Fala Produtor - Mensagem

  • ABRASGRÃOS - Assoc. Brasileira de Produtores de Grãos Formosa - GO 14/06/2007 00:00

    N&atilde;o temos apenas a d&iacute;vida, temos os juros, J U R O S <br /><br />DISCURSO DE UM EMBAIXADOR MEXICANO &ndash; D&iacute;vida e &ldquo;juros&rdquo;...<br /><br />Uma hist&oacute;ria de 2002 pode estar indicando a maleza que ser&aacute; para o Brasil honrar suas contas com esta enorme incorpora&ccedil;&atilde;o anual de juros!<br /><br />Um discurso feito pelo embaixador Guaica&iacute;puro Cuatemoc, de descend&ecirc;ncia ind&iacute;gena, defendendo o pagamento da d&iacute;vida externa do seu pa&iacute;s, o M&eacute;xico, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Europ&eacute;ia. A confer&ecirc;ncia dos chefes de Estado da Uni&atilde;o Europ&eacute;ia, Mercosul e Caribe, em maio do ano de 2002 em Madri, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso ir&ocirc;nico, c&aacute;ustico e de exatid&atilde;o hist&oacute;rica que lhes fez Guaica&iacute;puroCuatemoc.<br /><br />Eis o discurso:<br />&quot;Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a Am&eacute;rica h&aacute; 40 mil anos, para encontrar os que a &quot;descobriram&quot; s&oacute; h&aacute; 500 anos. O irm&atilde;o europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irm&atilde;o financista europeu me pede o pagamento - ao meu pa&iacute;s- ,com juros, de uma d&iacute;vida contra&iacute;da por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irm&atilde;o europeu me explica que toda d&iacute;vida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e pa&iacute;ses inteiros sem pedir-lhes<br />consentimento. Eu tamb&eacute;m posso reclamar pagamento e juros.<br /><br />Consta no &quot;Arquivo da Cia. das &Iacute;ndias Ocidentais&quot; que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a S&atilde;o Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milh&otilde;es de quilos de prata provenientes da Am&eacute;rica.<br /><br />Teria sido isso um saque? N&atilde;o acredito, porque seria pensar que os irm&atilde;os crist&atilde;os faltaram ao s&eacute;timo mandamento! Teria sido espolia&ccedil;&atilde;o? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irm&atilde;o.<br /><br />Teria sido genoc&iacute;dio? Isso seria dar cr&eacute;dito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civiliza&ccedil;&atilde;o europ&eacute;ia se devem &agrave; inunda&ccedil;&atilde;o de metais preciosos tirados das Am&eacute;ricas.<br /><br />N&atilde;o, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milh&otilde;es de quilos de prata foram o primeiro de tantos empr&eacute;stimos amig&aacute;veis da Am&eacute;rica destinados ao desenvolvimento da Europa. O contr&aacute;rio disso seria presumir a exist&ecirc;ncia de crimes de guerra, o que daria direito a exigir n&atilde;o apenas a devolu&ccedil;&atilde;o, mas indeniza&ccedil;&atilde;o por perdas e danos.<br /><br />Prefiro pensar na hip&oacute;tese menos ofensiva.<br /><br />T&atilde;o fabulosa exporta&ccedil;&atilde;o de capitais n&atilde;o foi mais do que o in&iacute;cio de um plano &quot;MARSHALL MONTEZUMA&quot;, para garantir a reconstru&ccedil;&atilde;o da Europa arruinada por suas deplor&aacute;veis guerras contra os mu&ccedil;ulmanos, criadores da &aacute;lgebra, da poligamia, e de outras conquistas da civiliza&ccedil;&atilde;o.<br /><br />Para celebrar o quinto centen&aacute;rio desse empr&eacute;stimo, podemos perguntar: Os irm&atilde;os europeus fizeram uso racional respons&aacute;vel ou pelo menos produtivo desses fundos?<br /><br />N&atilde;o. No aspecto estrat&eacute;gico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invenc&iacute;veis, em &ldquo;terceiros-reichs&rdquo; e v&aacute;rias formas de exterm&iacute;nio m&uacute;tuo. No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma morat&oacute;ria de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas l&iacute;quidas, das mat&eacute;rias-primas e da energia barata que lhes exporta e prov&ecirc; todo o Terceiro Mundo.<br /><br />Este quadro corrobora a afirma&ccedil;&atilde;o de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu pr&oacute;prio bem, o pagamento do capital e dos&nbsp;juros que, t&atilde;o generosamente, temos demorado todos estes s&eacute;culos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que n&atilde;o nos rebaixaremos a cobrar de nossos irm&atilde;os europeus, as mesmas vis e sanguin&aacute;rias taxas de 20% e at&eacute; 30% de juros ao ano que os irm&atilde;os europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.<br /><br />Nos limitaremos a exigir a devolu&ccedil;&atilde;o dos metais preciosos, acrescida de um m&oacute;dico juro de 10%, acumulado apenas durante os &uacute;ltimos 300 anos, com 200 anos de gra&ccedil;a. Sobre esta base e aplicando a f&oacute;rmula europ&eacute;ia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milh&otilde;es de quilos de prata, ambas as cifras elevadas &agrave; pot&ecirc;ncia de 300, isso quer dizer um n&uacute;mero para cuja express&atilde;o total ser&aacute; necess&aacute;rio expandir o planeta Terra.<br /><br />Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?<br /><br />Admitir que a Europa, em meio mil&ecirc;nio, n&atilde;o conseguiu gerar riquezas suficientes para esses m&oacute;dicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a dem&ecirc;ncia e irracionalidade dos conceitos capitalistas.<br /><br />Tais quest&otilde;es metaf&iacute;sicas, desde j&aacute;, n&atilde;o inquietam a n&oacute;s, &iacute;ndios da Am&eacute;rica. Por&eacute;m, exigimos assinatura de uma carta de inten&ccedil;&otilde;es que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatiza&ccedil;&atilde;o ou convers&atilde;o da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira presta&ccedil;&atilde;o de d&iacute;vida hist&oacute;rica...&quot;<br /><br />Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Europ&eacute;ia, o Cacique Guaica&iacute;puro Guatemoc n&atilde;o sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a<br />Verdadeira D&iacute;vida Externa.<br /><br />Agora resta que algum Governo Latino-Americano tenha a dignidade e coragem suficiente para impor seus direitos perante os Tribunais Internacionais.<br /><br />Os europeus teriam que pagar por toda a espolia&ccedil;&atilde;o que aplicaram aos povos que aqui habitavam, com juros civilizados. <br /><br />(Publicado no Jornal do Com&eacute;rcio - Recife/PE.)

    0