Mercado do Café: Moeda e clima, direto de N. York por Rodrigo Costa

Publicado em 03/02/2019 10:24

O tom mais cauteloso do banco central americano, confirmando a pausa ao incremento de juros, mas mudando de estratégia da diminuição de seu balanço-patrimonial devolveu aos investidores o apetite ao risco, ajudando ações e commodities a fecharem o mês de janeiro como o melhor início de ano desde 2015 e 2003, respectivamente.

O mercado nomeia de FED-put (estar comprado em opção de venda) o comportamento do FOMC em responder ao nervosismo das oscilações negativas das bolsas, ou seja, a grosso modo: vamos comprar ações, pois quando houver perdas fortes, como em dezembro, a autoridade monetária freia o aperto programado. A entidade, entretanto, diz que os riscos estão na desaceleração da China, da Europa e mesmo dos Estados Unidos.

O índice do dólar despencou após o fim da reunião do comitê econômico americano, beneficiando inclusive as moedas emergentes, como o Real. O café em Nova Iorque respondeu rapidamente subindo na quinta-feira fortemente, para devolver metade dos ganhos no dia seguinte.

O vai e vem do arábica da ICE pega de surpresa os especuladores de curto-prazo, ainda que esteja se mantendo dentro do intervalo entre 98.55 e 106.95, entretanto traz oportunidades de fixações paulatinas das origens que precisam vender café.

Para os produtores brasileiros em nada adianta o contrato “C” apreciar junto com a moeda brasileira, pois não muda os preços praticados internamente, mas como mencionei recentemente, este é o principal fator para eventualmente alterar as cotações internacionais dentro do quadro atual – salvo o clima, claro.

As chuvas abaixo da média histórica no cinturão produtor do Brasil têm deixado os operadores preocupados, levantando duvidas sobre o quanto de fato possa ser perdido em um ano de ciclo mais baixo de produção.

Os prognósticos de institutos de meteorologia apontam para uma normalização das precipitações agora em fevereiro, mas como previsões estendidas são menos precisas, muitos aguardam para se posicionarem com mais segurança – para um lado, ou para o outro.

Os diferenciais para praticamente todas as origens se mantem firme, sinal positivo, mas insuficiente para empurrar a bolsa para cima.

Compradores de café ainda não digeriram pagar diferenciais mais apertados (nos casos dos naturais), ainda mais quando aparecem negócios para duas safras em níveis mais palatáveis – mesmo que não seja em volumes suntuosos.

Para quem precisa torrar café logo, foram reportados alguns negócios em praças que tem grãos disponíveis com preços mais descontados – muito em função da idade ou qualidade dos cafés.

As comemorações do ano-novo lunar tiram o Vietnã do mercado pelo menos por uns dez dias, um estimulo para uma tentativa do terminal em Londres tentar romper os US$ 1,600 por tonelada, e talvez dar carona ao arábica.

A equipe do CFTC voltou ao trabalho após a paralisação parcial do governo americano, divulgando sexta-feira o posicionamento dos traders, só que referente ao dia 24 de dezembro. O órgão diz que divulgará os relatórios faltantes duas vezes por semana, terças-feiras e sextas-feiras, até ficar up-to-date. Desta forma só no dia 8 de março teremos dados atuais, no caso referentes ao dia 5 do mesmo mês.

O monitoramento das chuvas e as oscilações do Real continuam sendo os dois fatores para observarmos e que eventualmente causarão uma modificação no intervalo dos preços.

Uma ótima semana e bons negócios a todos.  

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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Fonte:
Archer Consulting

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1 comentário

  • Marcos Vinícios contarini Cachoeiro de Itapemirim - ES

    Amigos ,as perdas do café connilon no Espírito Santo já ultrapassou os 70% há muito tempo.

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