Soja perde suporte dos US$12/bushel com pressão da oferta nos EUA e no Brasil. Mas complicações com Argentina podem reverter cenário
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Entrevista com Victor Martins - HEDGEpoint Global Markets sobre o Fechamento de Mercado da Soja
Os preços futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a sessão desta sexta-feira (05) com perdas de mais de 15 pontos nos principais contratos com o mercado acompanhando, principalmente, os fundamentos. Safra norte-americana com produtividades acima do esperado, além de plantio que avança bem no Brasil.
Nesse cenário, o vencimento novembro da oleaginosa encerrou o dia cotado a US$ 11,92 por bushel com perda de 17 pontos, tendo máxima de US$ 12,11 e mínima de US$ 11,91 por bushel. Já o contrato mais distante, o maio/22, registrou US$ 12,28 por bushel com baixa de 16,4 pontos. Essa é a terceira sessão seguida no vermelho para os futuros.
“Nós temos uma bateria de dados que mostram uma supersafra aqui na América do Sul, em termos de área plantada e de velocidade. Temos regiões que nunca tinham soja plantada tão cedo e que já estimam que tenhamos soja aqui no Brasil para dezembro, ainda neste ano, mas ainda a depender do clima”, explica Victor Martins, Hedge Point Global Markets.
Além das expectativas para a safra nova do Brasil, a colheita norte-americana está em conclusão com índices de produtividade acima do esperado, segundo dados do USDA, mas os investidores também acompanham a concorrência apertada entre Brasil e Estados Unidos pela demanda chinesa que se estabeleceu nas últimas semanas.
“A China está se alongando, tanto para embarque curto quanto longo, com originação da soja brasileira. Isso fez tirar a demanda de Chicago, sobretudo em um momento onde os Estados Unidos precisam estar embarcando”, destacou o analista de mercado ao Notícias Agrícolas. Apesar desse cenário, o analista vê que a demanda chinesa deve seguir aquecida.
Já quando se olha o mercado no médio e longo prazo, segundo Martins, ainda há muitas incertezas no mercado com a safra da Argentina, o que poderia voltar a fazer os preços se movimentarem, assim como as oscilações dos derivados da oleaginosa, como o farelo e o óleo de soja.
“A Argentina vai ser o fiel da balança na precificação da soja no Brasil quanto em Chicago... O país é o maior exportador de farelo e óleo de soja do mundo, apesar de não ser um grande consumidor. E ela ainda tem algumas peculiaridades que não estão precificadas nos fundos com riscos que advém da oferta, já que há chances de La Niña”, segundo Martins.
Nesse cenário, a perspectiva é de que a nova safra
No financeiro, os preços do petróleo avançaram cerca de 3% nesta sexta-feira. Já o dólar index registrou leve baixa nesta reta final da semana.
MERCADO INTERNO
O mercado físico da soja finalizou a semana com balanço positivo, apesar das quedas na CBOT.
“Com a disparada do dólar, houve um momento de fixação por parte dos produtores que vinham represando, de acordo com estimativas nossas, de 7 a 8 milhões de toneladas sobretudo aqui no Sul, e isso fez com que além de teto para o prêmio nos portos derretesse os prêmios”, disse Martins.
Em Não-Me-Toque (RS), o dia foi de queda de 1,26% para a soja com a saca a R$ 157,00. Em Palma Sola (SC), a saca ficou cotada a R$ 157,00 com baixa de 0,63% e, em São Gabriel do Oeste (MS) recuou 3,29%, a R$ 147,00. Já Ponta Grossa (PR), registrou baixa de 1,23% com a saca a R$ 161,00.
Nos portos, os indicativos seguem próximos de R$ 170,00 por saca no disponível e cerca de R$ 160,00 para 2022.
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