Agricultura: imagem e dificuldades, por José Zeferino Pedrozo
Depois de séculos tratado como uma área atrasada e eternamente dependente do Estado, o setor primário da economia brasileira subiu os degraus da maturidade e da excelência. Em décadas de investimentos, estudos, pesquisas, persistência e muito, muito trabalho, a agricultura brasileira mostrou a sua força. Milhões de brasileiros – produtores, trabalhadores, famílias e empresários rurais – construíram esse universo que se tornou paradigma mundial de qualidade.
Nos últimos 20 anos foi o segmento que maior contribuição deu à balança comercial e ao desenvolvimento econômico do País. Acumula muitas vitórias, mas, curiosamente é objeto de muitas incompreensões. Embora seja uma atividade completamente sustentável, vive na mira de formuladores de políticas ambientais, ambientalistas e ONGs internacionais que parecem obcecadas em gerar fatos que criem embaraços ao Brasil na manutenção de mercados internacionais duramente conquistados.
O compromisso do setor com a sustentabilidade é um pacto de perpetuação. Atividades agrícolas e pecuárias que não respeitam o meio ambiente têm vida curta. É uma questão de consciência, mas, também de pragmatismo econômico. Dois terços do território nacional preservam a vegetação nativa. As tecnologias de manejo de solo e de integração lavoura-pecuária-floresta permitem a recuperação de áreas degradadas e sua incorporação ao processo produtivo sustentável para aumentar a produtividade. Assim, não há necessidade de avançar sobre florestas ou área de proteção permanente. Ou seja, vice-líder mundial em exportações, a agropecuária brasileira – que logo ser tornará a maior exportadora do Planeta – é uma das mais sustentáveis.
Sintoma da seriedade com que a agricultura verde-amarela encara a questão ambiental é a decisão do Ministério da Agricultura em estabelecer uma parceria com a Climate Bonds Initiative (CBI) para implementar um plano de investimento para a agricultura sustentável. A CBI é uma das certificadoras de títulos verdes mais respeitadas do mundo. Consultas com produtores e entidades do agronegócio possibilitaram definir um protocolo específico para o Brasil. Empresas e produtores rurais que comprovarem boas práticas ambientais, sociais e de governança poderão emitir títulos de dívida a serem adquiridos por investidores.
A imensa burocracia, a profusão de normais, a demora no licenciamento dos empreendimentos agropastoris e a deficiente infraestrutura são percalços para o agronegócio. Outro óbice é o protecionismo que emerge em todos os continentes, exigindo esforços diplomáticos e comerciais para superação. Há um caminho para enfrentar esse oceano de transtornos. Pesados investimentos na recuperação e expansão de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, armazéns, comunicações e saneamento são exigências do desenvolvimento econômico nacional que darão fôlego e maior competitividade à agricultura. Se o governo tiver lucidez e capacidade de investir nessa área cumprirá, simultaneamente, dois objetivos: preparar o País para a retomada do crescimento e gerar milhões de empregos.
Internamente, o País precisa de atitude e ação. Para contribuir com as metas que a agricultura brasileira quer alcançar no Planeta, o País precisa cumprir seus compromissos com a proteção dos biomas, o combate ao desmatamento e o aperfeiçoamento da estrutura de proteção aos recursos naturais.
Apesar do estrondoso sucesso e dos crescentes superávits comerciais (grande parte devido ao fator China), a agricultura brasileira vem perdendo a batalha da comunicação na esfera internacional. O Brasil precisa desenvolver um programa de imagem e diferenciação de produtos e consolidar exportações de maior valor agregado. Apesar de ser o maior produtor em importantes cadeias produtivas, a imagem do Brasil no exterior é fraca quando comparada a de países como Austrália, Estados Unidos e Canadá. Com o apoio da CNA, ABPA, ABIEC e outras entidades nacionais do agronegócio é necessário adotar uma campanha unificada para fortalecimento da imagem do País no mundo com a participação dos Ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente, Relações Exteriores e Presidência da República.
1 comentário
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Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Voces entenderam o que o José Zeferino Pedrozo está falando? Ele está dizendo que não é o sistema judiciário brasileiro quem vai julgar se o produtor brasileiro está ou não cumprindo com o código florestal, são as ONGs estrangeiras com seu trilhões de dólares em digitos em uma tela de computador e que só existem nos preços de empresas listadas em bolsa, que estão quebradas, dão prejuizo a anos e mesmo assim não param de subir.
Verdade, Sr. Rodrigo... é isso mesmo que está prestes a acontecer. E. como já devem ter notado, vejo que as ONGs estrangeiras já criaram o STF delas, com nome e sobrenome: ABIOVE... É truculenta, fez suas próprias regras, ela própria acusa, investiga, julga, impõe pena e fiscaliza o cumprimento da pena.... Alguma semelhança com o atual STF?
Por enquanto ela está ditando regras para região Amazonia (um balão de ensaio)... aceito isso, ela vai interferir em todas as propriedades brasileiras..., então quem não tem problemas hoje, terá amanhã... Portanto, amigos, ao admitirmos a interferencia da ABIOVE sobre nossas propriedades estamos simplesmente aceitando que as ONGs européias continuem a mandar em nossas decisões.
É chegada a dar um basta nisso!!!! Lembrando que temos uma empresa matogrossense que faz parte dessa ABIOVE, seu sócio maior foi governador e senador por MT... Para por um freio nas ações da ABIOVE basta que os agricultores e pecuaristas não façam mais negócios com os integrantes dessa associação.
Excelente Merie, também concordo plenamente com voce. Esperamos que os produtores prestem muita atenção nisso.