Cana: Clima adverso faz Conab reduzir moagem da safra 21/22 do BR de 592 para 568,4 milhões de t
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Entrevista com Sergio De Zen - Diretor de Política Agrícola e Informações da Conab sobre a Safra de Cana-de-Açúcar
O período prolongado de seca, as geadas na metade do ano e os incêndios em lavouras de cana-de-açúcar provocaram uma redução na produção do Brasil na safra 2021/22. Na manhã desta terça-feira (23), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) atualizou seu levantamento com previsão de redução na moagem, de 592 milhões de toneladas no levantamento anterior, para 568,4 milhões de t.
Na safra 2020/21, a produção de cana ficou em 654,53 milhões de t em todo o país.
Em entrevista para o Notícias Agrícolas, Sergio De Zen, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, frisou que esses eventos climáticos são aleatórios e que não é possível obter um controle sobre eles. Isso abriu espaço para uma queda de produtividade nas lavouras, o que está afetando a oferta de etanol e açúcar neste ano, produtos que são derivados da cana-de-açúcar.
De Zen destacou que essa queda foi mais acentuada em relação aos anos anteriores, quando vinham sendo registrados aumentos constantes de produção. Além disso, segundo ele, existe uma tendência de perda de área da cana-de-açúcar provocada pela rentabilidade da rotação de cultura entre soja e milho.
“Tem áreas que você converte para outras atividades, seja por questões agronômicas ou econômicas. Nas econômicas, a gente vem de um período de rentabilidade de milho e soja e a dobradinha dessas culturas deixa a áreas mais rentáveis. Essa é talvez a principal explicação para a perda de área”, explicou De Zen. Por outro lado, trocar a cana por outra cultura é bastante difícil, pois é um produto perene, com muito investimento inicial de plantio, então o produtor não costuma simplesmente abandonar.
Mesmo diante desse cenários, a expectativa para a safra seguinte é positiva. Mesmo com um encolhimento de área, o clima tem sido mais favorável. Ainda que, assim como no ano anterior, tenha uma previsão de La Niña, desta vez o fenômeno deve ser mais brando e não provocará novamente um deficit hídrico tão proeminente. Portanto, o esperado é que a produtividade deva ser maior, compensando a diminuição de área plantada.
Outra questão importante citada é o fluxo de insumos. Mesmo que prejudicado internacionalmente por questões geopolíticos e de matriz energética, não há relatos de impactos de fornecimento para a próxima safra, mas sim uma majoração de preços. Para a safra atual, ele revela que os relatos são de que tudo está correndo normalmente. Os incidentes com falta de insumos podem ter influência na safra 22/23.
Por fim, o diretor afirmou que não descarta uma possível revisão dos números atuais, pois sempre podem haver imprevistos durante o processo produtivo, mas devem ser apenas em pequena escala, já que poucas unidades ainda estão com moagem em andamento.
Produção de etanol
Uma mudança que ocorreu na produção deste ano foi um aumento na preferência pelo álcool anidro em relação ao hidratado, mesmo que o total produzido ainda seja menor. A produção do anidro, utilizado na mistura com a gasolina, deve crescer 4% em relação à última temporada, alcançando 9,69 bilhões de litros. Quanto ao hidratado, o total a ser produzido deve reduzir 26%, totalizando 15,11 bilhões de litros.
O que tem apresentado grande aumento é a produção de etanol a partir de milho, que deve aumentar 14,9% em relação à safra passada, principalmente na região central do Brasil. De Zen explica que, principalmente em Mato Grosso, o milho safrinha começou a ter aumento de área, mas o custo de transporte era muito elevado, por isso havia a dificuldade de transporte.
Dessa maneira, os produtores buscaram uma alternativa: o etanol.
Isso não gerou apenas recursos, mas também o DDG, que é um alimento importante para os bovinos. Então, a indústria de etanol teve uma combinação com aumento de confinamento bovino em Mato Grosso, o que é bastante interessante para a região. Essa conjunção mantém o etanol de milho em um patamar competitivo. Por mais que a cana-de-açúcar consiga produzir mais etanol, é preciso observar outras questões regionais.
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