O que esperar do agro em 2018 e além, por Marcos Sawaya Jank (*)

Publicado em 04/01/2018 10:38

Três tendências do agronegócio global vão marcar o ano de 2018 e deveriam nortear nossas análises e políticas no Brasil:

1. "Incertezas e riscos crescentes, mas aumentam as oportunidades nos países emergentes"

O mundo definitivamente entrou num ciclo perigoso de riscos e incertezas: terrorismo, rearmamento, lideranças imprevisíveis, protecionismo, acordos plurilaterais em xeque (OMC, acordo do clima, Brexit, TPP) e migrações maciças. O número de migrantes dobrou em dez anos, para 66 milhões de pessoas em 2017.

Pessoas protestam porque não têm o que comer em países destroçados por guerras, conflitos étnicos e ditaduras corruptas. Foi assim nas revoluções populares da Primavera Árabe de 2011. Foi assim nas manifestações de rua que eclodiram em 28/12 no Irã, desencadeadas pelo aumento de até 40% nos preços de ovos e frangos.

Ao mesmo tempo, os países emergentes capturaram 20 pontos percentuais do PIB dos países ricos nas duas últimas décadas. Trata-se de uma oportunidade extraordinária para o agro brasileiro, capaz de gerar grandes excedentes de commodities agroalimentares a preços competitivos. Mas o Brasil ainda está paralisado pela crise doméstica, sem saber direito aonde que ir. Este deveria ser um ano não só de mudanças domésticas mas também de definição da agenda de inserção internacional que almejamos.

2. "Rupturas tecnológicas: o passado não garante o futuro"

O Brasil conseguiu liderar o mundo no desenvolvimento de tecnologias agropecuárias adaptadas às regiões tropicais do planeta, que geraram fortes ganhos de produtividade. Mas isso não garante que continuaremos à frente do mundo no futuro.

Novos paradigmas tecnológicos se multiplicam em torno do agro, mudando produtos e processos e reorganizando organizações e instituições: tecnologias digitais e de precisão, biotecnologia, sensores, imagens de satélite, big data, robôs, drones, microirrigação, ambientes indoor, agricultura vertical, etc.

Um caso concreto é a chamada "uberização" da mecanização agrícola via provedores de serviços de cultivo e colheita. Ela explica, por exemplo, o incrível crescimento de 50% nas vendas de tratores nos últimos 12 meses na Índia. A nova revolução tecnológica da agricultura vem do setor privado e do mercado, e não do Estado, como no passado. E o Brasil não pode ficar deitado em berço esplêndido.

3. "A agropecuária é central, mas não é tudo"

Tão importante quanto produzir com eficiência no campo é processar, transportar, distribuir, abrir novos mercados no exterior, agregar marcas e criar reputação para produtos, empresas e o próprio país. Só que, infelizmente, temos perdido competitividade nos demais elos da cadeia produtiva e a nossa presença ainda é tímida e esporádica no exterior.

Novos temas envolvendo o agro de forma sistêmica ganham importância na agenda global. Só para citar alguns: a) saúde e nutrição; b) sanidade, qualidade e rastreabilidade; c) perdas e desperdícios de alimentos; d) uso de defensivos, transgênicos, hormônios, antibióticos e questões ligadas ao bem-estar dos animais.

No exterior, esses são temas tão ou mais importantes do que a questão do equilíbrio entre a produção agropecuária e o ambiente, assunto que hoje recebe enorme atenção no Brasil. Ocorre que nossa participação na discussão dessas matérias é errática e frequentemente superficial, o que alimenta a difusão de inverdades e falsas acusações.

É fundamental melhor organizar nossas cadeias produtivas de ponta a ponta, incluindo a coordenação público-privada, para ocupar uma posição protagônica no debate global.

(*) Marcos Sawaya Jank é especialista em questões globais do agronegócio

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CCAS

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1 comentário

  • J. D.Costa Pato Branco - PR

    ESSE ANO SERÁ DECISIVO para o país e determinará o que seremos no futuro: um país independente, que protege suas riquezas, que desenvolve sua economia, que resgata sua dívida social com políticas de distribuição de renda, que não se curva aos interesses estrangeiros e que combate a corrupção de forma republicana dentro da lei ou uma República de Bananas, vendida aos interesses externos, cuja economia vive à reboque das grandes potências, que não age para superar suas graves mazelas sociais e finge combater a corrupção perseguindo adversários políticos enquanto blinda os seus representantes.

    Este modelo excludente foi a tônica durante quase toda a história do Brasil, até 2002 e após o golpe. Como resultado temos o país mais desigual e um dos mais violentos do planeta, com níveis de pobreza e miséria de países africanos de PIB infinitamente menor. Modelo onde o Estado atua para beneficiar as camadas mais ricas da população, colocando em segundo plano programas sociais e de desenvolvimento do país. Este é o modelo defendido pela elite brasileira escravocrata e por partidos como PSDB, PMDB, DEM e do Centrão, que se utilizam da mídia concentrada para convencer a população que este é o único caminho para um futuro que nunca chega para a maioria.

    Já o primeiro modelo, social desenvolvimentista, foi visto de 2003 ao golpe e foi responsável por tirar milhões da miséria e da pobreza, através de políticas sociais e de distribuição de renda que deram oportunidade aos que nunca tiveram, que aumentaram a renda e ampliaram o mercado interno, movimentando a economia e fazendo o país crescer, além de ser respeitado no mundo. Neste modelo o país fez superávit por mais de uma década seguida, acumulou US$ 370 bilhões em reservas, passou a credor do FMI, reduziu sua dívida pública em relação ao PIB que cresceu quase 50% em 12 anos, beneficiando todas as classes sociais. Este é o modelo defendido pelo PT, PDT, PCdo B e outros partidos de cento- esquerda.

    A crise que vivemos não é resultado do fracasso desse modelo, como a mídia a serviço das elites faz parecer com seus especialistas e jornazistas pagos para enganar o povo. Erros foram cometidos mas a crise é decorrente de muitos outros fatores. Ela é resultado da crise mundial de 2008 que persiste até hoje, fruto de políticas neoliberais que estão ampliando desigualdades, que derrubou o preço dos produtos exportados pelo Brasil como petróleo, minério e soja além de derrubar a exportação da indústria aos outros países em crise. É resultado do endividamento das empresas e famílias, que se endividaram demais quando a economia estava crescendo, mas que foram prejudicadas quando o país começou a sentir os efeitos da crise mundial e desaceleração econômica. É resultado de desonerações bilionárias que o governo deu às empresas brasileiras que ao invés de investirem simplesmente aplicaram os recursos no mercado financeiro. É resultado da sabotagem que o país sofreu desde 2013, com manifestações orquestradas que derrubaram as expectativas econômicas quando o país crescia mais de 3% e o desemprego era baixo. É resultado da sabotagem também após as eleições quando o PMDB, PSDB, DEM e partidos do centrão paralisaram o Congresso e as reformas necessárias, além de piorar a situação com pautas bomba que aumentaram despesas, com o objetivo de tomar o poder, estancar a sangria e fazer reformas neoliberais como a trabalhista, congelamento de gastos por 20 anos e previdenciária. É resultado da falência do sistema político-empresarial, com a corrupção institucionalizada nos três poderes e no setor privado. É resultado também da Lava Jato que puniu grandes construtoras, paralisou obras e gerou desemprego enquanto soltou doleiros, diretores e corruptos ainda milionários pra cumprirem a pena em suas mansões, enquanto persegue Lula numa operação claramente tucana e partidária.

    Independente de quem sejam os candidatos do campo progressista ou do campo conservador, só há dois caminhos a escolher. É isso que está em jogo nas eleições, não o nome deste ou daquele candidato ou partido. E chegou a hora do brasileiro escolher de que lado está e o que ele quer para seu país e sua família no futuro: um sistema econômico neoliberal excludente e concentrador de renda que beneficia apenas uma pequena parte da população ou um modelo social desenvolvimentista que busca desenvolver o país para todos os brasileiros.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Veio fazer proselitismo politico no lugar errado, todos aqui sabem quem são os que querem entregar as riquezas do Brasil aos estrangeiros, a esquerda falsa e dissimulada. E em pouco tempo também ficarão sabendo do envolvimento das lideranças que dizem representar e não representam.

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    • Luiz Antonio Lorenzoni Campo Novo do Parecis - MT

      O Joaldro deve fazer muito sucesso na "esgotosfera", onde seus comentários devem receber muitas curtidas e compartilhamentos, afinal, ele segue fielmente ao script dirigido aos parasitas e sanguessugas das riquezas produzidas pelos produtores brasileiros...

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    • Rafael Antonio Tauffer Passo Fundo - RS

      Esta chegando a hora, sim .. é dia 24... e dá pra ver o desespero da esquerda.

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    • lucas garcia Luís Eduardo Magalhães - BA

      Bom mesmo para esse indivíduo é morar na Venezuela, lá tudo isso que ele falou já foi implantado há alguns anos. Tá perdendo tempo...

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    • Nevile Miotto Seberi - RS

      Joaldro, vá consultar um psiquiatra, vc recebeu uma lavagem cerebral !!!!

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    • Ivo Neto Dantas Manhuaçu - MG

      Meu amigo Joaldro mais de 60% do povo brasileiro está do lado oposto a tudo que você comentou, cansamos de petistas, tucanos, democratas, cansamos de todos os políticos. Na verdade não existe sistema nenhum que funcionou melhor, sempre estivemos atrás, na verdade o Brasil iniciou um processo duro de recuperação econômica desde dos planos fracassados de Sarney e Collor de Melo, após 1994 começamos a inspirar um ajuste econômico, porém paralisado pelo grande golpe Petista que em esquema desviou trilhões das obras, das verbas e etc. O que nós esperamos é uma reforma na constituição que realmente descentralize o poder do estado e deixe nas mãos de profissionais capacitados e estado passe definitivamente a fiscalizar, que é seu papel. Se o estado reduzir a máquina pública, eliminar tributos, simplificar sistemas e abrir a porteira para os investidores estrangeiros que venham, afinal parte dos investidores brasileiros estão na berlinda porque 40% de suas receitas são pagas em tributos ao estado que por nós nada faz.... Então amigo estamos do lado do novo...

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