Por que os Preços do Petróleo caíram tanto? Por Andrea Cordeiro
Logo quando o assunto coronavírus se tornou tema de destaque mundialmente, eu fiz vários pequenos comentários e vídeos em minhas redes sociais explicando a relação da doença com os preços de commodities agrícolas, metais e energia.
Comentei que em tempos de dúvidas, investidores ficavam incomodados e que o movimento natural era uma fuga de capital de países emergentes e também a migração por papeis/produtos menos arriscados, como o dólar. Como vivíamos algo novo, os movimentos de liquidação em bolsa passaram a ser intensos.
No início o mercado buscava saber como China lidaria com os efeitos da coronavírus. Qual seria a velocidade da desaceleração daquela economia que já sentia os efeitos de quase 2 anos de guerra comercial.
Para quem diz que China não estava dava sinais de
cansaço eu relembro a performance daquela economia em 2019. O PIB chinês anunciado em janeiro surpreendeu ao mostrar um crescimento de apenas 6,1, o mais baixo em 29 anos.
De maneira genérica, quando se fala em desaceleração da economia, imediatamente se projeta um menor consumo de petróleo por aquele país.
Petróleo é a principal fonte de energia utilizada no mundo e aproximadamente 40% do seu uso destina-se a transporte, seja de cargas ou humanos. Quando menos atividade se gera, menos produto o país demanda. E quando falamos em China, as proporções são gigantes.
O país que concentra quase 1.4 bilhões de pessoas precisou frear bruscamente o ritmo de atividade para controlar a disseminação da doença. Cidades inteiras em quarentena, sem circular, produzir, consumir, comprar e vender em rimo normal
Em paralelo ao coronavírus, um fator agravante: A morosidade dos países que formam a OPEP em cortar produção diária, inclusive com decisões unilaterais de aumento de produção e negócios praticados com descontos, alimentou a pressão. Países produtores passaram a atacar o mercado de outros países ofertando volume abaixo do valor praticado em bolsa.
Com isso o contrato de petróleo negociado em Nova York, referência para o produto norte americano entrou em uma tendência de queda e após alguns recuos, grandes fundos de investimento apostando que o produto estava barato demais começaram a montar uma carteira comprada.
Aí o caos estava formado pois o que parecia barato em um dia, tornava-se caro no outro e assim consecutivamente e mesmo assim muitos desses fundos continuavam acreditando que o produto estava barato e apostavam em mais comprar pra melhorar a média e defender posições.
Em paralelo a crise do coronavirus, sem precedentes na história, potencializou a queda do ritmo econômico dos principais países europeus e Estados Unidos que passaram a adotar medidas de proteção como fechamentos de voos, recomendação de quarentena, entre outros.
Não se voava mais, voos cancelados, medo dominando e cada vez mais países adotando mais medidas de proteção. Não se andava mais de carro, não se produzia mais, não se navegava mais com a mesma intensidade, afinal portos que estavam no Mar da China viviam um processo de quarentena em alto mar, embora nenhum porto tenha paralisado as atividades e com a menor demanda e uso do petróleo os países produtores decidiram tarde iniciar cortar produção.
Com um quadro de oferta excessivo e com a ausência de demanda das refinadoras, o resultado não poderia ser outro senão o de estoques altíssimos, com capacidade insuficiente de armazenagem com produtores buscando navios e trens para estocarem suas reservas.
E aí voltando aos fundos que acharam lá atrás ter descoberto a forma de minimizar prejuízos com outros papéis, se viram em maus lençóis e o auge das perdas aconteceu na segunda feira, 20, data do vencimento do contrato de petróleo negociado em Bolsa de Nova York – WTI. Ali naquele momento ficou claro que o custo para rolar a posição para um vencimento mais longo, estava caro, fora da curva.
Enquanto alguns rolaram, a maioria decidiu fazer apenas uma perna da posição zerando a carteira e nesse caso especifico, sair de posição comprada significava vender. Essa estratégia desencadeou uma legião de ordens de venda forçando a CME Group controladora da NYMEX que negocia o contrato WTI, permitir negócios com deságio, sob pena de colapsar o mercado. E foi nessa tendência que o contrato seguiu, caindo até ser negociado com preço negativo e encerrar o vencimento cotado a - US$ 37,63 o contrato, algo histórico para o mercado financeiro.
Essas cotações em deságio significaram que playes vendedores pagaram aos compradores o preço de US$ 37,63 por cada contrato WTI.
E se alguém acreditava que passado o vencimento do contrato o petróleo pararia de cair, enganou-se. Mesmo feriado aqui no Brasil as bolsas internacionais que negociam o petróleo Brent e WTI, registraram outra rodada de queda. Algumas casas já projetam que o fim do poço mora mais adiante.
Após as baixas históricas dos últimos pregões, o petróleo negociou em alta nessa quarta em razão da expectativa de reposição de estoques do governos dos EUA, nova rodada de corte de produção mundial e a escalada de tensão entre Estados Unidos e Irã com a decisão de Trump em autorizar a Marinha dos Estados Unidos a atacar embarcações do Irã que ameacem a segurança de embarcações norte americanas.
1 comentário
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Parabéns pelo texto, Andrea... Bem explicativo e de fácil leitura.