Café: Preços oferecidos afastam os produtores e o mercado físico segue lento e desmotivado

Publicado em 26/05/2017 19:48
O agravamento da crise política brasileira com a divulgação de delações que envolvem o presidente Michel Temer, praticamente paralisou as reformas que o congresso brasileiro vinha realizando e multiplicou as incertezas com o cenário econômico brasileiro. Toda essa insegurança se reflete no câmbio e nas decisões de cafeicultores e traders, turvando ainda mais o já complicado cenário do mercado de café. Na ICE Futures US em Nova Iorque os operadores acompanharam de perto as oscilações de nossa moeda e o inacreditável volume de informações e boatos que modificam o cenário político brasileiro várias vezes por dia, desorientando todo e qualquer observador. 

As chuvas fora de hora derrubaram muitos frutos maduros em nossos cafezais e atrasaram os trabalhos iniciais de colheita da nova safra 2017/2018. Já se cogita um cenário de menor volume de cafés finos, tanto CDs como naturais. O mercado físico brasileiro continua lento e desmotivado. As bases de preços praticadas pelos compradores afastam do mercado os produtores que ainda têm em seus armazéns lotes da safra 2016. Esta semana, até a quarta-feira, especuladores e fundos derrubaram as cotações em Nova Iorque. Ontem e hoje os contratos de café na ICE fecharam em alta, mas o balanço da semana foi negativo. Os contratos com vencimento em julho próximo acumularam baixa de 90 pontos.

Não bastasse o cenário negativo para os cafeicultores em pleno início dos trabalhos de colheita, quando crescem significativamente os gastos, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, resolveu dar uma entrevista para o site “GAZETA ON LINE”, dizendo que a indústria brasileira está livre para importar café - “Hoje a importação (de café) está liberada, não há nenhum empecilho para isso. No momento em que as indústrias requererem a importação, o governo vai ter que dar”. Nessa hora de dificuldades, essa foi a contribuição do ministro da Agricultura aos cafeicultores brasileiros. 

Se contrapondo a essa declaração, a CCJ - Comissão de Constituição e Justiça aprovou na última quarta-feira, dia 24, o relatório do senador Ronaldo Caiado favorável a suspensão da autorização do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para importação de café do Vietnã. O objetivo é proteger as lavouras nacionais dos riscos de contaminação por pragas já identificadas no referido país. "A queda momentânea na produção não justifica a importação de grãos que podem comprometer a produção brasileira. Lembro que o Brasil que é maior produtor e exportador de café do mundo”, disse Caiado. O parecer refere-se ao Projeto de Decreto Legislativo 31/2017 que suspende os efeitos da Instrução Normativa 7/2017. Agora, o texto segue para apreciação do plenário do Senado (fonte: CaféPoint). 

Até dia 25, os embarques de maio estavam em 1.440.285 sacas de café arábica, 11.864 sacas de café conilon, mais 109.986 sacas de café solúvel, totalizando 1.562.135 sacas embarcadas, contra 1.679.836 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 25, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 2.122.143 sacas, contra 2.067.725 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 19, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 26, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 90 pontos ou US$ 1,19 (R$ 3,87) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 19 a R$ 569,65 por saca, e hoje dia 26, a R$ 565,08 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 190 pontos.

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Fonte:
Escritório Carvalhaes

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