Renato Dias: Ernesto Araujo insinua que Kátia Abreu agiu em defesa dos interesses da China na questão do 5G

Publicado em 29/03/2021 16:15 e atualizado em 29/03/2021 17:27
Tempo & Dinheiro - Com João Batista Olivi

Mercado eleva projeção para inflação em 2021 pela 12ª vez, a 4,81%, mostra Focus

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SÃO PAULO (Reuters) - O mercado deu sequência ao aumento das expectativas de inflação no Brasil neste ano ao mesmo tempo em que voltou a piorar o cenário para a economia, de acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira.

O levantamento com uma centena de economistas mostrou que a alta do IPCA passou a ser calculada agora em 4,81% para 2021, acréscimo de 0,10 ponto percentual em relação à estimativa anterior, na 12ª semana seguida de aumento nas contas.

O centro da meta oficial para a inflação em 2021 é de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou menos.

Para 2022, o prognóstico para a inflação permaneceu em 3,51%, contra meta de 3,50%, também com margem de 1,5 ponto.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de crescimento para este ano caiu pela quarta vez, a 3,18%, de 3,22% na semana anterior. O cenário para o próximo ano também piorou, em 0,05 ponto, e os economistas agora esperam expansão de 2,34%.

A pesquisa semanal mostrou manutenção das expectativas para a taxa básica de juros Selic em 5,0% ao final deste ano e 6,0% ao final de 2022.

BC teria de subir juro a 6,5% ainda em 2021 para garantir meta de inflação de 2022, diz BNP Paribas

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SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central teria de subir a Selic para 6,50% ainda neste ano para garantir o cumprimento da meta de inflação em 2022, disse Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina do BNP Paribas, que calcula inflação fora da meta tanto neste ano quanto no próximo e vê o câmbio ainda pressionado no curto prazo.

"O BC vai ter de ponderar. Será que faz sentido você subir os juros de repente para 7%, 8% para garantir a inflação em 3,5% ou pelo menos aumentar a chance de chegar a esse 3,5% com um custo econômico muito grande?", disse Arruda.

O BNP estima uma pausa nas altas de juros mais para o fim do ano e retomada do processo de normalização monetária no primeiro semestre de 2022.

"Difícil determinar a direção por agora, mas acho que o risco é o BC não conseguir parar (de subir os juros)", disse. "Quando a gente fala de uma política monetária com uma inflação que segue surpreendendo é o risco de não poder parar. (...) Mas esse é um debate que vai ser definido mais para o segundo semestre (de 2021)", afirmou o executivo.

Arruda vê Selic de 5% em 2021 e de 6,5% em 2022, com inflação de 5% neste ano (com viés de alta) e de 4% no próximo. A meta de inflação é de 3,75% para este ano e de 3,50% para 2022.

A Selic está em 2,75%. O mercado estima que o juro será elevado para 5% em 2021, ano em que a inflação ficará em 4,81%, conforme a mais recente pesquisa Focus do BC. Ainda de acordo com a sondagem, a Selic irá para 6% em 2022, quando o IPCA será de 3,51%.

Arruda diz que não se deve contar que uma eventual e improvável valorização cambial no curto prazo ajude a amenizar a inflação. O dólar, aliás, seguirá pressionado pelos ruídos fiscais, em meio a pressões por mais gastos e à aproximação do período pré-eleitoral.

"O fundamento do real é para apreciação, mas estamos pouco otimistas de que isso deve acontecer no curto prazo", afirmou, vendo o câmbio "esticado" (dólar excessivamente valorizado). "As notícias de pressão e flexibilização fiscal vão continuar aparecendo. Por isso não vemos a convergência do câmbio."

Com juros, inflação e dólar altos, a economia vai crescer 2,5% em 2021, prevê o BNP, mostrando-se mais conservador que a média do mercado, que prevê expansão de 3,18%.

Orçamento desconectado aprofunda dificuldades fiscais do governo Bolsonaro (análise da Reuters)

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BRASÍLIA (Reuters) - Aprovada com um atraso de três meses que ameaçou prejudicar o pagamento de salários de servidores, a lei orçamentária trouxe nova leva de problemas econômicos e políticos para o governo Jair Bolsonaro, evidenciando as dificuldades do Executivo e do Legislativo em lidar com os desafios fiscais do país em meio à crise da pandemia.

Técnicos do governo e economistas afirmam que, tal como aprovado, o Orçamento é um caso clássico de "contabilidade criativa", com direito a reestimativa irreal de despesas, uma pedalada fiscal e parâmetros econômicos defasados, que vão demandar cortes draconianos para evitar o descumprimento das regras fiscais.

"O Orçamento ficou tão deformado que vai ser difícil você corrigir essas distorções por meio só de veto", diz Gil Castello Branco, diretor-executivo da ONG Contas Abertas, que faz o acompanhamento das contas públicas, acrescentando que a avaliação técnica sugere que o mais fácil seria o governo encaminhar uma nova proposta orçamentária ao Congresso.

Como ambas as alternativas são politicamente complicadas, uma vez que a versão do texto que saiu do Congresso teve apoio da base política de Bolsonaro, o economista diz que o governo deverá ser forçado a fazer um bloqueio "brutal" de despesas, e controlar a liberação de gastos na boca do caixa.

O projeto orçamentário aprovado pelo Congresso na última quinta-feira já trazia parâmetros defasados, que não foram atualizados pelo governo depois do encaminhamento da proposta, em agosto. Assim, as despesas da Previdência foram calculadas com base em um salário mínimo de 1.067 reais, enquanto o valor efetivo para o ano ficou em 1.100. Já a inflação considerada foi de 3,2% (IPCA), ante projeção atualizada de 4,4%.

Na votação em plenário, os congressistas agravaram os desajustes do projeto ao promover de última hora um remanejamento de 26,5 bilhões de reais em despesas, reduzindo recursos destinados a gastos obrigatórios do governo em favor de emendas parlamentares que beneficiam principalmente o Ministério do Desenvolvimento Regional.

A medida foi feita após uma reestimativa de despesas não referendada pelo Ministério da Economia, o qual, na contramão do movimento do Congresso, já havia apontado uma necessidade de contingenciamento de 17,5 bilhões de reais para garantir o cumprimento do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à variação da inflação.

A principal revisão do Congresso foi feita nas despesas da Previdência, reduzidas em 13,5 bilhões de reais. Desse montante, 4 bilhões de reais estão condicionadas à aprovação de uma legislação, ainda não apresentada pelo governo, que altere as regras do auxílio doença, passando a responsabilidade do pagamento do benefício às empresas, que seriam compensadas com crédito tributário.

O segundo maior corte, de 7,4 bilhões de reais, foi feito na projeção do gasto com abono salarial. Neste caso, a revisão reflete uma nova regra, aprovada na semana passada pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), que determina que o pagamento do benefício deve ser feito dentro do ano calendário de cada exercício. Até então, o abono era pago a partir do segundo semestre. Com a mudança, haverá redução das despesas no ano de 2021.

Para Castello Branco, a mudança na regra do abono, mesmo que respaldada pelo Codefat, pode configurar uma "pedalada fiscal" (adiamento artificial de despesas).

Já a revisão do funcionamento do auxílio doença, ainda que venha a ser aprovado, seria uma burla ao teto de gastos, tal como previsto no texto orçamentário. É que, para efeitos de cálculo do crescimento das despesas, o governo precisaria retirar os gastos com o auxílio dos anos anteriores na hora de calcular se o Orçamento está de acordo com a regra do teto, o que o projeto aprovado pelo Congresso não faz.

MANOBRAS

A indefinição orçamentária se dá em um cenário em que o governo enfrenta o desafio de promover novas medidas para enfrentar o impacto econômico e sanitário da pandemia com as contas públicas deterioradas.

Servidores do Ministério da Economia divulgaram no fim de semana uma rara nota pública apontando os problemas da lei orçamentária e criticando a subestimação de gastos obrigatórios e o que chamaram de "manobras contábeis".

"Como se não tivéssemos problemas suficientes para resolver na saúde, na educação, na garantia de renda e de condições dignas de vida para a população, vamos precisar discutir nos próximos meses como resolver os problemas criados pelas manobras que estão sendo feitas para contornar as regras fiscais aprovadas pelo próprio Congresso", disse a Associação dos Servidores da Carreira do Planejamento e Orçamento (Assecor), que assina o texto.

Os técnicos notam que a cobertura dos gastos obrigatórios subestimados no Orçamento vão demandar novos cortes das chamadas despesas discricionárias, que são aquelas voltadas ao funcionamento da máquina pública, como o pagamento de contas de luz e viagens, e também investimentos.

A Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado, calcula que esse corte chegará perto de 32 bilhões de reais. A estimativa do órgão técnico é que a lei orçamentária traz despesas discricionárias de 139,1 bilhões de reais, volume que levará as despesas totais do governo sujeitas à restrição do teto de gastos a superarem o limite imposto pela regra em 31,9 bilhões de reais.

"É possível afirmar que, para cumprir o teto de gastos e sob as premissas que a IFI considera mais prováveis para as despesas obrigatórias, o Orçamento terá de ser contingenciado no montante acima calculado ao longo do ano", disse a entidade.

O próximo relatório de avaliação de receitas e despesas ordinário do Ministério da Economia, que define o montante a ser contingenciado, será divulgado em maio, mas o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse, em meados deste mês, que pode haver um relatório extraordinário em abril.

Na ocasião, Waldery disse que o governo não trabalhava naquele momento com a possibilidade de alterar a meta de déficit primário para este ano, fixada em 247,1 bilhões de reais para o governo central.

Estoque total de crédito no Brasil cresce 0,7% em fevereiro, diz BC

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SÃO PAULO (Reuters) - O estoque total de crédito no Brasil cresceu 0,7% em fevereiro na comparação com janeiro, para 4,047 trilhões de reais, equivalente a 54,0% do Produto Interno Bruto, informou o Banco Central nesta quinta-feira.

A alta foi mais uma vez puxada pelo avanço no segmento do crédito livre, em que as taxas são pactuadas sem a interferência do governo, que cresceu 0,9% no mês, para 2,337 trilhões de reais. No crédito direcionado, o crescimento foi mais modesto, de 0,4%, para 1,710 trilhão de reais.

O crédito livre às empresas teve alta de 1,2% em fevereiro, com destaque para as modalidades de desconto de duplicatas e recebíveis, antecipação de faturas de cartão, aquisição de veículos, ACC e financiamento a exportações, segundo o BC.

A inadimplência no segmento de recursos livres permaneceu em 2,9% pelo terceiro mês seguido em fevereiro. Já o spread bancário no mesmo segmento foi a 22,9 pontos percentuais, de 23,5 pontos no mês anterior.

Em 12 meses, o crédito acumula alta de 16,1%, refletindo um crescimento de 22,9% do crédito às empresas e de 11,3% do crédito às pessoas físicas.

No ano passado, as concessões foram turbinadas por uma série de programas de estímulo ao crédito do governo no bojo das medidas de enfrentamento à crise da pandemia. Para 2021, o BC prevê uma desaceleração do crédito, com a expectativa de um crescimento de 8% no ano, em projeção que não contempla extensão ou criação de novos programas de crédito.

Forte atividade e lucros na indústria apoiam aço e minério de ferro na China

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PEQUIM (Reuters) - Os futuros do aço e do minério de ferro na China avançaram nesta segunda-feira, com o vergalhão de aço fechando em máximas recorde, à medida que margens de lucro atrativas na indústria e a demanda crescente nos setores de construção e manufaturados apoiaram os preços.

Os ganhos industriais na China saltaram 179% nos dois primeiros meses do ano quando na comparação anual, mostraram dados do Escritório Nacional de Estatísticas no sábado.

As margens no setor de manufaturados dispararam 219,5% em base anual, com os lucros de empresas de fundição e processamento de ferrosos subindo 271% no período janeiro/fevereiro, de acordo com o departamento de estatísticas.

A demanda aparente pelos cinco principais produtos siderúrgicos, incluindo vergalhão de aço e bobina laminada a quente, aumentou 5,6% na semana, mostraram dados da consultoria Mysteel.

O vergalhão de aço para construção na bolsa de Xangai mais ativo, para entrega em maio, fechou em alta de 2,6%, a 4.971 iuanes (758,11 dólares) por tonelada. Mais cedo, ele chegou a tocar uma máxima recorde de 5.017 iuanes por tonelada.

O contrato de referência do minério de ferro na bolsa de Dalian abriu com ganhos de mais de 3% e fechou em alta de 4,6%, a 1.123 iuanes por tonelada.

Petróleo sobe com previsão de produção estável da Opep+ e preocupações com Suez

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LONDRES (Reuters) - Os preços do petróleo subiam nesta segunda-feira por expectativas de que o grupo de produtores Opep+ possa manter sua produção estável em maio, com as cotações afetadas também por preocupações de que as operações do Canal de Suez poderiam levar semanas para voltar ao normal, mesmo com avanços em tentativas de liberar um navio encalhado por ali.

O petróleo Brent subia 0,81 dólar, ou 1,25%, a 65,38 dólares por barril, às 8:29 (horário de Brasília). O petróleo dos Estados Unidos avançava 0,69 dólar, ou 1,13%, a 61,66 dólares por barril.

Ambos os contratos chegaram a operar em queda de mais de 1 dólar por barril mais cedo na sessão.

Um grande navio de contêineres que tem bloqueado o Canal de Suez por quase uma semana foi parcialmente colocado para flutuar novamente, disse a Autoridades do Canal de Suez (SCA), o que levantou esperanças de que a via marítima possa em breve ser reaberta para a grande fila de navios que aguardam liberação.

Mas os impactos sobre a indústria global de navegação podem levar semanas e mesmo meses para serem apagados, disseram importantes empresas do setor.

"Mesmo que o Ever Given deixe o canal em poucos dias, alguns efeitos cascata remanescentes devem ser esperados nesse período", disse Louise Dickson, analista da Rystad Energy.

"Os carregamentos de petróleo podem ser afetados, bem como parte da demanda por petróleo, já que indústrias podem ter que fechar ou pausar a produção enquanto esperam que os produtos atrasados cheguem às fábricas", acrescentou ela.

Os preços do petróleo tiveram forte oscilação nos últimos dias, à medida que negociantes e investidores tentavam pesar o impacto do bloqueio em Suez e também os efeitos de "lockdowns" que visam conter infecções por coronavírus.

E essa volatilidade do mercado deve continuar, disse Jeffrey Halley, analista de mercado sênior da OANDA.

Por outro lado, o mercado tem recebido algum apoio de expectativas de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, incluindo a Rússia, conhecidos em conjunto como Opep+, manterão níveis mais baixos de produção quando se reunirem nesta semana.

A Rússia deve apoiar uma produção em geral estável da Opep+ em maio, embora buscando um relativamente pequeno aumento de produção para si devido a uma demanda sazonal em alta, disse uma fonte próxima da estratégia dos russos nesta segunda-feira.

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Elvio Zanini Sinop - MT

    O que está na hora de os eleitores e ou cidadãos brasileiros de não mais votar sempre nos mesmos; principalmente no Senado e Camara, para corrigir os erros do passado e presente, assim deixaremos de ficar eternamente submissos, por isso a nossa perseverança...

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