Soja barata atrai compradores em Chicago, reverte parte das perdas, mas fica distante das máximas
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Entrevista com Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting sobre o Fechamento de Mercado da Soja
DownloadA semana que foi marcada pela maior baixa diária dos futuros da soja na Bolsa de Chicago termina com uma correção técnica no pregão desta sexta-feira (18) e altas que variaram entre 60 e 66,25 pontos entre as posições mais negociadas. Ainda assim, no balanço semanal, em relação à última sexta (11), as baixas acumuladas são expressivas, registrando 7,43% para o contrato julho/21, que caiu de US$ 15,08 para US$ 13,96 e 8,69% para o novembro/21, recuando de US$ 14,38 para US$ 13,13 por bushel. Desde o início de junho, as baixas são de 9,82% e 6,01%, respectivamente.
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"O mercado caiu muito e não tinha como se sustentar naqueles patamares, a soja ficou muito barata", explicou Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. "Os importadores vieram agressivamente ao mercado, até porque a safra americana ainda está indefinida e qualquer problema significa menos soja para ser exportada".
Nesta sexta, o mercado recebeu diversas notícias de que novas compras da China teriam sido feitas no mercado norte-americano diante dos valores mais baixos e agências internacionais confirmaram oito navios comprados de soja americana pelos chineses.
Ainda como explica Brandalizze, essas compras podem ser confirmadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) na próxima semana, com anúncios diários de vendas ou até mesmo em seu novo boletim semanal de vendas para exportação, o qual chega todas as quintas-feiras.
Ainda de acordo com o consultor, com as perdas de patamares importantes de suporte para as cotações, como os US$ 15,00 e os US$ 14,00 por bushel, o mercado agora deverá atuar em um intervalo de US$ 12,50 e US$ 14,00. As posições mais curtas tentam se sustentar acima dos US$ 13,50, mas "será uma janela mais elástica", diz.
E os US$ 14/bushel são referência importante diante dos elevados prêmios que ainda são praticados para a soja nos Estados Unidos, na casa de US$ 0,70 a US$ 0,80 sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago. "Com a soja em US$ 13,80 em Chicago e mais o prêmio de 70 cents a soja vai a US$ 14,50, que é viável para o esmagamento na China e dá margem de lucro", afirma.
E apesar desse novo intervalo em que acredita Brandalizze, ele explica ainda que neste momento o mercado não tem uma direção claramente definida. "O mercado já recuperou (nesta sexta) o que precisava e no próximo pregão pode liquidar novamente. Agora ele vai flutuar, vai ficar nesse 'efeito serrote' até que haja um novo fator", explica o analista. "O fechamento tecnicamente é positivo, mas graficamente o mercado não nos mostra que vai continuar pra cima", complementa.
CLIMA NOS EUA
E boa parte da direção a ser definida pelo mercado deverá ser dar diante das informações sobre o clima nos Estados Unidos. O plantio está concluído no país e agora os traders monitoram em que cenário climático a nova safra norte-americana irá se desenvolver.
As condições esperadas para o final de junho e início de julho, de acordo com o modelo americano, são ligeiramente melhores do que o observado agora, mas ainda não suficientemente boas para aliviar a situação vivida por estados mais a oeste dos EUA por conta da seca.
Os mapas abaixo, do NOAA, o serviço oficial de clima do governo americano, mostram as condições de temperaturas abaixo da média para o período do ano, entre 23 e 27 de junho.
Para as chuvas, a concentração segue com volumes melhores sendo esperados para as regiões mais a leste dos Estados Unidos, enquanto a costa oeste ainda deve sofrer com a seca.
Durante a semana, o mercado de grãos em Chicago se mostrou bastante volátil diante da divergência entre os modelos climáticos. Relembre:
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MERCADO BRASILEIRO
Com toda essa movimentação e mais a baixa do dólar, os preços da soja no mercado brasileiro chegaram a cair até R$ 25,00 por saca em algumas regiões. Nos portos, as referências também baixaram de forma substancial.
"Os vendedores deixaram passar o momento, quando a saca estava a R$ 190,00, em março, nos portos. E então os preços foram se acomodando em patamares menores", relata Vlamir Brandalizze.
Em Cascavel, no Paraná, o preço caiu 9,87% na semana, passando de R$ 152,00 para R$ 137,00, enquanto em São Gabriel do Oeste, em Mato Grosso do Sul, a baixa foi de 11,11%, levando o indicativo de R$ 153,00 para R$ 136,00, e em Rondonópolis, Mato Grosso, a queda foi de 10,13%, com a saca caindo de R$ 158,00 para R$ 142,00.
Assim, para o consultor, "quem não vendeu até agora, pode aguardar", porque alguns momentos melhores podem aparecer, principalmente no segundo semestre. A demanda interna poderá ser melhor, a entressafra pode ser um pouco mais longa e em determinado momento as cotações poderiam se descolar de Chicago e o mercado brasileiro pagar melhor do que a exportação.
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