Bolsonaro lembra que está na Constituição o direto de ir e vir, e trabalhar. Então, lockdown é crime

Publicado em 31/03/2021 16:26
Tempo & Dinheiro - Com João Batista Olivi

Bolsonaro repete crítica a medidas de restrição de circulação de prefeitos e governadores

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BRASÍLIA (Reuters) - Pouco depois da primeira reunião do recém-formado comitê de combate à Covid-19, em que seu próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu o distanciamento social, o presidente Jair Bolsonaro voltou a aparecer, sem máscara, para reclamar de medidas sanitárias impostas pelos Estados.

Bolsonaro não participou do pronunciamento feito depois da reunião do comitê pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e pelo ministro da Saúde. Em seguida, no entanto, desceu do gabinete presidencial com o ministro da Cidadania, João Roma, para anunciar o calendário de pagamento do auxílio emergencial.

Sem máscara ao discursar, Bolsonaro voltou a dizer que "ficar em casa não adianta", que o governo brasileiro não pode continuar mantendo o pagamento de vários auxílios e que o Brasil precisa "voltar a trabalhar".

"O governo sabe que não pode continuar por muito tempo com esses auxílios, que custam para toda a população e podem desequilibrar a nossa economia. O apelo que a gente faz aqui é que essa política de lockdown seja revista. Isso cabe na ponta da linha a governadores e prefeitos. Só assim podemos voltar à normalidade", disse Bolsonaro. "Não é ficando em casa que vamos solucionar esse problema", afirmou.

Pouco antes, o ministro da Saúde havia feito um apelo para que as pessoas evitassem aglomerações durante o feriado de Páscoa.

"Nós sabemos que nos grandes feriados há possibilidade de aglomerações desnecessárias. As pessoas devem observar o uso de máscaras. O uso de máscaras é importante, é fundamental. Devem guardar o distanciamento entre si para que essa doença não seja transmitida na velocidade que vem se transmitido", disse o ministro.

"Se fizermos essas ações de maneira efetiva, teremos melhores resultados. Medidas extremas nunca são bem vistas pela sociedade brasileira e têm dificuldade de adesão. Vamos, então, fazer cada um a nossa parte."

Bolsonaro voltou a comparar, de maneira equivocada, as medidas adotadas pelos Estados, de restrição de circulação, toque de recolher para e fechamento de comércio não essencial, com um estado de sítio.

"Nenhuma nação se sustenta muito tempo com esse tipo de política. E o que queremos realmente é voltar à normalidade o mais rápido possível", afirmou, fazendo ainda um apelo para que governadores e prefeitos revejam as determinações.

"Qualquer um pode contrair o vírus, qualquer um pode ter sua situação de saúde complicada. Mas a fome mata muito mais que o vírus", afirmou.

O presidente voltou a dizer que teme "problemas sociais gravíssimos" causados pelas medidas de restrição e, apesar de dizer que lamenta as mortes, focou quase toda sua fala em cobrar que o país volte à normalidade, apesar da epidemia estar hoje em seu pior momento e o Brasil vir registrando o maior número de mortes diárias devido à doença no mundo.

O Brasil registrou na terça-feira 3.780 mortes causada pelo coronavírus, mais um recorde em semanas consecutivas de números cada vez maiores. No total, 317.646 pessoas já morreram de Covid-19 no país em um ano de pandemia.

Neste momento grave, a vacinação segue lentamente no país, que enfrente ainda leitos de unidades de terapia lotados ou próximos da lotação em todas regiões.

Em Araraquara (SP), prefeito fecha até postos de combustível

Edinho Silva (PT) endureceu o isolamento, apesar de as internações por covid-19 aumentarem durante o lockdown (por Revista Oeste) 

Edinho foi ministro das Comunicações de Dilma Rousseff
Edinho foi ministro das Comunicações de Dilma Rousseff | Foto: Divulgação/Agência Brasil
 

Barreiras sanitárias, antecipação de feriados e circulação restrita de pessoas. São as medidas que passaram a vigorar em Araraquara (SP), na quarta-feira 30. As políticas do prefeito do município, Edinho Silva (PT), vão durar até o domingo 4. Segundo ele, trata-se de estratégias que vão frear o avanço do coronavírus. A partir de agora, moradores de outras localidades só poderão entrar na cidade se apresentarem teste negativo de covid-19. Além disso, será necessário justificar o motivo da visita ao município.

Conforme estabeleceu o mandatário petista, o comércio ficará fechado, o transporte coletivo não funcionará e os postos de combustíveis também não abrirão. Somente está permitida a circulação de pessoas e veículos que trabalhem em serviços considerados essenciais ou que estejam se deslocando para alguma dessas atividades. Reuniões com mais de cinco pessoas, em qualquer local, estão proibidas. Bares e restaurantes só poderão atender no sistema delivery. Drive-thru e retirada nos locais estão proibidos. A fiscalização também será intensificada.

Edinho ofereceu um bônus R$ 1.216 por mês a agentes que flagrarem irregularidades na cidade. Há uma tabela de pontuação para cada tipo de “fraude” encontrada por fiscais, guardas civis municipais e agentes de trânsito. Cada fiscalização feita soma 1 ponto e cada pessoa surpreendida sem máscara nas ruas vale 2 pontos, por exemplo. Se o servidor atingir em um mês 1.216 pontos, receberá R$ 1.216 a mais no salário. Em comparação com o lockdown inicial, agora supermercados e caixas eletrônicos funcionarão.

AUMENTA O NÚMERO DE PACIENTES INTERNADOS COM COVID-19

Em 21 de fevereiro, o prefeito Edinho Silva (PT) foi às redes sociais para informar a população de que a única solução para controlar o aumento crescente de pacientes em leitos de UTI em Araraquara (SP) era a instauração de mais um lockdown no município. Este, muito mais severo que os anteriores, fechou lojas e supermercados e impediu completamente a circulação de pessoas e veículos pela cidade. Passado um mês, o número de pacientes que precisam de leitos de UTI para se tratar da covid-19 aumentou 37% — eram 62 no dia em que a medida entrou em vigor. São 85, segundo o boletim do domingo 21 de março.

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Fonte:
Reuters/Revista Oeste

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