Fala Produtor - Mensagem

  • TULIO DENARI SIDROLANDIA - MS 25/07/2010 00:00

    Quanto Tempo? ... Houve um tempo em que eu me achava uns dos únicos ambientalistas do mundo, o outro era meu pai! Parecia que todos desconheciam a necessidade da preservação da natureza. Que todos achavam isso coisa de gente que sonha muito e tem pouca coisa para fazer.

    Me lembro, que nas viagens para o Mato Grosso havia um enorme buraco feito para construir a estrada e que depois de tanta erosão virou uma voçoroca. Meu pai a chama de Canyon do DNER. Quase não dava para ver da estrada, pois fica numa curva e longe da rodovia. Hoje ainda passo por lá e sempre me recordo, pois meu pai assim como eu costuma ser repetitivo nas coisas, e isso ficou gravado.

    Agora parece mais um Canyon mesmo, as árvores cresceram dentro, dá pra ver a floresta por cima, é como uma cicatriz adaptada ao corpo. Agora faz parte da natureza! Incrível como a natureza se adapta, tem um poder grande de se recuperar!

    Sinto que as coisas mudaram, parece que todos têm preocupação com a preservação, quase todos são críticos ferozes, fiscalizam e não aceitam a depredação e o desrespeito com a natureza, principalmente se os desrespeitosos forem os outros! E confesso, ficou muito mais chato que antigamente, isso parece que virou religião, onde a discussão é sempre levada para o lado da crença pessoal, do supostamente correto, de acordo com a visão e interesse de quem a defende.

    Eu tenho a opinião que tudo esta melhor na medida do possível! Acho que o nível de vida e a conservação melhoraram muito e naquilo que são antagônicas se equilibrou mais. Não quero deixar a impressão que mudei e que acho agora desnecessário a preservação. Continuo achando mais que nunca! Só que a opinião publica ficou infestada por uma praga chamada ecologistas. Existem sim ecologistas, muitos e muito bons ecologistas, mas a denominação foi também tomada por indivíduos de conhecimento pequeno e/ou de interesses não declarados!

    Deste o simples turista que anda pelas praias e campos ao repórter que dá como certo dados ditos por pessoas sem conhecimentos de causa e efeito, onde uma medida tem o tamanho de “campos de futebol” ou o tempo é contado em “anos luz” (ano luz é uma unidade de distancia, não definição de tempo) todo mundo emite ou replica informações sem comprovação e que acabam tidas como verdadeiras pela repetetividade.

    Lembro que não havia restaurante na estrada de MT no qual a carne servida não fosse a de caça, não havia abertura de área, para lavoura ou pastagem, que não fosse feita com fogo e não havia defensivo (agroquímicos) para gado e plantas que não fosse Clorado (BHC) ou Organo-fosforado. Isso tudo não só mudou como quase desapareceu! E quem mudou esse fato? A ciência, a pesquisa, a tecnologia!

    Não acho errado a crítica e o protesto de ecologistas (tais pragas) com empresas, projetos ou atividade! Acho até engraçado e tenho um senso critico bem equilibrado e maduro sobre isso, mas duvido que seja compreendido por muita gente.

    O fato mais claro e simples é que o homem optou por destruir a natureza a ter que passar fome! Não ha como mudar essa máxima. A atividade humana na terra é incompatível com a preservação pura e simples.

    Há que ser uma preservação controlada, sustentável, planejada e como num casamento, consentida!

    Digo isso no campo em que tenho algum conhecimento, que é o campo da ciência agropecuária!

    Eu nunca vi protesto do Greempeace numa palafita, num assentamento de reforma agrária, numa favela, numa currutela ou numa aldeia indígena!

    Elas sempre acontecem a luz das grandes empresas ou em frente às câmeras atentas de jornais e televisões.

    E é onde justamente existem estudos, ciência e muito dinheiro envolvido. Não que isso os absorva (os projetos) de qualquer má intenção ou que represente total lucidez sobre o que esta sendo feito. Por isso mesmo, também não quer dizer que a crítica aos projetos seja isenta.

    Não podemos é esconder que a miséria, a pobreza e a ignorância são os maiores inimigos do meio ambiente. Não há meio ambiente preservado onde seres humanos vivem no escuro do conhecimento. E é lá onde acontecem as mais lentas, longas e irremediáveis agressões. Quem foi que inventou a história de que o homem primitivo ou silvícola é preservacionista? Não podemos acreditar na “opção” deles de viver em harmonia com a natureza, mesmo antes de qualquer contato com a civilização moderna houve vários casos de destruição, inúmeras sociedades entraram em colapso ambiental. Depois do contato com sociedades modernas é que esse aspecto destrutivo se agravou muito mais.

    Não há caça nem madeira de lei, não há peixes nem frutas, não há preservação da cultura e dos costumes nas comunidades indígenas próximas as cidades. Não há tudo isso e muito menos auto sustentação nos assentamentos de reforma agrária; nas favelas, palafitas e currutelas, não há saneamento ou cuidado com nada. Tudo é um lixo só! A cultura da subsistência vive no lixo.

    Só a ciência, o estudo, o conhecimento e o desenvolvimento ira levar o homem ao futuro harmônico e sustentado com a natureza, pois a natureza preservada não é a natureza estacionada, ela evoluí, muda, se refaz de forma nova.

    Precisamos emitir menos monóxido de carbono no ar, mas isso não significa solução, lembremos que a bilhões de anos o acontecimento que resultou no surgimento de uma célula com clorofila na natureza foi responsável pela maior poluição já ocorrida no planeta e que matou e sucumbiu com quase todos os seres vivos. Eram todos anaeróbicos e a partir daí, com o surgimento do O² acabou o tempo deles na terra, era a vez dos organismos aeróbicos, a terra para os anaeróbicos, graças à clorofila, estava mortalmente poluída por O².

    A mudança, a evolução, a extinção e a mutação são fenômenos muito comuns na natureza e por mais doloroso e catastrófico que pareça, a natureza é especializada em criar, transformar e matar as espécies e vai continuar a fazer isso sempre. Existem muito mais espécies extintas que as não extintas ainda. Tudo é uma questão de tempo.

    Túlio Denari

    Eng Agrônomo.

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