Exportação de soja do Extremo Norte do país pode ser viabilizada via Guiana. BID atesta projeto para corredor de escoamento
Produtores, empresários e representantes de governo de Roraima participaram de uma comitiva para a cidade de Georgetown, capital da Guiana, para falar da viabilidade dos investimentos de pavimentação de uma estrada que liga o estado ao porto da capital, como forma de encontrar um caminho mais rápido para escoar a produção de soja.
A medida, que deve beneficiar também os produtores do Pará e do Mato Grosso, teve um estudo de viabilidade atestado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), solicitada pelo governo da Guiana, por meio de uma pesquisa elaborada por uma empresa alemã chamada HPC, subsidiária da administradora do Porto de Hamburgo, na Alemanha.
De acordo com o resultado apresentado, existe a possibilidade de a construção dessa estrada ter início dentro de três anos, "desde que tudo ocorra bem e que tenha investidores com capacidade de fazer essa estrada", como aponta Antonio Denarium, produtor rural e um dos coordenadores da caravana.
Denarium explica que o trecho a ser asfaltado é o que vai da divisa do estado com a Guiana até a cidade de Linden - trecho que representa cerca de 430km. O porto fica a 109km de Linden, segundo o produtor. O trajeto foi realizado pela comitiva em 15 caminhonetes, que passaram pelo cerrado da Guiana e também pela região amazônica do país.
Hoje, a matéria-prima e os produtos que entram e saem de Roraima, de tudo o que é produzido, vem e vai por Manaus (AM), o que aumenta bastante o custo da produção. Este ano, a colheita de soja do estado rendeu cerca de 70 mil toneladas. Para transportar a soja para Manaus, são necessárias 1,5 mil carretas com capacidade de 40 toneladas, o que exige um alto custo.
No porto de Georgetown, os navios possuem capacidade de embarque de até 8 mil toneladas. A estrada, por sua vez, também beneficiaria o desenvolvimento da própria Guiana - de 80% a 90% da população está localizada no Litoral. O asfaltamento, por sua vez, deve interiorizar a produção no país, onde todas as terras são públicas e o Governo realiza regime de concessão de uso do solo em até 50 anos.
A expectativa é de que Roraima planta de 40 a 50 mil hectares de soja para 2017 e de 5 a 10 mil hectares de milho. O calendário do plantio do estado, por estar acima da Linha do Equador, é igual ao dos Estados Unidos - a soja começa a ser plantada em maio e colhida em setembro, na entressafra do Brasil.
O porto trará a possibilidade de diminuir o custo de produção, pois 12 dias de transporte serão economizados. Por outro lado, também será possível importar fertilizante com custo de frete menor para chegar em Roraima.
O produtor lembra ainda que o negócio deve ser rentável para ambos os países e que as relações comerciais com o país são fortes. Ele diz que a Guiana já possui boas relações diplomáticas com o Brasil e que a avaliação de risco do país deve melhorar à medida em que a exploração de petróleo, um de seus principais investimentos, melhora.
A pavimentação da estrada e a implantação do porto serão importantes não só para Roraima, mas também para a Zona Franca de Manaus, que poderá importar e exportar pelo corredor do Norte.
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