Aprosoja MT é contra a divulgação de novos casos de ferrugem na soja
O jornalista João Batista Olivi, do Notícias Agrícolas, conversou com seu amigo de longa data, o presidente da Aprosoja-MT, Antônio Galvan, a respeito da ferrugem asiática na cultura da soja.
Para Galvan, há um certo terrorismo sendo feito em torno do tema, que ele acredita ser fruto da vontade de empresas que vendem produtos para tratar a respeito da enfermidade. Segundo o presidente, é dever de todo produtor rural ter o fungicida na fazenda e realizar os tratos para a doença anualmente. "É igual tomar vacina", ressalta.
O presidente visualiza que uma coisa é falar de prevenção, mas que a imprensa não deve criar pavor nos produtores a respeito do tema. Todas as lavouras plantadas, como ele afirma, estão sob o risco da doença, de forma que ela não pode ser esquecida em nenhuma hipótese.
"Em nenhuma atividade existe algo que se pode relaxar", salienta Galvan, que também lembra de outras doenças além da ferrugem que atingem a soja e são menos comunicadas.
Ele defende o calendário do vazio sanitário de 15 de julho a 15 de setembro para o estado, mas ressalta que um plantio em fevereiro também pode render bons resultados. O presidente ainda acredita que as sementes têm de vir com melhor qualidade no campo para todos.
Consórcio já registra 91 ocorrências de ferrugem pelo Brasil, aumento de mais de 405% com relação ao mesmo período do ano passado
Por Guilherme Dorigatti
O número de ocorrências de ferrugem asiática na safra 2018/19 segue aumentando por todo o Brasil. Segundo dados divulgados pelo Consórcio Antiferrugem, já são 91 ocorrências identificadas em lavouras comerciais por todo o país, com destaque para o estado do Paraná que lidera o ranking com 41. Em comparação ao mesmo período da safra 2017/18 os casos estão 405% maiores, já que até o dia 13 de dezembro de 2017 haviam sido registrados 18 casos pelo país.
“Com a nossa experiência de vários anos acompanhando coletores, o normal é a ferrugem chegar mais para o final do ano. Foi uma soma de fatores que levou ela chegar mais cedo esse ano, e foi a vez que ela chegou mais precoce. O produtor, de uma forma geral, relaxou com a questão do vazio sanitário e sobrou muita soja guaxa nas lavouras. Em outros anos houve geada e isso fez um vazio sanitário natural ou houve uma condição mais seca no período de entre safra que fez essa soja voluntaria morrer e não completar todo o seu ciclo. Foi o que aconteceu no passado quando que tivemos o mês de setembro praticamente sem chuvas associado com geadas, o que contribuiu para a ferrugem chegar mais tarde", diz o coordenador estadual de grãos da Emater/PR, Nelson Harger em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Outros pontos que contribuíram para o aumento dos casos foram o Paraguai plantar soja mais tarde, na mesma época que ocorreu o plantio no Paraná, que nesse ano teve o período de plantio maior. “Houve plantio bem cedo, principalmente no oeste, após 15 setembro com o término do vazio sanitário. E o período de plantio no Paraná se estendeu bastante esse ano. Essa soja plantada depois tem mais mais dificuldades e problemas com ferrugem que circula pelo ar. A soja já estava no campo para receber esses esporos em 15 de setembro”, conta Harger.
Segundo o sistema da instituição paranaense, o Alerta Ferrugem, dos 206 coletores instalados no estado, 57 já identificaram a presença dos esporos do fungo causador da doença.
Com esse cenário, o produtor dever intensificar a atenção e o monitoramento de sua lavoura para definir quando irá fazer a aplicação preventiva de fungicidas. “Se a ferrugem chegou perto da propriedade e a condição climática está favorável o produtor deve intensificar o monitoramento das plantas e, junto com a sua assistência técnica, tomar a decisão da entrada ou não de fungicidas”, aconselha o coordenador do Emater.
A atual condição climática da região com falta de chuvas está ajudando no controle das proliferações, mas com as previsões de retomada das chuvas na semana que vem, o produtor não pode parar de se preocupar. “Nesse mês as condições estão totalmente desfavoráveis para a ferrugem. Foram apenas 9 casos até o momento em dezembro. Com temperatura alta e umidade baixa o tempo de vida do esporo se reduz e ele morre sem condições de infectar. Com a retomada das chuvas na semana que vem a ferrugem deve voltar a incomodar na virada do ano e, ai sim, o agricultor precisa tomar mediadas de controle”, alerta Nelson.
As cidades onde a ferrugem foi identificada são, de acordo com o Consórcio Antiferrugem:
Mato Grosso do Sul – 8 ocorrências
Antônio João, Caarapó, Dourados, Laguna Carapã (2), Maracaja (2) e Sidrolândia.
Minas Gerais – 3 ocorrências
Conceição das Alagoas e Uberlândia (2).
Paraná – 41 ocorrências
Assis Chateaubriand, Braganey, Cafelândia (5), Campo Mourão, Cândido de Abreu, Cascavel, Corbélia (2), Coronel Vivida, Ipiranga, Jaguariaíva, Juranda, Londrina, Lupionópolis, Mangueirinha, Marechal Cândido Rondon, Mariópolis, Nova Cantu, Nova Santa Rita, Palotina, Peabiru, Piraí do Sul, Pitanga, Ponte Grossa, Quarto Centenário, Rancho Alegre do Oeste, Reserva, São João do Ivaí, São Pedro do Iguaçu, Teixeira Soares, Terra Roxa, Tibagi (2), Toledo (2), Ubiratã e Ventania.
Rio Grande do Sul – 25 ocorrências
Barra do Guarita, Campo Novo, Coronel Barros, Cruz Alta (2), Giruá (2), Iburá, Joia, Júlio de Castilhos, Liberato Salzano, Nonoai (3), Passo Fundo, Quinze de Novembro, Ronda Alta, Roque Gonzales, Santa Rosa, Santo Ângelo, Santo Augusto, Selbach, Tenente Portela e Tuparendi (2).
Santa Catarina – 7 ocorrências
Chapecó, Coronel Freitas, Ipuaçu, Irienópolis, Quilombo, São Domingos e Xenxerê.
São Paulo – 7 ocorrências
Artur Nogueira, Campinas, Itaberá, Itapetininga, Itapeva, São Miguel Arcanjo e Taquarivaí.
1 comentário
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Elton Szweryda Santos Paulinia - SP
Total terrorismo mesmo, fabricantes pagam a mídia e ela nao é boba, divulga..., a midia tá na dela, e, nessa crise, sem remorso nenhum. Sites especializados agradecem, é a safra deles!!! Mas todos os produtores já sabem o que fazer!!!
Esse cara aí da Emater é o mesmo que disse que, se não chover daqui 14 dias no Paraná, haverá alguma quebra pontual...
O CAF (Consorcio Anti Ferrugem) da EMBRAPA é só um balizador dos casos registrados, a decisão de aplicar ou não o fungicida cabe aos agricultores e consultores. As entidades tem o dever de se pronunciar, no entanto, ficar jogando pra torcida também não é a melhor saída.