Crise do setor canavieiro, hora de recuperar o solo, e voltar a produzir

Publicado em 29/10/2018 12:21
Por Valdir Edemar Fries – Produtor rural em Itambé

Não é de hoje que o setor canavieiro vem sofrendo com a crise, seja ela provocada pela falta de planejamento/investimento e ou por motivos econômicos/administrativo de cada usineiro, estrutural, e ou provocada pelas politicas públicas e comerciais, a verdade é que o rastro de destruição e prejuízos são incalculáveis.

O objetivo aqui não é relatar quantos complexos de moagem e industrias fecharam, e ou de quantos trabalhadores foram demitidos, mas sim relatarmos um pouco dos prejuízos financeiro causados ao homem do campo, e a prática de plantio e manejo do solo para superar os custos de recuperação de toda degradação, que deixaram rastros de destruição da estrutura física e química do solo. 

Valdir Edemar Fries - CRISE DO SETOR CANAVIEIRO, HORA DE RECUPERAR O SOLO, E VOLTAR A PRODUZIR

Em solos argilosos, a colheita mecanizada da cana de açúcar, tem provocado a compactação do solo e consequentemente a baixa infiltração da água das chuvas, alto volume de erosão da camada superficial do solo e acumulo de água na bacia dos terraços de contenção… Conforme podemos observar nesta imagem, e comparar, que em primeiro, temos um solo recém cultivado com restos de palhada de milho, onde todo volume de água da chuva foi absorvido e infiltrado no solo, sem vestígio de erosão superficial e nada de volume de água acumulado na bacia dos terraços, da mesma forma, em meio a imagem, a cultura soja já em fase de desenvolvimento, onde não se observa qualquer acumulo superficial da água das chuvas, ao contrário da área de cana de açúcar, ainda em fase de colheita.   

Diante dos elevados custos da operacionalização mecânica para erradicação da soqueira da cana de açúcar e para a descompactação do solo na recuperação de uma área de terras cultivada com cana de açúcar, a opção que encontramos diante de todos os desmandos dos usineiros, foi optarmos pelo sistema de PLANTIO DIRETO, e realizarmos o plantio da soja já na sequencia da colheita da cana de açúcar.

Valdir Edemar Fries - CRISE DO SETOR CANAVIEIRO, HORA DE RECUPERAR O SOLO, E VOLTAR A PRODUZIR

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O plantio direto em solo argiloso, para ser realizado em cima da resteva da cana de açúcar, porém só é possível quando o solo apresentar alto índice de umidade, do contrário, não se consegue quebrar a camada superficial compactada, e nem mesmo aprofundar o sulco da linha de plantio/adubação.

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Conforme todos produtores sabem, a e realização da operacionalização de plantio em solo com alto índice de umidade é dificultoso, porém, mesmo assim, nestas condições se consegue uma boa plantabilidade, do contrário, se realizado o plantio com baixa umidade, devido a compactação, na abertura do sulco, o que resta é um solo atorroado que acaba dificultando a emersão das plantas.

Valdir Edemar Fries - CRISE DO SETOR CANAVIEIRO, HORA DE RECUPERAR O SOLO, E VOLTAR A PRODUZIR

Plantabilidade da soja em fase de emersão das plantas em meio a soqueira e resteva da cana de açúcar, sem a realização de qualquer destruição da soqueira e dos restos vegetais da cana de açucar.

Valdir Edemar Fries - CRISE DO SETOR CANAVIEIRO, HORA DE RECUPERAR O SOLO, E VOLTAR A PRODUZIR

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Realizando o plantio da soja já na sequencia da colheita da cana de açúcar, a rebrota da cultura será eliminada através de herbicidas no pós emergente da lavoura implantada, para tanto, devemos estar fazendo uso de Glifosato mais um herbicida exclusivo para combate a gramineas (da mesma forma que fizemos na safra 2017/2018 para eliminar qualquer possibilidade de rebrota da cana em meio a cultura da soja.

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Imagem da área de terra onde havia cana de açúcar, agora pelo segundo ano, com a cultura da soja plantada em 7 de setembro de 2018, com a adubação formulada de 420 kg por hectare na base de plantio, mais 100 kg de cloreto de potássio em cobertura… Embora toda massa de enraizamento da soqueira da cana tenha apodrecido favorecendo a descompactação e aeração do solo, para complementar a recuperação física/química do solo, na pós colheita da soja 2017/2018 realizamos apenas uma operação mecânica na execução de uma subsolagem profunda, para melhor descompactar o solo, e em termos de recomposição de nutrientes, a calagem de acordo com a analise de solo e uma cobertura de 3 toneladas por hectare de cama de frango.

No pré plantio, sobre a resteva da cana, foi realizado uma aplicação 2 toneladas de calcário por hectare, já na adubação de base, neste ano de 2018, no plantio direto da soja sobre a soqueira da cana de açúcar, em partes da área cultivada fizemos uso do fertilizante MINORGAN  na dosagem de 612 kg por hectare, e como opção e observação, nas demais áreas fizemos uso de 250 kg do corretivo YOORIM, e já previsto para realizar a adubação de cobertura de cloreto de potássio na quantidade de 150 kg por hectare.    

O plantio direto da cultura da soja sobre a soqueira da cana de açúcar é uma opção que fizemos diante de todos os desmandos e da inadimplência do setor canavieiro, que em nosso caso, a usina, não vem cumprindo nem mesmo o acordo judicial firmado a mais de dois anos, muito menos pagando a renda firmada na parceria… Foi visando economia na operacionalização de todo o processo de destruição dos restos da cultura da cana de açúcar e na recuperação do solo física e química do solo, que tomamos a iniciativa de realizar o plantio direto da soja sobre a soqueira da cana de açúcar, mesmo em solo argiloso e compactado, pudemos observar, e afirmar que se trata de uma prática  economicamente viável e tecnicamente comprovado pelos resultados que obtivemos na safra 2017/2018, onde foi possível, diante das condições climáticas favoráveis  conseguir uma produtividade de 56 sacas de soja por hectare, não muito, mas o suficiente para cobrir todos os custos de recuperação física e química do solo em acordo com a analise de solo.

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Entre esta imagem e a primeira lá do alto do post, podemos analisar, que o simples fato de termos realizado o plantio da soja em nível, com a abertura do sulco de plantio profundo, foi possível obtermos maior infiltração de água na linha de plantio, diminuindo significativamente o escoamento superficial e o acumulo de água nos terraços de contenção, embora o volume de chuvas tenha sido inclusive superior o da ocorrido quando da realização da primeira imagem.

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