Café: Mercado brasileiro calmo com os vendedores recusando negociar nos patamares oferecidos

Publicado em 09/05/2016 10:02

Enquanto redigimos este boletim, as agências de notícia informam que a comissão especial do Senado Federal aprovou a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e que na próxima quarta-feira, dia 11, o plenário da Casa vota parecer que deverá afastá-la por até 180 dias. Se aprovado, o vice – presidente Temer assume e teremos novo ministério e nova orientação para a economia ainda neste mês de maio. A grande probabilidade desse cenário se confirmar rapidamente está levando a uma melhora nas projeções para a economia brasileira. Analistas de mercado já consideram que se as expectativas se sustentarem o Brasil poderá voltar a crescer no próximo ano, superando dois anos seguidos de recessão. 

Terminou ontem o 21º Seminário Internacional de Café de Santos. Chamou a atenção o otimismo com o bom momento do consumo mundial de café, onde cresce o consumo de cafés especiais e o doméstico em cápsulas. O sucesso das máquinas de expresso caseiras modificou profundamente o consumo nos EUA, maior consumidor mundial, onde essas máquinas já são responsáveis por um terço das compras de café nos supermercados. O crescimento do consumo de café na Ásia anima as indústrias. Muitas estão se posicionando para atender esse crescimento. A ABIC projeta um crescimento de 2,5% para o consumo brasileiro em 2016. 

Os presentes ao encontro acreditam que a safra brasileira de arábica 2016 cresceu significativamente com as boas chuvas que tivemos no último verão, mas mostram bastante preocupação com a safra de conilon. A persistente seca no norte do Espírito Santo e sul da Bahia resultou em uma quebra significativa na produção dessas regiões. É provável que como um todo, a safra brasileira de café 2016 atenda com dificuldade nossas necessidades de café para exportação e consumo interno, mas não deveremos mais uma vez ter condições de acumular estoques no final do ano safra 2016/2017. 

Tivemos mais uma semana calma no mercado brasileiro de café. A provável troca de governo continuou pressionando a cotação do dólar frente ao real e a recuperação de 300 pontos nos contratos de café com vencimento em julho próximo na ICE em Nova Iorque não chegou a refletir no mercado. Os compradores mostram interesse nos lotes oferecidos, mas seguram o valor de suas ofertas. Os negócios são poucos porque a oferta de lotes da safra que se encerra é pequena e os vendedores recusam a maior parte das ofertas. Alguns exportadores já estão com uma atenção maior para os primeiros lotes da safra 2016. Os poucos que aparecem estão com alta porcentagem de verdes. 

Em nossa opinião, só teremos volume razoável de lotes 2016 a partir de meados do próximo mês e boa parte desses primeiros lotes deverão ser usados para cumprir contratos de venda física para entrega futura, fechados no semestre passado e no início deste ano a preços bem superiores aos praticados atualmente. Os mais finos serão muito disputados pelos compradores de café para o mercado “gourmet”. Os cafeicultores que tiverem fôlego para aguentar os primeiros meses do novo ano safra deverão obter preços melhores que os oferecidos atualmente pelos compradores. 

Até dia 5, os embarques de maio estavam em 177.241 sacas de café arábica, mais 30.135 sacas de café solúvel, totalizando 207.376 sacas embarcadas, contra 196.554 sacas no mesmo dia abril. Até o mesmo dia 5, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 392.616 sacas, contra 467.256 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 29, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 6, subiu nos contratos para entrega em julho próximo 300 pontos ou US$ 3,97 (R$ 13,90) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 29 a R$ 555,77 por saca, e hoje dia 6, a R$ 576,57 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 300 pontos. 

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Fonte:
Escritório Carvalhaes

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