FPA e o desenvolvimento do setor produtivo, por Itamar Canossa
Considerado o celeiro do Brasil, que por sua vez é considerado o celeiro do mundo, Mato Grosso ganha força e assume o protagonismo quando o assunto é produção agrícola. Maior produtor de soja, milho, algodão e carne bovina, o mundo vira os olhos para nossas terras. E mesmo com toda a burocracia e dificuldade para produzir, os produtores rurais mostram resiliência na produtividade somada a sustentabilidade exigida pelo código florestal mais severo do mundo.
Da cerca para dentro, o potencial tem despertado o interesse de quem pode auxiliar ainda mais no desenvolvimento do setor. Essa semana, foi instalada em Mato Grosso a Frente Parlamentar da Agropecuária, com a participação de 18 dos 24 deputados estaduais, o que significa que 75% dos parlamentares da casa de leis do estado estão dispostos a trabalhar pelo setor produtivo.
Essa aproximação entre sociedade civil e agentes públicos é fundamental para o segmento e trará mais eficiência na discussão de demandas, e na solução dos entraves. Sem mencionar a representatividade que ganhamos na hora de debater assuntos que interferem na produção.
O principal objetivo é acompanhar temas de interesse do setor agropecuário, promover o debate das pautas em tramitação na casa de leis e no executivo, atuar na interlocução com Congresso Nacional, e intermediar o diálogo com a bancada federal. Para assim facilitar a vida de quem quer trabalhar e produzir, independente se é pequeno, médio ou grande produtor.
E atualmente algumas situações interferem diretamente no setor produtivo. A invasão de propriedades e as violações ao direito constitucional de propriedade, a segurança jurídica dos produtores, o impacto para a agropecuária de Mato Grosso com o novo marco temporal para as demarcações das terras indígenas, o zoneamento e nova proposta que está sendo elaborada pelo Governo do Estado, a criação de Unidades de Conservação e suas implicações para o setor, o uso dos defensivos agrícolas, modais de transportes, como a duplicação da 163, ferrovias e seus reflexos para a agropecuária, entre outros.
Esse estreitamento do diálogo entre setor produtivo, legislativo estadual e federal poderá abrir portas, expandir diálogo e alargar fronteiras para o Agro de Mato Grosso. Além de propor ferramentas e mecanismos que promovam a cooperação internacional, organizar missões e encontros multilaterais e seguir com uma comunicação franca e contínua com dados atualizados e sem narrativas pode fortalecer e expandir o nosso Agro.
Em recente visita à China, com uma comitiva de empresários de vários setores, principalmente do agro, observei de perto as oportunidades de novos negócios que podemos conquistar com o gigante asiático.
A China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil, campeã na importação do milho brasileiro, responsável por um terço do incremento do volume exportado do produto. É também a principal importadora do complexo soja, comprando US$ 819,82 milhões em dezembro de 2022 ou 65,8% do valor exportado pelo Brasil.
Com esses números o país tornou-se nosso principal parceiro de comércio exterior (34% das exportações brasileiras do agro têm como destino o país asiático), ao passo que o Brasil também passou a ocupar a posição de segundo maior fornecedor de produtos alimentares à China, atrás apenas da União Europeia (representando 14% do total das importações chinesas no setor).
São inúmeras as possibilidades com a nação mais populosa do mundo que podem surgir com um diálogo franco, aberto e conduzido pelos interesses mútuos de segurança alimentar entre os países. E o Agro do Mato Grosso está pronto para ser protagonista desta jornada.
Itamar Canossa é presidente do Fórum Agro MT e produtor rural em Sorriso.
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