consumidores de alimentos constitui-se na única forma de garantir a sustentabilidade da vida e a contínua disponibilidade de alimento saudável para toda a humanidade.

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