Quarta-Feira é o Dia da Abobrinha, por Prof. Dr. Marcos Fava Neves

Publicado em 29/12/2017 08:58
Marcos Fava Neves, Professor Titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Pelos conhecidos benefícios da abobrinha para a saúde humana, penso em submeter à Assembleia Legislativa de São Paulo um projeto de iniciativa popular, com um milhão de assinaturas propondo que nas quartas-feiras, supermercados só possam vender abobrinha, restaurantes só sirvam abobrinha, no McDonalds o McBobrinha, nas cantinas das escolas crianças receberiam sopa de abobrinha e coxinha de abobrinha e nas nossas casas também só abobrinha. Quem não obedecesse cairia nas garras do aparelho repressor, sendo multado em milhares de unidades fiscais do Estado.

O leitor que agora se encontra sem entender como alguém pode propor algo que intervenha na sua liberdade de comer, saiba que isto quase aconteceu, mas no sentido oposto. Nossa Assembleia Legislativa está trabalhando nestes dias e pasmem, acaba de aprovar um projeto de lei de um Deputado Estadual que cria a segunda sem carne. Começa mais ameno, atingindo a rede pública e as empresas que têm relações com órgãos públicos mas nada garante que inexistam planos de avançar sobre a toda a sociedade na sequência. Ou seja, o Estado intervém no meu cardápio, retirando a carne da alimentação na segunda-feira, indo contra inclusive a Constituição Federal, que prega a liberdade de escolha, de consumo, entre outros. 

Como temos que aprender com tudo, quero chamar a atenção dos agentes públicos em apenas dois aspectos neste texto, ambos ligados a uma sensação que estamos chegando num momento de exaustão com a interferência do Estado na vida do cidadão.

O primeiro aspecto é que ideias devem vencer pela comunicação, e não pela intervenção. Não quero entrar no debate dos benefícios ou problemas do consumo de determinados tipos de alimentos, pois existe farta literatura publicada e tenho opinião formada sobre os ganhos nutricionais às pessoas do consumo equilibrado de proteína animal, fora o prazer de saborear, para os apreciadores. 

Respeito muito pessoas que tenham opinião contrária a esta e que há tempos alteraram sua alimentação dando preferência à também excelente opção vegetariana. Muitos formaram organizações interessantes que vêm fazendo um trabalho importante de educação, comunicação e sensibilização da sua causa. Se pessoas ou grupos acreditam em uma determinada ideia, devem trabalhar pelo convencimento dos demais usando a educação e a comunicação, e não a interferência do Estado, sempre preservando os princípios da liberdade de escolha.

O segundo ponto é que o agente público precisa ter mais noção do impacto econômico e social de suas propostas. Supondo que esta lei pegue em seu potencial completo, ela pode diminuir o tamanho destas cadeias produtivas integradas de proteína animal em 1/7. Os agentes públicos chegaram a quantificar as produções que deixarão de ser feitas, os valores que serão destruídos, os impactos negativos no PIB, os empregos que serão perdidos e o quanto cairá a arrecadação Estadual diminuindo orçamentos da área da saúde, educação, segurança, entre outros? Ou simplesmente foi aprovado sem medir impactos econômicos e sem visão orçamentária? 

Minha opinião é simples. Errou o Deputado ao propor este projeto que pode levar à intervenção na liberdade das pessoas, e errou a Assembleia Legislativa ao aprovar tal proposta, sendo o segundo erro, colegiado, muito mais grave e decepcionante que o primeiro. Que o Governador possa rapidamente arquivar isto, evitando um terceiro erro.

Estamos começando um novo ano onde a sociedade, incluindo os agentes públicos municipais, estaduais e federais precisa ter foco em geração de valor, geração de renda e geração de oportunidades. Tudo o que for contra isto, não deve ser prioridade na agenda dos nossos agentes públicos, das nossas Assembleias, pois nosso povo já sofreu demais as consequências da agenda restritiva.  A sociedade pagadora de impostos está cansada de ideias e projetos que coloquem mais restrições à produção, à liberdade, à necessidade de crescermos para gerar oportunidades. O Brasil precisa soltar suas travas. Vamos para uma agenda de construção!

Bom ano novo a todos, de muito trabalho e saúde. E fiquem tranquilos, ao escrever este texto pensei melhor e decidi também arquivar a quarta-feira da abobrinha.

 

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Fonte:
Prof. Marcos Fava Neves

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