Soja brasileira é mais competitiva que a americana até para o mês de outubro, o que pode aumentar a disputa e sustentar preços do grão no 2º semestre
Podcast
Entrevista com Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest sobre o Fechamento de Mercado da Soja
DownloadRefletindo uma combinação de preocupações com o clima nos EUA e no Canadá, o mercado da soja na Bolsa de Chicago fechou o pregão desta terça-feira com altas de mais de 30 pontos nos principais vencimentos. O agostou terminou o dia com US$ 14,53 e o novembro, com US$ 13,83 por bushel. Apesar do recuo forte do dólar, os preços subiram no interior do Brasil acompanhando as altas fortes da CBOT.
Regiões importantes do Corn Belt, como as Dakotas e Minnesota, além de outras áreas do extremo noroeste dos Estados Unidos, sofrem com temperaturas elevadas e falta de chuvas. E como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, estes são pontos do cinturão onde mais se ampliou a área de cultivo de grãos no país.
Tais condições agora comprometem bastante o trigo de primavera - que já teve sua produtividade revisada para baixo no último boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) - o milho, "mas não deixa de ser preocupante também para soja", diz Vanin, em entrevista ao Notícias Agrícolas. E assim, o mercado em Chicago pode seguir neste rally de alta enquanto as condições e previsões seguirem desfavoráveis.
De outro lado, o analista chama ainda a atenção da relação dos preços das commodities com o movimento do dólar. Apesar de pontuais baixas, a valorização da moeda americana poderia continuar diante do atual quadro inflacionário nos EUA e com esse avanço se confirmando poderia haver certa pressão sobre os preços das commodities. "Temos que estar atentos a essa virada e ela pode acontecer este ano ainda", acredita o analista.
DEMANDA - BRASIL X EUA
No front da demanda, a China ainda está tímida no mercado, não tem se feito muito presente, uma vez que as margens estão bastante ruins, se mostram ainda negativas. E as poucas compras que têm sido feitas pela nação asiática se concentram no Brasil, uma vez que a oleaginosa por aqui se mostra mais competitiva até outubro.
Tradicionalmente, a soja do Brasil se mostra mais atrativa aos importadores até agosto, quando aos poucos a oferta americana começa a ser aguardada e se torna mais barata ao chegar ao mercado. Neste ano, porém, há essa diferença, o que também pode limitar a subida das cotações na CBOT, "quando a demanda passar a ser a orientação dos preços", explica Vanin., "Por enquanto, o que pesa mais é o clima".
DEMANDAS INTERNA E EXTERNA DISPUTANDO NO BRASIL
Do mesmo modo, essa demanda alongada da China no Brasil pode acirrar a disputa com a demanda interna, que recebeu a notícia nesta semana de que a mistura obrigatória do biodiesel em 12% para o 81º Leilão e que pode se estender pelos próximos meses. A volta do B12 poderia ajudar em uma continuidade das altas do preço da soja no mercado nacional, uma vez que não há grandes volumes ainda a serem comercializados da safra 2020/21.
E este cenário tende a promover uma valorização dos prêmios no Brasil. "E são os prêmios que vão nos mostrar se há volume de soja suficiente para atender estas duas demandas", explica Vanin. "O diferencial do preço vai vir da disputa pelo grão".
0 comentário
Soja volta a perder os US$ 10 em Chicago com foco no potencial de safra da América do Sul
USDA informa nova venda de soja - para China e demaisa destinos - e farelo nesta 5ª feira
Bunge alcança monitoramento de 100% da cadeia indireta de soja em áreas prioritárias no Brasil
Soja volta a subir na Bolsa de Chicago nesta 5ª feira, se ajustando após queda da sessão anterior
Complexo Soja: Óleo despenca mais de 3% na Bolsa de Chicago nesta 4ª e pesa sobre preços do grão
Óleo intensifica perdas em Chicago, cai quase 3% e soja vai na esteira da baixa nesta 4ª feira