Café: Autorizar a importação sem profundo estudo prejudicará o produtor brasileiro
Para contribuir com o abastecimento de matéria-prima para o consumo interno brasileiro neste período de entressafra, a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento vai retomar os leilões para venda de café de seus estoques e prevê vender até 720 mil sacas em leilões quinzenais até o próximo mês de abril. O primeiro deles está marcado para a próxima quinta-feira, dia 26, e irá ofertar 94.991 sacas em municípios de Minas Gerais e São Paulo. Com a venda dessas 720 mil sacas os estoques públicos brasileiros de café terminarão. Estarão zerados pela primeira vez.
Em reunião no último dia 17 entre representantes dos cafeicultores, indústria e governo, a Conab informou que seu levantamento dos estoques privados de conilon chegou a 2,14 milhões de sacas. Esse número foi contestado pelos representantes da produção e a reunião terminou sem uma decisão sobre a eventual autorização para importação de café conilon reivindicada pelas indústrias de torrefação e solúvel.
Um levantamento independente conduzido pelo deputado Evair de Melo, e mostrado na reunião indicou que haveria 4, 461 milhões de sacas estocadas no Espírito Santo, sul da Bahia e Rondônia. Segundo ele, a Conab não visitou várias fazendas de pequeno porte do Espírito Santo. Assim, o estoque seria superior ao mostrado pela autarquia (Fonte: Valor Econômico).
Repetimos aqui nossa opinião, já expressa em nosso boletim número 2 do último dia 13: Autorizar a importação de café sem um profundo estudo comparativo entre os custos de produção no Brasil (fortemente afetado por rigorosas leis trabalhistas, ambientais e fiscais) e nos nossos principais concorrentes, prejudicará os cafeicultores brasileiros, desestimulando investimentos necessários para o aumento da produção em nosso país, sem a qual perderemos participação no mercado mundial. Precisamos estimular os cafeicultores brasileiros a aumentar nossa produção de arábica e conilon. O Brasil precisa caminhar rapidamente para safras médias de 60 milhões de sacas. Nossos cafeicultores precisam de preços justos para poder recuperar prejuízos de safras passadas e investir no aumento de produção.
O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que no último mês de dezembro foram embarcadas 3 068 978 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 6 % (181 014 sacas) menos que no mesmo mês de 2015 e 5 % (156 465 sacas) menos que no último mês de novembro. Foram 2 737 673 sacas de café arábica e 11 037 sacas de café conillon, totalizando 2 748 710 sacas de café verde, que somadas a 319.331 sacas de solúvel e 937 sacas de torrado, totalizaram 3 068 978 sacas de café embarcadas.
No ano de 2016 o Brasil embarcou 34 005 893 scs de café. Foram 8,14% menos que as 37 018 983 scs embarcadas em 2015.
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.256.140 em 31 de dezembro de 2016. Uma alta de 57.657 sacas em relação às 6.198.483 sacas existentes em 30 de novembro de 2016.
Até dia 19, os embarques de janeiro estavam em 846.700 sacas de café arábica, 13.436 sacas de café conilon, mais 57.235 sacas de café solúvel, totalizando 917.371 sacas embarcadas, contra 1.497.221 sacas no mesmo dia de dezembro. Até o mesmo dia 19, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em janeiro totalizavam 1.643.098 sacas, contra 2.309.905 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 20, subiu nos contratos para entrega em março próximo 390 pontos ou US$ 5,16 (R$ 16,40) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 13 a R$ 634,55 por saca, e hoje dia 20, a R$ 644,03 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 245 pontos.
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