Prêmios da soja têm espaço para novas quedas e atenções agora têm de estar também sobre clima nos EUA
O principal ponto de atenção - e porque não dizer de preocupação - para o mercado brasileiro da soja continua sendo os prêmios. Os indicativos seguem recuando, renovando suas mínimas e já caem também no destino. O movimento segue refletindo a safra recorde que está terminando de ser colhida no Brasil - de pelo menos 150 milhões de toneladas, segundo consultorias privadas, o USDA e a Conab - que se choca com a infraestrutura logística insuficiente no país.
"Não estamos conseguindo colocar o grão (de soja) no momento em que o mercado quer comprar e está havendo essa penalização", explica o analista do complexo soja da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin. "E o milho está indo no mesmo caminho. O produtor tem que estar ciente de que o prêmio reflete a nossa realidade, com uma produção cheia e a capacidade de escoamento é a mesma".
Vanin relata que os embarques brasileiros estão atrasados em cerca de um mês, com volumes consideráveis de milho chegando aos portos brasileiros para também serem escoados. Assim, mesmo em um momento de retomada e valorização destes prêmios, o movimento tende a ser mais contido nesta temporada, o que vai exigir um planejamento comercial pelo produtor nacional ainda mais detalhado.
"Como houve um atraso, o que foi vendido para a China vai ser embarcado, mas não vai receber no tempo em que se esperava. Então, o esmagamento que a China teria em janeiro, fevereiro, não houve. Esse esmagamento não volta mais e por isso o USDA, pela terceira vez consecutiva, cortou sua estimativa de esmagamento na China. Em dezembro eram 96 milhões e já está em 91 milhões (...) De fevereiro para cá o esmagamento na China poderia ter sido três milhões de toneladas maior", afirma o especialista.
Para que novas compras ocorram de forma mais agressiva pela nação asiática, porém, as margens de esmagamento no país teriam de melhorar e a demanda também teria de estar mais pujante, o que não está acontecendo agora em nenhuma das duas frentes. "As fábricas da China estão comprando da mão para boca", como explica Vanin, também compreendendo que a soja brasileira seguirá chegando, melhorando a oferta de farelo, devendo garantir preços mais atrativos nos próximos meses.
FARELO DE SOJA
No caso do farelo de soja, o cenário é diferente, a oferta do derivado é bastante apertada e o papel do Brasil neste mercado será determinante nesta temporada. "O farelo é um problema que só vai se resolver com uma nova safra normal da Argentina e isso vai ser só lá perto de abril do ano que vem. Ou seja, temos 12 meses de secura total de farelo", afirma o analista. "As fábricas na Argentina estão sem fome porque as margens estão ruins", completa.
Com soja importada do Paraguai ou do Mato Grosso do Sul, as margens nas processadoras argentinas ficam de US$ 10 a US$ 20/tonelada negativas, ambiente que limita muito os negócios e as importações por parte da nação sul-americana, portanto.
O ritmo da comercialização da soja na Argentina deverá depender não só dessa condição das processadoras, mas também da nova rodada do 'dólar soja' e da condição destes grãos, que estão bastante avariados agora, podendo levar o produtor a segurar suas vendas para fazer um blend com soja melhor da nova safra e ter descontos menores do que os poderiam acontecer agora, algo semelhante ao que houve no Mato Grosso entre as das últimas safras.
Segundo o analista da Agrinvest, as exportações argentinas de farelo deverão ser de menos de 20 milhões de toneladas e, no Brasil, "as empresas exportadoras de farelo vão dar preferência às exportações por uma questão de crédito", e o número estimado é de 22 milhões de toneladas para as vendas externas do Brasil para o derivado.
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