Açúcar deveria estar mais valorizado com ideias de quebra na safra, considera analista da Safras
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Entrevista com Maurício Muruci - Analista da Safras & Mercado sobre o Mercado do Açúcar e Etanol
DownloadO mercado do açúcar nas bolsas externas recuou nesta semana acompanhando preocupações relacionadas com a demanda global, além do início de safra antecipado no Centro-Sul do Brasil e outros fatores de ordem macro. No entanto, na visão de Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado, nos fundamentos, as ideias de uma quebra de safra no Brasil deveriam dar suporte para altas mais expressivas ao adoçante.
"Nós observamos no Centro-Sul uma realidade de safra com taxa de renovação acima da média histórica, 14% nos últimos anos, sobre média de cerca de 10%... Nós tivemos a última entressafra de cana com chuvas regulares desde novembro do ano passado até fim de janeiro e início de fevereiro. Essas chuvas beneficiam o desenvolvimento dos canaviais", disse o analista ao Notícias Agrícolas.
Números no mercado apontam a safra 2021/22 de cana com uma quebra ante a anterior diante de condições climáticas adversas nos últimos meses, porém, segundo o especialista, alguns períodos costumam ter menores volumes no Centro-Sul do país. Além disso, alguns produtores utilizam-se da irrigação. “As usinas do Centro-Sul são formadas por grandes grupos, alguns internacionais, e eles têm capital para investir em irrigação mecanizada”, diz Muruci.
O início de safra antecipado no Brasil já conta com diversas usinas moendo cana-de-açúcar, segundo Muruci. Já o mix nas três primeiras quinzenas do mês de abril é mais focado para a produção de etanol, mas isso não quer dizer que a safra será mais alcooleira do que açucareira. “Apesar do mix estar em 69% para o etanol, de modo geral, a safra será mais voltada para o açúcar”, destaca o analista de mercado.
Do lado da demanda, o mercado do açúcar nos terminais externos ainda acompanhou nesta semana as preocupações com uma possível terceira onda de coronavírus em países da Europa, o que poderia impactar o consumo das famílias. “Tem a terceira, tem o risco. A França, Alemanha e Itália já afirmaram que pretendem adotar medidas de lockdown, alguns países já tem adotado também, e isso bate na demanda”, pontua Muruci.
Para o etanol, a demanda caiu cerca de 30% no início de março nas distribuidoras do Centro-Sul do Brasil também acompanhando os isolamentos coronavírus, mas recuperou esse movimento ao longo do mês. “Um dos movimentos que explica essa alta é compra das distribuidoras que ficaram com estoques baixos, porque quando o preço estava caindo elas compraram pouco esperando que caísse cada vez mais. Isso é uma lógica de mercado”, explica Muruci.
O analista pontua, porém, que a demanda por etanol já estava mais baixa desde antes do ápice da pandemia no Brasil, em abril do ano passado.
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