Relatório do USDA fica em segundo plano e prevalecem os impactos do clima nas lavouras americanas de soja e milho
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Entrevista com Flávio França Jr. - Chefe do Setor de Grãos da Datagro Consultoria sobre o Fechamento de Mercado da Soja
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A reação dos mercados de soja e milho aos novos números divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgados nesta sexta-feira (10) foi bastante intensa na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa recuaram mais de 1%, enquanto os do cereal cederam mais de 3%.
Para Flávio França Junior, chefe do setor de grãos da DATAGRO, "só pelos números a reação do mercado foi um pouco confusa e pode ter havido um pouco de frustração". E o executivo completa dizendo que, só pelos números, o reporte seria essencialmente baixista para a soja e altista para o milho.
O contrato julho terminou o dia com US$ 8,95, enquanto o novembro voltou para os US$ 8,90 por bushel, depois de superar os US$ 9,00 ao longa semana. Com as perdas desta sexta, o mercado em Chicago volta ao 'zero a zero', ainda segundo França, e assume, novamente, uma tendência mais lateral.
"O mercado já vinha com um movimento de alta, registrando suporte na semana e precificando algumas informações de clima nos EUA", explica o analista de mercado. "E além disso, as informações de clima para os EUA estão controversas neste momento, o que também ajuda a tirar a direção do mercado", completa.
NÚMEROS DO USDA
A nova safra foi estimada 112,54 milhões de toneladas, contra 112,26 milhões do boletim de junho, enquanto a produtividade foi mantida em 55,81 sacas por hectare. A área plantada foi revisada para cima de 33,79 para 33,91 milhões de hectares, enquanto a colhida passou de 33,51 para 33,59 milhões de hectares.
Os estoques finais, dessa forma, subiram de 10,75 para 11,57 milhões de toneladas.
"E este é um relatório que só tem ajustes de área e não de produtividade. O USDA só pegou os dados de área divulgados em 30 de junho e ajeitou os números com a produtividade já conhecida. Em agosto vamos ver números mais diferentes, aí sim veremos uma reação mais coerente", acredita França.
Veja o relatório completo:
>> USDA estima produção de soja 2019/20 do BR em 126 mi de t e reduz safra nova dos EUA
CLIMA NOS EUA
Ao acompanhar o desenvolvimento da nova safra, o mercado internacional mantém total foco sobre o cenário climático dos EUA e, principalmente, na confirmação de boas chuvas esperadas para chegarem ao cinturão produtivo a partir do dia 20 de julho.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira, o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, mostrou uma convergência dos modelos europeu e americano sobre uma massa de ar quente sobre o Corn Belt entre 15 e 20 deste mês que poderia impedir a regularidade das chuvas em toda a região produtora.
Se confirmando, pode reduzir qualidade das lavouras de milho e soja nos EUA. A partir do dia 20, mapas voltam a divergir, com o modelo americano mostrando mais chuvas para o cinturão.
Entenda:
MERCADO NO BRASIL
No Brasil, o mercado permanece regionalizado e com melhor ritmo no interior do que nos portos do país. Há apenas, como explica França Junior, um residual ainda a ser comercializado da safra 2019/20, haja vistas que já são 91% comprometidos até este momento.
"Os vendedores estão de lado e os negócios ocorrem onde os compradores estão mais agressivos, mas é negócio a negócio, lote a lote. A demanda nos portos está mais lenta, esfriou um pouco nos últimos dias, os prêmios deram uma esfriada, e internamente a situação é melhor", afirma.
No interior, os preços também seguem acima da paridade de exportação e puxando ainda mais os negócios para a demanda interna.
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