Soja tem alta em Chicago, mas realidade brasileira é diferente com câmbio e prêmios neutralizando ganhos
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Soja inicia semana com alta em Chicago, mas descolada da realidade brasileira que ainda tem câmbio e prêmios neutralizando variações positivas nos preços
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Soja inicia semana com alta em Chicago, mas descolada da realidade brasileira que ainda tem câmbio e prêmios neutralizando variações positivas nos preços
O mercado da soja fechou o pregão desta segunda-feira (3) com altas de 15,25 a 19,50 pontos nos principais vencimentos, levando o maio a US$ 15,22 e o agosto a US$ 14,40 por bushel. No Brasil, porém, os efeitos não foram sentidos, uma vez que o dólar voltou a cair e os prêmios também, como explicou o analista do complexo soja da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin
O mercado brasileiro continua sendo pressionado por dois dos três fatores que formam os preços, sendo o prêmio e o dólar.
"O prêmio maio, para mim, bateu no fundo", afirma o analista, diante de uma melhora da execução dos trabalhos nos portos do Brasil. "E o único lugar que tem soja hoje em dia é o Brasil", diz. No entanto, voltar a subir neste momento é difícil, mas parar de cair já auxilia e dá melhores chances de comercialização ao produtor brasileiro, mesmo que seja em janelas mais estreitas de oportunidade.
BOLSA DE CHICAGO
As altas deste início de semana se deram ainda refletindo parte dos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe na última sexta-feira (31), em especial o dos estoques trimestrais americanos, que vieram abaixo da média das expectativas do mercado.
"Os estoques por lá são baixos e 45% desses estoques estão na mão do produtor americano, no ano passado eram 38%, o que quer dizer que o produtor vendeu menos e que a indústria americana comprou menos, está menos coberta", explica Vanin. "E eles estão agora entrando na entressafra e o comportamento dos basis americano deverá ser de uma tendência de valorização".
E este quadro deverá ser refletido, principalmente, nos contratos mais próximos, em especial o maio e o julho. Na sequência, os mais longos, irão se comportar de acordo com as informações que começam a chegar da safra 2023/24 dos Estados Unidos e como o clima no Meio-Oeste americano deverá se comportar.
Ainda na análise de Vanin, o produtor brasileiro deverá estar atento às oportunidades que o clima nos EUA pode trazer, inclusive podendo resultar em uma área menor nos EUA caso as condições não forem as mais favoráveis.
ARGENTINA
O analista explicou ainda que os produtores argentinos deverão aproveitar esta nova rodada de dólar diferenciado do setor para vender cerca de cinco milhões de toneladas da oleaginosa disponível ainda da safra velha, "o que pode acelerar o esmagamento argentino que veio muito fraco em janeiro, fevereiro e março, muito abaixo dos outros anos. E somado a importação de soja do Paraguai e do Mato Grosso do Sul, garantindo, pelo menos, dois meses de esmagamento", justificando essa queda considerável nos prêmios do óleo de soja.
O cenário, todavia, não muda a perspectiva preocupante que a indústria processadora de soja argentina tem a frente, com uma safra argentina menor do que 30 milhões de toneladas, podendo ficar abaixo de 25 milhões - o que agrava sua falta de matéria-prima - além de uma qualidade muito baixa do que há disponível. A soja de baixa qualidade deverá resultar em derivados também aquém dos padrões pedidos pelos consumidores, o que exigirá da indústria de derivados uma busca por garantir o que puderem de melhor para atender seus mercados.
Para Vanin, a Argentina deverá importar cerca de 10 milhões de toneladas - somando compras feitas no Brasil, Uruguai e Paraguai - esbarrando em inúmeras dificuldades logísticas. "Não podemos achar que a Argentina vai comprar muita, muita soja. Eu sou otimista e acredito em 10 milhões. O consenso do mercado é algo entre 7 e 8 milhões", diz em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (3).
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