Cenário de fundamentos é postivo para soja, mas mudança de patamar nos preços esbarra na volatilidade de mercado financeiro
Nesta quarta-feira (16), o mercado da soja teve um dia negativo na Bolsa de Chicago (CBOT). Na reta final dos negócios, os principais vencimentos apresentavam 4 a 5 pontos de queda, inciando uma tendência de que a oleaginosa se segura entre os patamares de US$9,80 a US$10 o bushel.
De acordo com o analista de mercado Mário Mariano, da Novo Rumo Corretora, o mercado apresenta um cenário "paradoxal": de um lado, uma demanda aquecida por soja para exportação e esmagamento. Por outro, o comportamento dos investidores após a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos elevou bastante as taxas de juros e mudou o cenário cambial de parceiros comerciais do país, como a China e o Brasil.
Ele aponta que a volatilidade deve persistir enquanto não houver uma definição sobre o que a transferência do governo irá implicar nas relações com os parceiros, sobretudo com a China, que, em dúvida, também gera uma resposta do mercado financeiro. Para o Brasil, por outro lado, esta situação poderia ser benéfica, uma vez que o país asiático poderia estabelecer mais relações comerciais na América do Sul caso haja uma instabilidade.
Para o produtor brasileiro, a soja se valoriza neste cenário. Hoje, segundo o analista, foram realizados negócios no Mato Grosso a R$67, níveis que, como ele aponta, "atendem imediatamente ao interesse do produtor brasileiro".
O cenário causado pelo câmbio, logo, gera realizações de preços bem maiores, que não estavam ocorrendo, com valorização chegando a 15% no período de entrega.
O analista diz que pode ser o momento de o produtor reavaliar a sua estratégia - vender e aproveitar o momento, embora a mudança, ainda paradoxal, impeça uma avaliação mais detalhada dos próximos rumos do mercado.
Milho
No mercado do milho brasileiro, a mudança de tendências é influenciada por conta da abertura de importações do cereal de outros países. Três grandes indústrias indicaram compra de 20 mil toneladas de milho, o que atingiu diretamente os vendedores e fez com que os preços caíssem.
O preço, que estava sendo cotado de R$29 a R$30 no médio-norte do Mato Grosso há 30 dias, hoje se encontra ao redor de R$28.
Mariano lembra que a necessidade do produtor se desfazer de seu estoque o colocou em um mercado para o qual ningúem estava preparado. Ao mesmo tempo, os importadores se mostraram presentes, pressionando o governo para que houvesse um outro produto mais competitivo.
No cenário atual, o milho brasileiro não é competitivo em relação aos produtos trazidos de países como Estados Unidos e Argentina.
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