O problema erosão, por Afonso Peche Filho
Manter a capacidade produtiva e conter a erosão do solo é sem dúvida nenhuma o maior desafio da agricultura brasileira. Produzir ambientes produtivos em vez de degradados, apesar de óbvio em alguns casos, chega a ser um devaneio de um velho teórico e chato. Embora o sistema plantio direto na palha e várias praticas de conservação do solo e da água tenham sido introduzidos, a aplicação dessas medidas está muito abaixo das expectativas e a degradação do solo ainda é um problema persistente em todas as partes do Brasil, na pequena, média ou grande propriedade. Os fatos mostram que os agricultores mesmo com estruturas de conservação e práticas recém-introduzidas são indiferentes e passivamente aceitam a erosão como natural em sua propriedade. A agricultura contínua, agricultura de sucessão e a monocultura, mesmo com o plantio direto, ocorrem por toda parte do território brasileiro em terrenos inclinados, planos, arenosos ou argilosos.
Fundamentalmente sabemos que a matéria orgânica proveniente das colheitas deve permanecer na superfície do solo logo após a safra em vez ser incorporada. Com a ajuda da umidade, dos decompositores e das atividades enzimáticas ocorre à fertilização natural do perfil do solo. A camada orgânica ou humificada garante o desenvolvimento das plantas que vão gerar a próxima colheita. Mesmo assim ocorre a prevalência do preparo convencional nos períodos da primavera e do verão de forma continuada, trazendo sérios problemas de fragilização do solo que fica exposto às chuvas de verão e ao sol intenso do inverno.
Assim, a agricultura que hoje é a espinha dorsal da economia brasileira e para a qual as terras produtivas são indispensáveis para competitividade e indispensáveis para a produção de alimentos estão ameaçadas pela erosão, produto da indiferença de seus técnicos e da estupidez dos seus agricultores.
Afonso Peche Filho - Pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas
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