Preços do açúcar recuam no mercado internacional e podem interferir no mix de produção do Brasil
O analista de mercado João Paulo Botelho, da FC Stone, conversou com o Notícias Agrícolas para comentar o mercado sucroenergético, com destaque para as possibilidades de preços para o açúcar e o etanol e as atividades da safra no Centro-Sul.
Segundo Botelho, o início de safra tem sido misto. Algumas usinas estão na mesma situação da safra passada, mas, em geral, há reclamações por conta de canaviais envelhecidos e prejudicados por clima, o que prejudica a produtividade e o potencial da cana-de-açúcar.
Os preços do açúcar tiveram um movimento de queda inesperado nos últimos meses, Os preços caíram para 15 cents/lb em Nova York em decorrência das expectativas sobre a próxima safra, que pode apresentar recuperação na Índia, na Tailândia e na União Europeia - entretanto, esses são fatos ainda não confirmados, que dependem de clima para se apresentar.
O Centro-Sul do Brasil, por outro lado, responsável por grande parte das exportações mundiais de açúcar, pode "pensar duas vezes" se vai produzir o máximo de açúcar possível, o que ainda deve trazer uma movimentação para os preços.
O preço de equilíbrio, segundo Botelho, varia muito, de acordo com a localização da usina. Para não ter nenhuma dúvida, o Centro-Sul precisaria de um preço acima de 16,50 em Nova York.
A maioria das empresas ainda possuem flexibilidade para definir seu mix ao longo da safra, quando a produção vai sendo negociada. A média esperada antes da queda de preços era de um mix de 47,5% de açúcar, com aumento em relação ao ano passado.
O etanol hidratado ainda pode sofrer uma queda de preços caso a Petrobrás, que segue o preço internacional, acompanhe a queda do petróleo. Neste momento, ele está sendo negociado entre R$1,80 e R$1,90 o litro, o que remunera as usinas, mas ainda fornece uma margem de lucro menor do que a do açúcar.
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